“Cinema em Outras Cores” sugere outro olhar cinematográfico

por
André Luiz Cavanha

14 de Novembro de 2014
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Tempo 🕐 3 min

Foi ao ar nessa quinta-feira (13/11) o primeiro episódio do programa “Cinema em Outras Cores” do Canal Brasil e a alegria que tive ao assistir torna impossível deixar que passe desapercebido. Por isso escrevo algumas observações aqui no blog do Café, com objetivo de expressar a relevância da estreia.

Quem apresenta é ninguém menos que o deputado Jean Wyllys, notável parlamentar conhecido por seu histórico na defesa de movimentos LGBT, negros e de mulheres. Seu campo de atuação é voltado especialmente à preservação das liberdades civis, em temas que de vez em quando dão as caras nas produções cinematográficas. Embora nem sempre com o devido respeito.

Exaltada a diversidade por meio das cores, desde a decoração do estúdio até a linguagem proposta pelo apresentador, a sensação é a de que ali existe espaço para tratar de costumes irracionalmente considerados tabus pelos setores mais conservadores da sociedade. A estética inspira leveza e descontração, livre da intolerância e sugerindo outro olhar sobre a expressão da sétima arte.

cinema em outras cores

Durante o primeiro bloco foi exibido “O Bolo”. O curta relata a vida de Dirce (Fabíula Nascimento), uma empregada doméstica religiosa que trabalha na casa de Cadu (Eriberto Leão), um artista libertário. Certo dia ela chega para trabalhar e encontra na geladeira as sobras do bolo de aniversário do patrão. Após provar alguns pedaços sem saber do alto teor canábico da receita, Dirce protagoniza uma sequência de situações inusitadas em função dos efeitos colaterais que despertam seus desejos.

O consumo da maconha, a liberdade sexual e a autonomia sobre o próprio corpo são colocadas em contraposição ao fundamentalismo religioso, escancarando comportamentos ainda condenados por um normativismo hipócrita e totalmente anacrônico. Tudo isso condensado numa história cômica com apenas 14 minutos de duração.

No segundo bloco rolou uma entrevista com o diretor Robert Guimarães, que compartilhou os detalhes da sua tão premiada produção. Bem simpático, ele conta que o enredo é baseado em algo que realmente aconteceu com um amigo e destaca a importante participação do ator Flavio Bauraqui.

Lamento que o programa seja tão curtinho. Mas após o término, Jean continuou conversando com os internautas e respondendo perguntas variadas sobre as pautas que defende. Essa abertura para interação com os espectadores é outro aspecto positivo, pois raramente a TV brasileira reserva oportunidades semelhantes.

Agenda dos próximos dois episódios durante o mês de novembro:

Quem Tem Medo de Cris Negão?

O segundo episódio faz uma imersão no universo dos travestis através do filme Quem Tem Medo de Cris Negão? (2012) (25’). O documentário de René Guerra traz às telas a história de Cristiane Jordan, vulgo “Cris Negão”, uma travesti cafetina do centro de São Paulo conhecida por seus métodos violentos, que termina brutalmente assassinada. O título foi vencedor do prêmio Canal Brasil de Curtas no Festival Mix Brasil em 2012.

Quinta, dia 20/11, às 23h30 e madrug. de sáb./dom., dia 23/11, às 3h30.

Eu Não Quero Voltar Sozinho

As descobertas e amores da adolescência são abordados no terceiro episódio da série. Eu Não Quero Voltar Sozinho (2010) (17’), de Daniel Ribeiro, conta a história de Leonardo (Ghilherme Lobo), um jovem deficiente visual cuja vida muda completamente com a chegada de Gabriel (Fabio Audi), o novo aluno da escola. Em 2014, o curta foi desdobrado no longa Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, em cartaz no Canal Brasil.

Quinta, dia 27/11, às 23h30 e madrug. de sáb./dom., dia 30/11, às 3h30.

André Luiz Cavanha

Todo coração é uma célula revolucionária.