Crítica do filme A Grande Muralha

O clichê bem produzido

por
João Gabriel de Souza

08 de Março de 2017
Fonte da imagem: Divulgação/Universal Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 3 min

☕ Home 💬 Críticas 🎭 Ação

A grande muralha chinesa tem iúmeras versões da sua história por aí, desde sua origem até o motivo pelo qual o país levantou o construto.

O que o diretor Zhang Yimou fez com seu novo longa-metragem foi trazer uma lenda cheia de fantasia sobre um dos maiores feitos da humanidade para as telonas. Contudo, apesar da grandiosidade realizada na publicidade de "A Grande Muralha", a obra acabou ficando um tanto quanto modesta, ainda que não decepcionante.

O filme conta com a participação de Matt Damon interpretando William, um ladrão europeu que ao lado de seu parceiro Tovar (vivido por Pedro Pascal), se vêem presos pelo exército chinês na grande muralha, pegos em uma de suas andanças em busca de riquezas.

O grande ponto do filme se dá no momento da chegada dos forasteiros ao construto, pois converge com uma onde de ataques feitos por um grupo de monstros conhecidos por Tao Tei. O elenco ainda conta com Willem Dafoe, como Ballard, e Jing Tian, como Lin Mei.

A clássica "Jornada do Herói"

Apesar de o enredo se mostrar bastante ambicioso, o roteiro de "A Grande Muralha" fica dentro dos clássicos padrões do heroísmo. O filme acaba sendo bastate clichê em termos narrativos, com personagens meramente introduzidos para auxiliar na grandiosidade do protagonista. Porém, mesmo copiando a receita de bolo sem nenhuma vergonha, Zhang Yimou conseguiu deixar o longa muito bem feito, tornando o clichê bastante funcional.

Uma inovação que percebi no roteiro do diretor é a pretensão de trazer uma história do cinema chinês moldada ao estilo hollywoodiano. O diretor obteve sucesso com essa tentativa, misturando todo o conceito de guerras e batalhas que podem ser observados nas obras do país com a sedução dos efeitos americanos.

Combinação audiovisual

Um dos aspectos do filme que realmente fascina é o visual. O figurino caprichado, movimentos de câmera e uma edição primorosa durante todo o longa mostram refererencias baseados na estética chinesa, colocando o público mergulhado na China medieval.

A solução criada pelo diretor para a coloração do filme não só leva as pessoas a imagens bonitas, que fogem do cinza dos tijolos da muralha, como ajuda a entender o posto de cada personagem no vasto exército chinês. Além disso, as cores promovem um grade espetáculo nas cenas de batalha, levando os olhares de quem assiste para cada um dos variados ataques dos guerreiros.

Para auxiliar ainda mais na imersão, a trilha sonora utilizada para o filme leva o espectador ao momento catarse em inúmeras vezes, quase como um personagem a mais dentro das cenas, sendo que nos momentos de luta, a música misturada aos sons da guerra elevam a sensação do público.

Sem nenhuma pretensão poética, crítica ou sentimental, Zhang Yimou conseguiu lançar uma história humilde utilizando todos os arquétipos e soluções que conhecemos. Porém, indepenente do clichê, o filme é muito bem amarrado e extremamente cuidadoso na produção, o que acaba tornando a experiência de assistir muito divertida e empolgante.

Além disso, o longa possui uma das melhores experiências 3D que já presenciei, unida à glamurosa simplicidade da estética e do balét chinês. "A Grande Muralha" é uma boa pedida para uma grande diversão.

Fonte das imagens: Divulgação/Universal Pictures

A Grande Muralha

Os heróis por trás da construção icônica da China

Diretor: Yimou Zhang
Estreia: 16 / Feb / 2017
João Gabriel de Souza

O viajante galático