Crítica do filme Alien: Covenant

O perigo está lá fora!

por
Fábio Jordan

12 de Maio de 2017
Fonte da imagem: Divulgação/20th Century Studios
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 7 min

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A busca do ser humano por vida alienígena é incessante, incansável e inerente. Faz anos que tentamos fazer contato com os extraterrestres, muitas das vezes de formas incompetentes.

No cinema, a perseguição começou faz décadas e um dos marcos foi o próprio “Alien, O Oitavo Passageiro”, lá de 1979. Das mentes de Dan O'Bannon e Ronald Shusett, os xenomorfos vieram para dominar a raça humana — na telona e fora dela também.

As criaturas escabrosas ganharam outras adaptações ao longo dos anos e tiveram sua história ampliada. Todavia, demorou muito até resolverem contar um pouco do começo de tudo. Foi só em 2012 que a Fox liberou a produção de “Prometheus”, com a volta de Ridley Scott para mostrar não apenas como surgiram os Aliens, mas também a suposta origem dos humanos.

Com pedaços do roteiro levados pela força de um buraco negro, o filme dividiu opiniões, mas é inegável que a produção aguçou o imaginativo com novas evidências dos monstros espaciais. Agora, numa continuação quase direta, temos a oportunidade de retornar a este universo e entender melhor a lacuna entre o “O Oitavo Passageiro” e “Prometheus”.

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Em “Alien: Covenant”, somos convidados a embarcar na nave Covenant para uma viagem até os confins da galáxia, onde há um planeta suspostamente habitável, perfeito para a raça humana destruir e colonizar. Acontece que a viagem pode levá-los a um mundo escuro e perigoso, com uma ameaça além da imaginação — tá, todo mundo sabe o que tem lá, né?

Isso é tão Prometheus!

A história de “Alien: Covenant” é bastante simples. Estamos numa nave gigantesca, onde há quinze tripulantes, duas mil pessoas para colonização, um computador inteligente (que você já conhece de outros filmes) e, claro, um androide astuto — sim, você já viu esse rostinho em “Prometheus”, mas só para lembrar que existem vários similares, tá?

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A viagem vai bem, todos dormem, o novo planeta está logo ali. Até que dá tudo errado. Aí que a tripulação acorda para resolver os pepinos e pinta uma brilhante ideia. Nessa, de ir na contramão do plano e não ouvir a voz da sabedoria (que vem da senhorita Daniels — lembra da Ripley?), é que o barco corre o risco de afundar.

Sem entrar em detalhes, vale mencionar como a humanidade continua estúpida até num futuro distante. Claramente, temos aqui uma das piores equipes de todos os tempos reunida numa nave para “salvar” a espécie. É um sarro do começo ao fim, de tanta patetada. Então, se prepare, pois as chances de eles conseguirem sair vivos não é das grandes, viu?

Não consegue, né, Moisés?

É absurdo como novos roteiristas — e olha que estamos falando de John Logan, que escreveu “Jornada nas Estrelas: Nemesis”, e Dante Harper — conseguiram repetir as mesmas ideias de “Prometheus”, não no sentido amplo da história, mas nesse ponto de inserir personagens muito burros, que só têm a capacidade de acabar com todas as esperanças.

O clima similar ao do filme antecessor também faz sentido, já que a ideia era justamente dar continuidade à história. No todo, a história vai bem, mas há alguns exageros que dão até um desânimo na plateia. Ainda bem que, noutros casos, tem cenas chocantes que dão o impacto devido e mostram que Alien não é filminho para poupar violência ou sangue.

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Além disso, não posso deixar de comentar que, assim como já aconteceu em outros títulos da franquia, o roteiro de Covenant também prefere focar em cenas de exploração pouco relevantes do que em esmiuçar partes importantes. Nada fica desconexo, mas sabe aquela sensação de que poderia ser melhor? Então... Não é de se admirar se este filme começar a dividir opiniões, pois parece que os caras não aprendem com os erros mesmo...

O universo é escuro e cheio de terrores

Felizmente, os tropeços no script não ofuscam a grandiosidade desta produção. Quer dizer, em partes, a própria fotografia reforçada na penumbra faz este trabalho de obscurecer algumas cenas importantes, o que deixa os espectadores irritados pela falta de clareza nas imagens. São muitas sequências de ação, muitos personagens em tela e aí esse deslize é prejudicial.

Apesar disso, o design de “Alien: Covenant” é surpreendente. Não é de se admirar se ele for indicado em várias premiações — até porque merece todos os prêmios! O visual é coerente com os filmes antigos e a concepção aqui é perfeita, com cenários, naves, personagens e Aliens que surpreendem pela riqueza de detalhes. Efeitos de outro mundo mesmo!

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Agora, falando em bichos, o que são os novos monstrengos deste longa? Nunca antes na história do cinema pudemos ver tantas criaturas sinistras e zangadas numa só vez. Os Aliens ganharam mais força, dinamismo e motivação. Certamente, eles dão o tom perfeito para o terror. Os inimigos da trama são bem diversificados e as surpresas são excelentes.

Da mesma forma, a trilha de Jed Kurzel chega para embalar as cenas num tom bem sombrio. O filme é tenso do começo ao fim, com leves sons de ventania ao fundo, tambores que ecoam pela sala e notas intensas que lembram muito as músicas de Jornada nas Estrelas. A pegada dos sons mais clássicos também se faz presente no decorrer da trama. Boas ideias aqui!

O elenco desta continuação até tem nomes de peso, mas com personagens zoados, fica bem difícil conseguir se expressar e roubar a cena. Não é fácil desvincular ator e personagem, logo a impressão que fica é de que os protagonistas não conseguiram fazer um trabalho muito bom. No entanto, vale os créditos pelo esforço, tem que ser bom para abraçar um papel tão ruim. Os aplausos ficam mesmo para Michael Fassbender, um genious!

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E vamos combinar que se tem alguém que não tem a mínima culpa de inconsistências nos filmes dos Aliens é Ridley Scott. O cara é um maestro da ficção científica e mostra novamente em “Alien: Covenant” que sabe o que está fazendo. O diretor faz um incrível trabalho de exploração no planeta e reaproveita alguns conceitos de filmagem espacial. Esplêndido!

Com tantos pontos negativos, talvez ficou a impressão de que o filme é fraco, mas não é bem assim. O resultado de “Alien: Covenant” é bem positivo. Há conveniências e mancadas ao longo da trama, porém isso não impede o climão de tensão ao encarar os Aliens! Se você é um fã de SciFi ou de terror, a diversão é garantida.

Fonte das imagens: Divulgação/20th Century Studios
Diretor: Ridley Scott
Duração: 123 min
Estreia: 11 / May / 2017