Crítica do filme Annabelle

Um capeta em forma de boneca

por
Fábio Jordan

13 de Outubro de 2014
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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Finalmente, o tão falado filme de terror que vem pra contar a história de Annabelle chega aos cinemas. A Warner fez questão de manter o mistério a todo custo, já que qualquer detalhe poderia estragar as surpresas do filme.

Tudo o que sabemos até agora é que o longa-metragem está diretamente ligado ao universo apresentado em “Invocação do Mal” e que ele pretende mostrar os primeiros casos que deram a fama a tal boneca sinistra chamada Annabelle.

As expectativas são grandes, ainda mais que já faz algum tempo que não temos um terror de qualidade nos cinemas. Para você que não quer saber de detalhes que estragarão a experiência durante o filme, posso adiantar que o filme é meia-boca. Os sustos são inevitáveis, mas não espere nada surpreendente, pois o terror aqui é mais do mesmo.

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No filme, acompanhamos a história de um casal que acolhe a boneca sem suspeitar do mal que estavam colocando em sua casa. Todavia, algumas situações bizarras começam a preocupá-los, já que objetos começam a sair do lugar e algo parece querer feri-los. Será que Annabelle é a raiz deste mal? Acompanhe nossas considerações para ver o que o filme tem de bom.

História simples e enrolada

Annabelle não é um filme que tenha um roteiro extremamente elaborado. Ele conduz o espectador através de acontecimentos lineares. O enredo, na verdade, é focado na relação entre Mia (Annabelle Wallis — pois é, a atriz tem o mesmo da boneca) e John (Ward Horton).

Ela está grávida e fica muito tempo em casa. Ele é um jovem médico e fica fora de casa. A situação é ideal para a boneca aprontar muito, afinal é mais fácil assustar apenas uma pessoa. O filme se aproveita dessa situação para fazer o velho jogo de psicologia, sugerindo o óbvio.

Felizmente, no decorrer da narrativa, somos apresentados aos fatos que realmente importam e logo descobrimos como Annabelle virou uma boneca tão perigosa. A verdade é que o terror aqui é ligado a uma seita ocultista, portanto temos a velha temática de demônios incorporada.

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A história se desenrola de uma forma um tanto óbvia, com os personagens suspeitando de uma possível assombração na antiga casa e se mudando para um novo lugar, onde testemunharão eventos inexplicáveis e, aos poucos, descobrirão o que está acontecendo.

O problema nessa mudança de cenário, é que acabamos vendo os mesmos tipos de sustos repetidas vezes (muitas situações acontecem de forma semelhante, para convencer o espectador de que o problema é a boneca).

Essa enrolação é bem desnecessária, já que poderíamos ver cenas realmente assustadoras e uma história mais curiosa. O filme não dá sono, até porque o áudio caprichado (e já manjado) ajuda a manter o clima de tensão. De qualquer forma, esperávamos mais.

O terror não foi reinventado — mas essa boneca é medonha

É raro ver um filme de terror que consiga surpreender. As cenas programadas para assustar já são bem óbvias. Em Annabelle, há muitas cenas em que sabemos que alguma assombração vai aparecer no fundo da cena ou que algo muito errado vai acontecer.

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O filme até tenta enganar, repetindo algumas posições de câmeras e fazendo com que a plateia apenas fique no aguardo. Essa ideia de fingir que vai acontecer algo é ótima, mas quando há a mesma execução na hora do susto, a plateia já sabe que o pior está por vir.

Felizmente, há alguns casos que destoam do todo. Em uma sequência no porão, por exemplo, o filme obtém sucesso ao apresentar novos modos de assustar. A repetição aqui é bem-vinda e a correria desenfreada ajuda a deixar a situação realmente tensa.

Entretanto, é preciso ressaltar aqui que o filme peca novamente ao apostar em uma representação de entidades demoníaca um tanto caricata. Não convém comentar isso a fundo, já que você pode não ter assistido, mas há inúmeras formas de mostrar seres malignos que podem ter sucesso muito maior do que o que vemos em Annabelle.

A boneca Annabelle é a melhor coisa do filme. Ela realmente dá muito medo. Parece que ela está olhando para você a todo momento. Interessante, contudo, que a boneca da obra cinematográfica é completamente diferente da original (que podemos conferir no site dos Warrens).

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Como todo filme de terror, boa parte das cenas se passa em ambientes bem escuros. A penumbra é, de fato, propícia para os sustos, afinal o filme lida com seres sobrenaturais e, portanto, aproveita as sombras para deixar o espectador a um passo de criaturas sinistras.

Os sons usados nas cenas mais aterrorizantes são um bocado manjados, com violinos distorcidos, ruídos de metal rangendo e as mesmas ideias de sempre. A sonoridade é bem executada e adequada, mas, novamente, não cola mais. A trilha sonora, propriamente dita, cumpre bem seu papel, se misturando com os barulhos do ambiente.

Se você se assusta fácil (e gosta disso), Annabelle certamente vai ser o programa perfeito para seu cineminha de fim de semana. Todavia, se você gosta de terror a ponto de ver toda obra do gênero, então o filme não será tão interessante, já que não inova e se apresenta apenas como mais uma obra que se aproveita das velhas técnicas de terror.

Vale a ida ao cinema apenas para aproveitar a experiência da telona e conferir a história antes de todo mundo. A lição que fica é: não compre uma boneca com cara de demônio como a Annabelle, porque você não vai gostar das brincadeiras dela.

Fonte das imagens: Divulgação/