Crítica do filme Fica Comigo (2017)
Receita de sucesso adolescente
Logo que a gente publicou o trailer de "Fica Comigo", no Café com Filme, ele foi um estouro de acessos. E não é difícil entender o motivo. Essa produção original da Netflix traz no seu elenco três jovens atores que desde muito cedo dão o que falar: Bella Thorne (D.U.F.F.), Halston Sage (Antes Que Eu Vá) e Taylor John Smith (da série American Crime).
Dirigido pelo iniciante Brent Bonacorso e com roteiro de Ben Epstein, "Fica Comigo" é uma espécie de suspense adolescente que eleva a rivalidade do ensino médio a um outro nível.
Durante uma briga com a namorada Ali (Halston), Tyler (Smith) conhece e se envolve com Holly (Bella Thorne). Juntos, passam um final de semana encantador que termina com a moça completamente apaixonada por ele, apesar da perspectiva de que nunca mais se veriam. Acontece que, de volta à realidade, Tyler e Ali se acertam e voltam a namorar, e o moço nunca conta a ela do envolvimento com Holly. Tem tudo pra dar certo, né?
As coisas ficam ainda piores quando, na volta às aulas, eles descobrem que Holly é a mais nova estudante da escola e a bonita se aproxima justamente do grupinho do casal.
Com seu elenco reduzido, porém certeiro, e seu plot feito para agradar qualquer adolescente fã de PLL, realmente não é surpresa nenhuma que "Fica Comigo" venha fazendo sucesso.
O que surpreendeu, isso sim, é que o filme realmente é bem interessante, razoavelmente bem construído e com bom argumento. Não se trata de uma obra prima do cinema, claro, mas dá pra passar fácil uma hora e meia do seu tempo sem se entediar.
E, respeitados os limites da juventude e pouca experiência dos atores, eles também entregam performances bacanas aos personagens. A trilha sonora ajuda bastante a dar o clima de suspense a essa que poderia ser apenas uma historinha teen, o que é legal porque estende o filme a outros públicos também.
O motivo pelo qual "Fica Comigo" é um filme fácil de assistir, além do fato de ter um bom ritmo de andamento é que ele causa uma certa familiaridade que nos deixa muito confortáveis em frente à tela. É bem provável que essa sensação seja resultado do uso de elementos aos quais estamos super acostumados nos draminhas adolescentes: gente bonita, construção que segue padrões estabelecidos, etc.
Se, por um lado, fica fácil para a produção apostar em fórmulas consolidadas de sucesso, por outro é uma pena quando um filme que impacta um público grande e em formação deixa de lado questões importanes. Não há, por exemplo, nenhum personagem negro ou LGBT no filme, então questões de representatividade ficam de fora.
Outra questão, essa ainda mais delicada, é o desserviço que o filme causa criando a ilusão de que é normal uma jovem acusar falsamente um homem de tê-la prejudicado ou agredido, incentivando não apenas a desconfiança contra mulheres nesse casos, como também a rivalidade entre as meninas. Not cool, Hollywood.
Finge que eu sou o amor que você sempre quis...