Crítica do filme Horizonte Profundo

Uma experiência angustiante no cinema

por
Fábio Jordan

04 de Novembro de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/Paris Filmes
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

☕ Home 💬 Críticas 🎭 Drama

O ser humano é inteligente, mas tem vezes que é fácil duvidar dessa afirmação, ainda mais quando a gente coloca o fator dinheiro na jogada.

Foi justamente a ambição e a corrida pelo capital que ocasionou um dos maiores desastres da história petrolífera dos Estados Unidos da América.

Em 20 de abril de 2010, a plataforma de petróleo Deepwater Horizon, no Golfo do México, explodiu e matou 11 operários. O episódio ficou marcado com sangue na história do país e o mundo ficou sabendo de tudo com uma cobertura completa em todos os noticiários.

Agora, em 2016, o diretor Peter Berg aproveita o roteiro de Matthew Sand e Matthew Michael Carnahan, que usaram uma matéria especial do New York Times como base para o texto, para revelar essa incrível história em uma versão cinematográfica com Mark Wahlberg no papel principal.

horizonteprofundo0 9624a

Ao longo de quase duas horas, somos levados do dia a dia dos funcionários até os momentos de maior desespero desta tragédia. Com um nível de detalhes fantástico, “Horizonte Profundo” recria com qualidade os eventos deste dia dramático e impacta o público com muitos momentos de angústia. Um filme cheio de tensão e que deve ser visto no cinema!

Tragédia premeditada

O roteiro de “Horizonte Profundo – Desastre no Golfo” é um bocado previsível, uma vez que é um filme baseado em eventos bem recentes. Quer dizer, mesmo que você não tenha acompanhado os fatos na televisão, você sabe que, em algum momento, vai dar ruim!

Isso já fica bastante evidente logo nos primeiros minutos de filme, quando a câmera faz um passeio subaquático para tentar dar uma noção do tamanho da sonda petrolífera e já dar pistas de como pequenos detalhes podem levar a grandes catástrofes.

horizonteprofundo4 57028

Felizmente, o filme não insiste em mostrar os eventos principais numa tacada única, de modo que há toda uma construção dramática. Para não levar o espectador diretamente para o perigo, o roteiro se concentra primeiramente na família de Mike Williams (Mark Wahlberg), personagem que funciona como o guia da trama.

Williams é um dos chefes na plataforma, sendo encarregado de supervisionar diversas áreas da engenharia. Ele responde a Jimmy Harrell (Kurt Russell), diretor da plataforma e também um dos personagens principais.

Esses dois conduzem a história, que se concentra nas ideias ambiciosas de Vidrine (John Malkovich), que estava ali apenas para insistir na perfuração e garantir a extração de uma quantidade monstruosa de petróleo.

horizonteprofundo2 3e0f2

Há também na trupe do filme outros funcionários da Deepwater Horizon, os quais garantem o funcionamento da trama, bem como agregam drama ao roteiro. Cada homem que está ali representa uma pessoa de verdade, que viveu esta tragédia. E por saber que tudo foi real, a expectativa por algum ruim cresce a cada minuto.

Tensão realista

É claro que a insistência de Vidrine — que estava ali executando ordens, mas que preferiu fazer as coisas na pressa e sem pensar muito — acaba dando muito errada, algo que é retratado de uma forma muito intensa.

A história de “Horizonte Profundo” segue uma linha bastante tênue, alternando entre a inocência dos funcionários, que baseados em seus equipamentos presumem estar tudo correto, e pequenos acontecimentos submarinos, que constantemente premeditam a tragédia.

Tudo é muito real e a qualquer momento o pior pode acontecer, o que deixa a plateia muito apreensiva

Primeiro, algumas bolhas de ar escapam do solo. Em seguida, um pequeno rangido nos metais faz a sala de cinema tremer. Logo, um teste foge do padrão e óleo começa a se espalhar de forma bem lenta pela superfície da plataforma. Nada parece ser muito grave, mas os funcionários não faziam ideia do que estava acontecendo embaixo do mar. O ritmo do filme é bem cadenciado e ele caminha para uma conclusão bem quente!

horizonteprofundo1 79906

A direção de Peter Berg funciona bem para cada um desses momentos, com uma movimentação de câmeras realista, seja no oceano ou nos corredores apertados da plataforma. A retratação dos fatos também dá certo graças às ótimas atuações de Mark Wahlberg e Kurt Russell. A trilha sonora também é primorosa, sendo responsável por nos deixar ainda mais ansiosos.

No fim, resta torcer para que a coragem dos trabalhadores seja suficiente para garantir a sobrevivência perante os momentos extremos. Mesmo com uma história previsível, o filme dá espaço para empatia, quando somos guiados pela angústia e o medo dos protagonistas. Veja no cinema e aproveite cada segundo enquanto o óleo não começa a jorrar, pois o restante será muito desesperador!

Fonte das imagens: Divulgação/Paris Filmes

Horizonte Profundo - Desastre no Golfo

Na hora mais difícil, a esperança não é uma tática

Diretor: Peter Berg
Duração: 107 min
Estreia: 10 / Nov / 2016