Crítica do filme Na Próxima, Acerto no Coração

Tensão do começo ao fim

por
Fábio Jordan

18 de Agosto de 2015
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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Primeiramente, quero apenas dizer: que título genial! Sem precisar de adjetivos estapafúrdios, ideias genéricas ou reaproveitar frases de efeito, esses caras conseguiram chamar a atenção e já adiantar um bocado da proposta do filme. E não se trata apenas de uma tradução, é o nome mesmo.

Bem, dito isso, aproveito o ensejo para dizer que, desde a divulgação do trailer deste suspense francês, eu fiquei muito curioso para ver qual seria o desfecho desta brilhante história. E já adianto que o filme correspondeu às minhas expectativas.

Se você quer saber se o filme é bom ou ruim, vamos direto ao ponto: ele é bom. Diferente, mas muito bom. É preciso ressaltar que esta é uma obra francesa e que, como tal, ela não tenta imitar tramas americanas, então esqueça os clichês. Aliás, é justamente esta pegada mais séria, atenciosa aos detalhes, que faz o público ficar vidrado em tudo que acontece.

O roteiro de “Na Próxima, Acerto no Coração” foi escrito com base em uma história real, mas nem tudo que aparece na telona realmente aconteceu, já que parte do script foi adaptado para encaixar as peças e deixar a trama mais coesa. É o retrato cinematográfico sobre um dos maiores assassinos seriais da França, um longa-metragem

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A história se passa entre 1978 e 1979, na cidade de Oise, na França, onde os cidadãos ficaram com medo ao saber que há um maníaco escolhendo jovens moças como vítimas. Ele está em toda parte e em nenhum lugar, escapando das armadilhas da polícia e dos controles viários.

Como este criminoso consegue ocultar seus rastros? Na verdade, ele tem um trunfo: é um policial militar que, por sinal, foi encarregado de investigar seus próprios crimes. Com muitas cartas na manga, ele vai brincar com os policiais e mostrar a verdadeira face de um assassino.

Suspense de verdade

A história deste perigoso maníaco é curiosa e cheia de reviravoltas. A cada passo que o assassino dá, a polícia retrocede um tanto, ficando perdida sem ter qualquer chance de encontrar o responsável pelos crimes. Entretanto, graças à colaboração do próprio criminoso — que pretende incutir o medo na população — a coisa fica mais envolvente.

Quase toda a história se dá sob a perspectiva de Franck Neuhart, já que acompanhamos os dois lados dos fatos pela perspectiva do vilão. Ele é um homem quieto, misterioso, sério e pra lá de esquisito. No dia a dia, ninguém desconfia de absolutamente nada, já que ele se comporta como um policial competente, que está sempre atento ao trabalho e focado na caçada ao assassino.

Entretanto, quando somos levados a conhecer a mente doentia de Franck de perto, podemos ver como ele pode ser absolutamente desligado de conceitos comuns, já que ele não mostra nenhum amargor, demonstra a frieza em seus atos e expõem suas ideias sem sentido. É um homem matando por prazer, ele mesmo diz que precisa matar porque é um assassino convicto.

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As cenas que retratam os assassinatos são bem boladas. Sabe aquela sensação de angústia, em que você sabe que a qualquer momento o vilão vai sacar a arma e banhar a tela de sangue? Então, elas são bem longas e detalhadas, o que deixa a plateia apreensiva para conferir o momento e pensando quais serão as últimas palavras da vítima antes de perceber que está ao lado de um homem perigoso.

A diversidade de cenas em que ele “entra em ação” também ajuda a deixar o filme mais recheado, sem que fique demasiadamente longo ou cansativo. Há uma cena de fuga (em meio a um matagal e que termina num lago) em particular que deixa o clima ainda mais tenso.

Paralelamente, os momentos da vida “normal” de Neuhart complementam a trama, inteirando a plateia sobre a personalidade perigosa deste assassino. Ele é pouco comunicativo, mas parece apenas uma pessoa solitária. Não há uma lógica clara nos atos brutais dele, ainda mais porque ele não tenta abusar das vítimas.

Enfim, se este filme funciona é por dois motivos: a boa direção de Cédric Anger, que também cuidou do roteiro, e a atuação de Guillaume Canet (só por curiosidade: ele dá voz ao Pequeno Príncipe na versão original). Boas atuações, belíssima fotografia e trilha sonora sutil fazem deste um bom título de suspense.

E saber que tudo isso é baseado em uma história real deixa o filme muito mais legal. Faça um favor a você mesmo: assista ao filme “Na Próxima, Acerto no Coração” no cinema. Eu sei que filmes franceses não estreiam em todas as salas do Brasil, mas se você tem a oportunidade de vê-lo na telona, garanto que o ingresso vai valer a pena.

Fonte das imagens: Divulgação/

Na Próxima, Acerto no Coração

Um assassino acima de qualquer suspeitas

Diretor: Cédric Anger
Duração: 111 min
Estreia: 13 / Aug / 2015