Crítica O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

Diversidade que dá gosto!

por
Fábio Jordan

01 de Novembro de 2019
Fonte da imagem: Divulgação/Paramount Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 7 min

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Nas últimas décadas, o conceito de franquia cinematográfica ganhou proporções além do que podíamos imaginar – isso sem nem entrar no papo de universo compartilhado. A verdade é que inspirados em casos de sucesso, às vezes até de concorrentes, alguns estúdios tentar transformar algo que incialmente era planejado para uma aventura isolada em algo que possa ter diversos capítulos.

Às vezes, essa ideia não surge de imediato, mas, a cada intervalo de tempo, algumas franquias parecem ressurgir do esgoto para trazer um pouco mais de alegria para o público dinheiro aos produtores. Assim, nascem aberrações como o penúltimo capítulo de “O Exterminador do Futuro” (também conhecido como Gênesis), uma obra que o senhor James Cameron faz questão de não ter qualquer associação com seu nome.

O ponto é que existe uma nítida diferença entre franquias pensadas desde o começo para contar uma história e outras projetadas com base na reação do público. É o caso de “O Exterminador do Futuro”, que obviamente funcionava bem em seus dois primeiros episódios, mas que degringolou com o passar dos anos, devido a tantas reviravoltas não planejadas.

Com o passar dos anos, a adição de novos roteiristas acabou desvirtuando o propósito da franquia. Particularmente, eu não considero o terceiro e quarto título como obras inconcebíveis (e na verdade até simpatizo com a guinada no filme com Christian Bale), porém é claro que fica cada vez mais difícil voltar à essência. E aí é perfeitamente normal que o público tenha um certo receio com o anúncio de um novo capítulo.

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Afinal de contas, o que “O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio” pode ter de tão genial para valer a ida ao cinema? Bom, se você procura inovação ou genialidade como a dos primeiros filmes da saga, pode segurar seu cavalinho robótico aí, pois é claro que este filme não reinventa a máquina. Repleto de ideias repetidas e permeado por algumas inconsistências, o novo título não é algo único ou imperdível.

No entanto, o roteiro com um mínimo de coerência e a direção tradicional já evita um desgosto inicial. Além disso, a adição de algumas temáticas modernas, a diversidade de protagonistas e a ação na dosagem certa resultam numa obra que ao menos diverte e não agride nossa inteligência. Um filme que remete aos antigos e que ainda garante algumas risadas. Boa opção para curtir com pipoca.

O Exterminador tem uns furos

É natural que após tantos anos de invenções mirabolantes, uma franquia já desgastada tenha dificuldades em fazer sentido. Afinal, como é possível consertar o passado se ele já aconteceu e o mundo todo presenciou tais eventos? Não existe solução fácil, por isso “O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio” opta por ignorar quase tudo que acontece depois do segundo filme.

A boa notícia é que para quem nunca viu nada deste universo, o resumo inicial dá conta de apresentar personagens e fatos importantes. E aos fãs da saga que não sabem a partir de que ponto a nova história tem seu pontapé inicial, a introdução é a base para o desenvolvimento dos fatos que serão apresentados no decorrer das quase duas horas de projeção.

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Bom, repetição é algo inevitável nos filmes desta série, afinal todos têm o mesmo tipo de situação: humanos fugindo constantemente de um exterminador e pensando em formas de derrotá-lo. Não há como fugir da fórmula, então é normal que você veja diversas familiaridades nesta história. Então, a inovação fica exclusivamente por conta da ambientação proposta, que aqui foi muito bem acertada.

Diferente dos tantos episódios da saga, este novo capítulo aposta em levar a história para outro país: o México. Com isso, temos personagens latinos (mas sem o famoso “Hasta la vista”) e uma série de temas bem recentes. Algumas justificativas são pífias e o desenrolamento tem suas falhas, mas é tudo aceitável quando a gente vê que os caras estão se esforçando para honrar a saga e manter uma boa de entretenimento.

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Contudo, não importa o quanto o filme tente se justificar ou driblar inconsistências, é muito difícil uma obra que mexe com viagem no tempo conseguir criar algo coerente. Assim, o desenvolvimento de “O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio” tem seu destino sombrio: paradoxos temporais e brechas para novas linhas do tempo. Para quem sempre faz uma mínima reflexão, esse tipo de coisa pode incomodar um tanto.

Ele voltou, mas o futuro é feminino

Além da história genial e de jargões marcantes, o trunfo da franquia sempre foi os personagens caricatos e imponentes. Não é por acaso que até mesmo algumas continuações trouxeram versões alternativas do T-800 até mesmo parecendo um boneco de cera (com um modelo de Arnold Schwarzenegger todo digitalizado).

E parafraseando o filme me que o próprio robô falava “I’ll be back”, agora podemos ter a certeza de que ele não estava mentindo. O retorno deste exterminador clássico é um dos pontos altos do filme, porém ele não é nem de longe tão marcante quanto o trio protagonista. Na verdade, o personagem está aqui mais para fazer uma graça, bem como para dar suporte na história sem deixar tantos buracos.

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Até agora eu sequer tinha falado da história do filme, afinal esta é uma crítica sem spoilers, mas a sinopse não machuca e é importante agora. Em “O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio” acompanhamos Sarah Connor e Grace (uma nova personagem da história) tentando proteger uma jovem mexicana de um novo tipo de Exterminador.

Eis aí o nosso trio protagonista: Sarah Connor (Linda Hamilton) em toda sua glória de matadora de robôs – e ela está muito empoderada, num visual muito badass –, Grace (Mackenzie Davis), responsável por boa parte da ação frenética do filme, e Dani Ramos (Natalia Reyes), que tem sua importância revelado no decorrer da trama.

É muito legal que quase toda a trama é baseada nas três personagens, sendo que as duas mulheres brancas devem reconhecer a importância da protagonista latina. Isso mostra que um pouco de diversidade não faz mal e pode dar espaço para novos diálogos e abordagens. Talvez, o único problema é que a personagem mexicana fica muito de lado, como alguém frágil, mas isso até tem sua justificativa.

Sobre as atuações, temos um elenco competente, principalmente quando falamos desse trio e do novo Exterminador, que é interpretado por Gabriel Luna, outro ator latino que fica muito coerente na trama e tem expressões bem robóticas. A jovem Natalia Reyes se desenvolve bem, porém é perceptível as limitações da personagem, o que acaba dando a impressão de que a atriz não se sobressai como deveria.

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Em questões técnicas, “O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio” faz bonito, seja pela direção de Tim Miller (que a gente conhece de “Deadpool”), pelos efeitos visuais caprichados ou mesmo pela direção de arte que remete aos predecessores, mas que tem sua dose de inovação. Talvez a única crítica fique por conta dos trechos futuristas muito breves e pouco ousados.

Tudo se completa com a trilha que aposta no óbvio, então a dose de nostalgia é garantida. Novamente, longe de ser fantástico, mas também longe de ser um fracasso, o novo Exterminador é um filme que traz os ingredientes certos da franquia, que ousa pela temática do roteiro e que deve divertir em boa parte. Não espere muito, mas curta a ação e aproveite a pipoca!

Fonte das imagens: Divulgação/Paramount Pictures

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

O dia depois do dia do julgamento...

Diretor: Tim Miller
Duração: 128 min
Estreia: 31 / Oct / 2019