Crítica do filme O Maior Amor do Mundo
Uma salada bem temperada
Selecione alguns clichês, uma boa dose de humor, uma pitada leve de estereótipos. Adicione um elenco de renome, um diretor com alguma reputação e não esqueça de ficar atento ao timing. Bingo! Está prontinha a receita de uma comédia com chances grandes de boa bilheteria. É com base nesses fundamentos que se constrói “O Maior Amor do Mundo”.
Não por acaso, a estreia foi marcada para as redondezas do Dia das Mães. O longa conta diversas histórias paralelas de mães, filhas e avós que, cada uma à sua maneira, lida com as belezas e os desafios da maternidade - o próprio título original em inglês é Mother's Day, ou Dia das Mães.
Dirigido pelo americano Garry Marshal – de Uma Linda Mulher e Noiva em Fuga –, o filme aposta em uma fórmula bastante básica e previsível e se agarra à qualidade do elenco para garantir o sucesso do público.
Enquanto Sandy (Jennifer Aniston) precisa aprender a conviver com a nova e jovem esposa do ex-marido, que decide interagir com os filhos dela, Julia Roberts é Miranda, uma famosa apresentadora de programas televisivos de venda de produtos.
Ainda entram na dança Kate Hudson e Sarah Chalke, que vivem as irmãs Jesse e Gaby – duas mulheres não muito bem resolvidas no quesito família –, e o galã Jason Sudeikis, no papel de Bradley, um pai que precisa enfrentar o primeiro Dia das Mães sem a presença da esposa.
Calma, ainda não acabou! O longa também traz a história de Kristin (Britt Robertson), uma garçonete que acaba de ter um bebê e concilia isso com a rotina agitada de trabalho dela e do marido, um comediante em início de carreira.
Sem dúvida alguma o elenco é o grande chamariz de O Maior Amor do Mundo, muito embora os trailers e comerciais do filme tenham tentado insistentemente vender a chamada "do diretor de Uma Linda Mulher".
E a primeira coisa que a gente se pergunta quando o longa começa é: que foi que fizeram com a Julia Roberts? Um visual que não funcionou nada bem e quase caricato complementam uma personagem que demora pra conquistar o carisma do público. E olha, é difícil fazer essa crítica pra quem tem vários filmes da eterna Erin Brockovich na estante.
Por outro lado, ponto pra Jennifer Aniston, que mandou super bem em um papel daqueles de dar nervoso no público. E o longa conta ainda com algumas participações especiais como a de Jennifer Garner e Hector Elizondo (o genial Ed Alzate de Last Man Standing), que dão um toque especial à trama.
Alguns outros aspectos também contribuem para deixar um filme gostoso de assistir: a fotografia é bonita, bem colorida e alegre, e a trilha sonora é superanimada, bem casada com as cenas, uma musicalidade ideal para o gênero.
No que diz respeito ao roteiro e à construção da trama de maneira geral, “O Maior Amor do Mundo” funciona bastante bem. Consegue reunir alguns dramas interessantes a momentos cômicos que levam o público às gargalhadas. E conseguiria fazer isso facilmente mesmo sem apelar a alguns clichês e estereótipos que aparecem de vez em quando e que são desnecessários pra que a história funcione.
Inclusive, inserir muitos elementos talvez seja o maior problema do longa. No conjunto, o filme parece se esforçar demais, querendo abraçar o mundo com a inclusão de excessivas histórias paralelas que acabam sendo pouco exploradas. E claro, no meio das confusões de mãe, filhos e famílias, sempre sobra um espaço pra um ou outro romance.
Talvez se os roteiristas tivessem optado por uma linha mais limpa e direta, o filme tivesse sido mais redondinho. Ainda assim, apesar das doses comedidas de drama, O Maior Amor do Mundo é uma comédia que não falha em arrancar boas risadas do público e que merece um tempinho da sua atenção.
Encontros e desencontros da maternidade