Crítica do filme O Sétimo Filho
Nem épico, nem legal, muito pelo contrário
Depois de muitas mudanças de data, a Universal Pictures finalmente lança o filme “O Sétimo Filho” no Brasil. A demora aparentemente se devia por problemas de conflito com outros grandes lançamentos, mas depois de ver o filme podemos ter uma outra ideia do porquê desse atraso.
O filme é mais um do tipo “Caça às Bruxas” e conta a história do Mestre Gregory (Jeff Bridges), o último guerreiro de uma ordem mística, que procura um aprendiz para derrotar as trevas que são mantidas pelas bruxas, seus aliados e, principalmente, pela Mãe Malkin (Julianne Moore).
Reza a lenda que somente o sétimo filho de um sétimo filho poderá ser capaz de — e terá poderes para — cumprir essa missão (e o final da história você já sabe). Arrancado de sua vida tranquila de colono, o príncipe Caspian Tom Ward (Ben Barnes) embarca em uma aventura ousada e repleta de monstros.
Dirigido pelo russo Sergei Bodrov (que você possivelmente não conhece de filme algum), “O Sétimo Filho” segue aquela velha história de mestre e pupilo, que devem se entender e combater um mal maior. O filme traz uma série de clichês e um roteiro previsível. Vamos entrar em detalhes.
A primeira coisa que percebemos em “O Sétimo Filho” é que o roteiro tem pressa em contar as coisas, tanto que o filme nem é muito longo — o que é bom, no fim das contas. A ideia de apresentar o universo do filme acontece em poucos minutos e só depois ficamos sabendo quem é quem e o porquê dos problemas que existem na região.
Como outros tantos, o filme aposta na rivalidade entre homens e bruxas (que são odiadas porque têm uns poderes maneiros), mas tenta jogar algumas coisas interessantes na história. Uma pena que tudo é tão superficial que nada cola. A plateia fica desinteressada e apenas fica esperando o óbvio pintar na tela.
Contudo, antes de entrar no desenvolvimento dessa briguinha, o filme resolve mostrar o recrutamento do protagonista, que acontece da forma mais bizarra, improvável e sem criatividade que se pode imaginar. Claro que o sétimo filho topa a ideia de encarar umas bruxas sem nunca ter lutado. E não espere atitudes heróicas, porque este personagem não sabe nem fazer cara de herói.
Não bastasse isso, os protagonistas (Mestre Gregory e Tom Ward) apresentam personalidades cheias de estereótipos e trejeitos desnecessários. O relacionamento deles é chato e somente algumas poucas cenas realmente empolgam a plateia — e muito mais graças aos inimigos e situações inesperadas do que por conta de suas qualidades.
Após sair da sala de cinema fiquei pensando se a diretora de elenco não chamou a pessoa errada para ser protagonista, já que estamos mais acostumados a ver Nicolas Cage nesses papéis de caçador de bruxas em filmes meia boca.
Pois bem, fato é que o Jeff Bridges é um talento desperdiçado. Ainda que ele se esforce em deixar o resultado interessante falando de um jeito enrolado, como se estivesse bêbado a todo momento, e lutando loucamente, a participação do bom velhinho não ajuda o filme a ir muito longe.
O jovem Ben Barnes não convence em nada, sendo apenas um personagem genérico no meio de uma história sem sal. Ele é obrigado, já que o roteiro assim manda, a entrar num romance bem desnecessário que acaba alterando todo o destino da trama com aquela coisa previsível de vou me sacrificar pela minha namorada que conheci há dois dias. Enfim.
Com Julianne Moore no papel da bruxa que vira dragão o filme ganha pontos positivos, mas a atriz só é mais um rosto muito bonito no meio da trama, já que sua personagem é tão ruim quanto a trama num todo. A irmã da bruxa suprema nada mais é do que alguém para ocupar lugar no cenário. Não há atuações de verdade aqui, apenas representações simples para encorpar a história.
O mais sofrível é restante da liga do mal. Eu até gosto de histórias assim, recheadas de monstros e seres sinistros, o problema é que toda essa galera sinistra tá na película errada. Eu esperava ver todos esses tipinhos em um episódio do Hércules, já que as bruxas podiam dar conta do recado e tocar o terror de uma forma bem mais aterrorizante.
Pelo menos a produção mandou bem no desenvolvimento de algumas criaturas, principalmente nas versões monstruosas. As lutas são bem coreografadas, ainda que os resultados sejam previsíveis, mas são o pouco que se salva na película. Os efeitos tridimensionais também não são de se jogar fora.
Novamente, uma produção Hollywoodiana mostrando como desperdiçar talentos. Então é isso aí, “O Sétimo Filho” é um filme que não consegue ser nem legalzinho e só é recomendado pra ver num dia em que você esteja desocupado e não queira gastar neurônios, já que a história é bem rasa e a execução pouco convincente.
A maioria das maldições da vida pode se tornar um presente