Crítica do filme Operação Big Hero

Mais Disney do que Marvel por enquanto

por
André Luiz Cavanha

12 de Dezembro de 2014
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

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Embora não me considere entusiasta dos filmes de super-herói, faço parte do grupo dos desconfiados quanto à união da Disney com a Marvel. Por isso acho óbvio reconhecer que o grande desafio de "Operação Big Hero" é ser a primeira animação que resulta dessa mistura. 

A estreia está prevista para o próximo dia 25 de dezembro (há até um videozinho especial de natal) e o trailer é fantástico, pois seleciona as mais divertidas cenas protagonizadas por um herói totalmente deslocado dos padrões idealizados pelas HQs. O próprio Stan Lee comenta a oportunidade de trabalhar com os estúdios Disney, da qual se declarou fã desde a infância.

Essa comédia de ação e aventura conta a história do inteligente Hiro Hamada, de apenas 13 anos. Com a idade de quem sofre os sintomas típicos da puberdade, somados a indiferença e a falta de motivação, o menino é viciado em projetar robôs para lutas clandestinas. Mas após ser flagrado pela polícia em uma dessas competições, seu irmão o convence de que existem atividades mais promissoras para se dedicar e o convida para trabalhar num laboratório onde são fabricadas incríveis tecnologias.

Entre elas o simpático Baymax, um robô que poderia ser colchão de ar, um puff ou sei lá, um balão qualquer! Aparentemente tudo menos um valentão preparado para fazer justiça e enfrentar perigosos vilões. Além do carisma e o perfil atrapalhado, sua vocação é cuidar da saúde das pessoas e cumprir os objetivos terapêuticos para os quais foi programado desde o princípio.

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Todo tipo de enfermidade foi catalogada e inserida num chip que guia seu funcionamento. Com uma rápida escaneada sobre o corpo do paciente, Baymax faz o diagnóstico, sugere medicamentos e hábitos para uma vida saudável. Seu jeito atencioso é cativante, de modo que identificamos nele tudo aquilo que um bom médico deveria ser. Exceto quando a bateria chega ao fim prejudicando seu funcionamento e provocando sintomas de embriaguez, na passagem que considero a mais cômica do filme.

Chamo a atenção para como o robô é tratado como um simples robô, pois a ideia não foi elaborar um sistema com inteligência artificial e sentimentos. Portanto, todo o afeto que os personagens sentem por ele está direcionado àquilo que Tadashi, o irmão de Hiro, programou e deixou para o mundo.

História simples, porém mal contada...

A trama se desenvolve, os vilões aparecem e junto com eles vêm as tragédias. Exatamente nesse quesito que o filme deixa a desejar: a história é de fácil compreensão, mas se arrasta em diálogos ruins e é contada de modo forçosamente melodramático. Senti até uma frustração com o desperdício das características dos personagens, que teriam condições de serem melhor exploradas se o ritmo do enredo fosse tratado com cuidado.

Ainda assim, o filme consegue divertir com cenas repletas de ação e que me trouxeram expectativa quanto a possibilidade de controlar esse elenco em algum jogo multiplayer para consoles de última geração. Terreno fértil também para o lucro das fábricas de brinquedos.

Outro ponto negativo são as dublagens brasileiras reproduzindo falas péssimas em vozes forçadas que soam sempre inadequadas. É como se ao agradar o público infantil fosse necessária certa dose de idiotização e o apresentador Marcos Mion, assim como os atores Robson Nunes e Fiorella Mattheis são alguns dos famosos encarregados dessa tarefa. Mas não acredito que o resultado péssimo tenha relação somente com o talento dessas pessoas, já que o problema se repete em outras animações e o recente Boxtrolls é exemplo disso.

 

Fonte das imagens: Divulgação/
André Luiz Cavanha

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