Crítica Ponte dos Espiões
Manter-se em pé frente aos seus princípios
Primeiramente, gostaria de dizer que estou um pouco decepcionada com a divulgação de Ponte dos Espiões. Por que? Porque tem poucas salas e se tem salas, a maioria no VIP, o que também desanima pelo preço.
Quando distribui alguns ingressos, sempre era o último a ser escolhido, e aí fiquei pensando nos motivos plausíveis pra isso. Seria pela temática? Dramático demais? Desconhecimento em geral? Assisti e assisti muito satisfeita.
Terminando a sessão, meu primo se vira e diz: "Olha, é do Spielberg!". Fico indignada, prestes a soltar uns resmungos. Meus caros, não é só do Spielberg, mas como também é escrito pelos irmãos Coen!
Não conhece eles? Títulos como: Fargo, O Grande Lebowski, Onde os Fracos Não Têm Vez são exemplos do que já foi produzido por eles.
E novamente, escrevo sobre um filme baseado numa história real. O que deixa tudo sempre mais comovente.
Durante a Guerra Fria, a corrida armamentista entre as superpotências fez com que novas forças surgissem nos serviços de espionagem, e passou-se a investir pesado na coleta de informações de novas tecnologias em que o adversário pudesse ter desenvolvido.
Tá, então é um filme de guerra? Sim e não. Sim, porque se passa no contexto de guerra e não, pois a história não é só focada nisso, e quase inexiste qualquer cena de ação explosiva (sorry para quem gosta de espionagem-ação, mas não fica triste, o Spectre tá aí!).
Rudolf Abel (Mark Rylance) é preso pelo governo americano por espionagem. Na corte, o advogado James B. Donovan (Tom Hanks) é recrutado para defendê-lo. Uma vez que nenhum advogado teria aceito o trabalho, Donovan segue convicto em sua defesa.
A interação entre esses dois personagens é intensa. Me surpreendi com a atuação de ambos, e ainda fiquei impressionada com o apoio que o advogado (honesto) dá ao russo, o que poderia ter sido considerado crime contra o país. Os diálogos são excelentes, possuem um pouco de tudo: humor e dramaticidade, principalmente.
A fotografia é diferente das que estamos acostumados com as histórias de guerra. São cores mais saturadas, alaranjadas e azuladas. Algumas cenas de muita luminosidade (que foi a única coisa que me desagradou, frescuragem minha) e sem contar as câmeras! Imagine a seguinte cena, um diálogo longo em um carro, o "normal" seria manter a câmera fixa nos personagens enquanto a fala acontece, certo?
Pois é, não é bem como acontece nesse filme. São várias cenas com dinamismo de quadros. Closes, e mais closes. Não me recordo de outros filmes do Spielberg serem enquadrados tão perto de objetos e pessoas, e isso te dá uma sensação muito detalhada das coisas.
Não contarei o desenrolar dessa história. Contarei com você indo ao cinema mais próximo para assistir a essa belezura. Meu desejo é que concorra ao Oscar do fundo do meu coração. Ainda é cedo pra dizer se o quero como vencedor, mas definitivamente o quero como um dos favoritos do ano.
Uma ponte longa demais