Crítica do filme Elsa & Fred

Atuações que compensam um roteiro pouco criativo

por
André Luiz Cavanha

26 de Novembro de 2014
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 3 min

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Há pouco mais de um mês postei aqui no Café o caso entre o amargo Oren e a doce Leah, ambos viúvos e com perspectivas distintas sobre como dar continuidade à própria vida. Ela, tão meiga e carismática, consegue amolecer o coração do vizinho carrancudo que até então não fazia questão de ser alegre e realizar qualquer atividade prazerosa.

Esse é o tipo de enredo que me faz ativar o modo paranoico: deve existir, em algum canto desse mundinho, uma biblioteca com número limitado de histórias-base das quais são produzidos “novos” títulos dentro dos mesmos moldes. O espaço de consulta onde os roteiristas encontram o material que disfarça a falta de criatividade com inspiração forjada em copy-paste.

Precisamente com o mesmo formato, “Elsa y Fred” é um filme hispano-argentino lançado em 2005 e que terá seu remake estadunidense estreando em nossas telonas na próxima quinta-feira. O que não significa que seja desperdício de tempo, pois os ingredientes que temperam esse clichê até que o transformam em algo digno de apreciação.

Christopher Plummer faz o papel de vovô Fred da vez, com sua filha e genro interesseiros lhe dando razão para se sentir cada dia mais desapontado e sem ânimo. Mudar-se para o apartamento, com janelas que o expõe aos olhares pouco discretos de Elsa (Shirley MacLaine), tem efeito devastador na vida do senhorzinho hipocondríaco que sempre optou pelo rigoroso planejamento de suas ações.

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Aos poucos Elsa vem se aproximando e bagunçando o que vem pela frente, perseverante e atrevida, com objetivo de tornar suas experiências mais significativas e intensas. Preservada a negligência da mentalidade adolescente num corpo de vovó, ela carrega o antigo sonho de ir até Roma recriar a cena da Fontana di Trevi de “A Doce Vida”, clássico filme de Federico Fellini.

Admiráveis são os métodos que a velhinha utiliza para persuadir seu vizinho e o resto da humanidade, colorindo suas falas com pequenas mentiras que tornam seus relatos mais empolgantes e a colocam numa posição de maior virtude. A narração da vez em que Pablo Picasso pintou um retrato dela jovem, entre outras invenções, nos coloca em constante dúvida sobre o que é real ou fantasioso na autobiografia de Elsa.

Esses pontos descrevem ambas as produções, porém a mais recente é dotada de melhores piadas e maior qualidade na atuação dos atores. Se é comum que os críticos apedrejem releituras, acredito que seja um tanto difícil com relação a Elsa & Fred, pois os diálogos ficaram mais enxutos e capazes de fazer rir com mais facilidade.

Fonte das imagens: Divulgação/
André Luiz Cavanha

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