Crítica de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos

Mais bonito do que bom

por
Douglas Ciriaco

09 de Dezembro de 2014
Fonte da imagem: Divulgação/
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Tempo 🕐 4 min

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Se você gosta da trilogia “O Senhor dos Anéis” — dos livros, dos filmes ou de todos eles — provavelmente ficou animado quando Peter Jackson anunciou sua adaptação cinematográfica de “O Hobbit”, outra obra clássica do escritor sul-africano J.R.R. Tolkien.

A princípio, Jackson transformaria a história infanto-juvenil de Tolkien em dois filmes, o que já soou um tanto caça-níquel e desnecessário, visto que a história era simples demais se comparada a “O Senhor dos Anéis” (uma trilogia literária e também no cinema). Todo mundo foi pego de surpresa quando o diretor anunciou que não dois, mas três filmes seriam feitos para contar a aventura de Bilbo Bolseiro ao lado de Thorin Escudo de Carvalho e mais 12 anões para matar o dragão Smaug e recuperar a Montanha Soliátria.

Finalmente chega ao fim essa trilogia um tanto quanto forçada e a palavra “desnecessária” pode ser a que melhor qualifica essa nova incursão de Jackson no universo tolkieniano. Tratando especificamente do último capítulo, “A Batalha dos Cinco Exércitos”, que é o objetivo desta análise, dá para resumir dizendo que ela se sai bem melhor do que o episódio anterior, “A Desolação de Smaug”, o que, convenhamos, não era nada difícil.

A enrolação diminuiu

Um dos grandes problemas a meu ver de todo esse projeto “O Hobbit” no cinema foi a famigerada “encheção de linguiça”, quer dizer, a grande quantidade de coisas expostas no filme de maneira arrastada e até mesmo injustificada do ponto de vista da história. Quando Jackson anunciou que tinha muitas horas gravadas e que poderiam ser feita uma nova trilogia, não deixou claro que muito dessa “gordura” registrada nas fitas seria completamente dispensável para a trama.

Grande exemplo disso é a presença da elfa Tauriel (Evangeline Lilly, do seriado “Lost”), personagem inexistente nos livros de Tolkien e criada exclusivamente para os filmes. Sua existência poderia ser justificada como simples parte da trama, que envolvem também os elfos em certa medida, se não fosse para criar um romance um tanto quanto bizarro com Killi, o anão, expondo uma forma bem inusitada de contestar a animosidade entre os dois povos. O lance entre os dois tem um desfecho trágico, o que — opinião minha — não contribui em nada para dar um viés mais dramático à história.

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos

Outro personagem, este existente no livro, que não faz sentido no desfecho da trama iniciada em 2012 é Alfrid (Ryan Gage, de “O Juiz”). Conselheiro de Esgaroth, ele fica deslocado na história e se todas as suas cenas fossem excluidas (ou se ele simplesmente tivesse sido mandado embora por seus concidadão nos primeiros cinco minutos do filme), não fariam a menor falta.

Entretanto, apesar de dois grandes exemplos de como Peter Jackson soube esticar a história de “O Hobbit”, “A Batalha dos Cinco Exércitos” não é tão cansativo e enrolado quanto “A Desolação de Smaug”. Desta vez, o filme passa mais corrido, até por focar mais nas batalhas do que em diálogos dispensáveis, e consegue envolver bem o espectador.

Mais bonito do que bom

O terceiro e derradeiro capítulo da trilogia “O Hobbit” melhorou em relação a seu antecessor, disso não há dúvidas. Além do mais, ele manteve o excelente aspecto visual já visto em todas as adaptações de Tolkien feitas por Peter Jackson: paisagens deslumbrantes, ambientação perfeita dos salões da Montanha Solitária, caracterização excepcional dos personagens (anões, elfos, humanos, orcs e magos), além das ótimas sequências de ação, todas no alto nível já conhecido do diretor quando este se aventura pela Terra-Média.

Mas, mais uma vez, apenas apelo estético não faz de um filme bem feito um grande filme. Se “Uma Jornada Inesperada”, o primeiro dos três filmes, conseguiu cativar muita gente, até mesmo alguns descrentes de que uma trilogia seria uma boa ideia como eu, o mesmo não se pode dizer dos capítulos seguintes. As coisas boas da última parte, como a loucura de Thorin pelo tesouro, a lealdade dos anões, as cenas de combate e até mesmo o gancho feito com os acontecimentos de “O Senhor dos Anéis” (algo inexistente na obra de Tolkien), não sustentam a obra e acaba deixando os fãs com um gosto amargo na boca.

Fonte das imagens: Divulgação/
Douglas Ciriaco

Cê tá pensando que eu sou lóki, bicho?