45º Festival de Gramado celebra Dira Paes e homenageia atores latinos

por
Lu Belin

17 de Agosto de 2017
Fonte da imagem: Festival de Gramado
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Tempo 🕐 8 min

Começa hoje, 17, e vai até o dia 26 de agosto a 45ª edição do Festival de Cinema de Gramado, um dos mais importantes eventos da área do Brasil. Com uma programação dedicada a destacar o melhor da mais recente safra de realizadores veteranos e de novos profissionais que despontam no cenário audiovisual brasileiro e latinoamericano, Gramado promete fazer uma festa à altura de seus 45 anos.

A pessoa escolhida para ser homenageada com o Troféu Oscarito nesta edição comemorativa foi a paraense Dira Paes, atriz com 33 anos de carreira e mais de 40 filmes no currículo. Em Gramado, Dira levou o Kikito em 2003, como melhor atriz coadjuvante, pelo longa “Noite de São João”, e em 2011, como melhor atriz, pelo curta “Ribeirinhos do Asfalto”.

Também prestando homenagem a um de seus grandes amigos e incentivadores, o Festival celebra a carreira do cineasta gaúcho Otto Guerra com o troféu Eduardo Abelin, distinção entregue a diretores, cineastas e entidades do cinema nacional.

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Há mais de quatro décadas fazendo carreira no cinema de animação, Otto esteve pela primeira vez no Festival em 1984 com "O Natal do Burrinho", que lhe rendeu o prêmio de melhor filme na Mostra Gaúcha de Curtas. Desde então, teve seus trabalhos premiados em outras seis edições do evento. "Esse tipo de legitimação, quando pessoas da área reconhecem o teu trabalho, dá um significado, um propósito", conta o homenageado.

Já o Kikito de Cristal, dedicado a expoentes do cinema latino-americano, será entregue à atriz argentina Soledad Villamil. Seu maior hit veio em 2009, quando atuou em “O Segredo dos Seus Olhos”, célebre longa argentino vencedor do Oscar de filme estrangeiro, mas sua relação com o cinema começou ainda no início da década de 1990.

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Soledad já havia trabalhado com o diretor Juan José Campanella em outro reconhecido filme argentino: “O Mesmo Amor, a Mesma Chuva”, de 1999, exibido no 28º Festival de Cinema de Gramado. Como atriz, a homenageada também acumula trabalhos no teatro e na televisão argentina.

Por fim, o Troféu Cidade de Gramado será entregue ao ator Antônio Pitanga. A estreia no cinema aconteceu em 1960, com “Bahia de Todos os Santos”, e, desde lá, o ator já participou de mais de 50 produções em uma prolífera e dedicada carreira ao cinema nacional.

A convivência com grandes diretores do Cinema Novo também despertou a vontade de dirigir filmes, concretizada em 1978, com “Na Boca do Mundo”. Presença constante no Festival de Cinema de Gramado, seja como concorrente, jurado, convidado ou simplesmente espectador do evento serrano, o baiano terá sua carreira celebrada com o troféu Cidade de Gramado, que também marca a sua longa relação com a cidade e o evento.

Mostras e atividades

Na mostra competitiva, o festival traz em 2017 longas-metragens brasileiros inéditos, em primeira mão no circuito nacional, depois de terem passado por festivais como Berlim e Cannes. O festival também fará a primeira exibição do primeiro filme Original Netflix produzido no Brasil, o drama “O Matador”.

Para o curador Rubens Ewald Filho, a múltipla e inédita seleção representa uma excelente resposta a um desafio que a curadoria tenta, a cada ano, mostrar ser possível superar: “Para algumas pessoas, às vezes pouco interessa se o cinema brasileiro vai bem como um todo. Elas querem saber é se ele vai bem em Gramado. Dessa forma, nossa missão é sempre renovar o Festival na medida em que ele se torne uma lenda também para novas gerações. Por tudo isso, o Festival está sempre em vias de transformação, crescendo e se modificando, mas sempre sem perder as características que o tornaram tão querido”.

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O momento também é de celebração para o cinema latino-americano, já que, em 2017, são comemorados os 25 anos da internacionalização do Festival. Segundo a curadora Eva Piwowarski, há muito o que se comemorar em relação ao cinema latino ao longo desse tempo: “Quando Gramado se internacionalizou, eram poucos os festivais de cinema, sobretudo os eventos voltados ao cinema latino, cuja produção também era muito mais tímida. Hoje já falamos de uma indústria cinematográfica verdadeiramente latina, onde praticamente todos os países estão produzindo. É fantástico que isso esteja acontecendo”.

Em meio a essa celebração, um recorde já dá a tônica para a mostra estrangeira de 2017: superando os números da última edição, são dez os países representados na competição, reforçando os fortes laços criados entre as cinematografias latinas em suas coproduções.

Cinema gaúcho em curta-metragem

Tradicional incentivo do Festival de Cinema de Gramado à mais recente safra do cinema realizado no Rio Grande do Sul, a Mostra Gaúcha de Curtas está novamente garantida através do acordo com a Assembleia Legislativa do Estado. Foram 125 produções inscritas, um recorde na categoria.

Os 14 filmes da mostra foram selecionados pela comissão escolhida em parceria com as entidades do cinema gaúcho. Integraram a comissão: Conrado Heoli, crítico de cinema; Denise Marchi, cineasta; Pâmela Haubert, cineasta; Tailor Diniz, escritor; e Thiago Köche, cineasta.

Filme de abertura: “João, o Maestro”

Abrindo a programação de longas do 45º Festival de Cinema de Gramado, “João, o Maestro”, do diretor Mauro Lima (“Tim Maia”, “Meu Nome Não é Johnny”), será exibido hors-concours no dia 18 de agosto. Estrelado por Alexandre Nero, o filme é baseado na vida do pianista brasileiro João Carlos Martins, um dos poucos músicos a gravar a obra completa de Bach. Os atores Rodrigo Pandolfo, Alinne Moraes e Caco Ciocler também fazem parte do elenco.

Canadá, o país convidado de honra

Em uma iniciativa inédita, o Festival de Cinema de Gramado apresenta o Canadá como país convidado de honra. Além da presença do consulado e de uma delegação que acompanhará de perto a programação do evento, o Canadá também trará para Gramado sua expertise na produção audiovisual com seminários e workshops ministrados por prestigiadas instituições de ensino do país.

O cronograma de atividades já está sendo definido pela embaixada do Canadá no Brasil junto à Gramadotur. O convite para ser o país convidado de honra do Festival de Cinema de Gramado vem em um momento festivo para o Canadá, uma vez que, em 2017, é comemorado o sesquicentenário do país.

Gramado Film Market: Conexões

Propiciando um ambiente para estreitamento de relações e criação de novos contatos, o 45º Festival de Cinema apresenta o Gramado Film Market: Conexões, direcionado a profissionais e universitários do segmento audiovisual.

Painéis temáticos e oficinas focados na ampliação de segmentos, visão de expertises, futuro, incentivo a coproduções, novos negócios e network farão parte da programação. O Gramado Film Market: Conexões acontecerá nos dias 24 e 25 de agosto.

Filmes em Competição

Longas-metragens brasileiros

  • “A Fera na Selva” (RJ), de Paulo Betti, Eliane Giardini e Lauro Escorel
  • As Duas Irenes” (SP/GO), de Fábio Meira
  • “Bio” (RS), de Carlos Gerbase
  • Como Nossos Pais” (SP), de Laís Bodanzky
  • O Matador” (PE), de Marcelo Galvão
  • “Não Devore Meu Coração!” (RJ), de Felipe Bragança
  • “Pela Janela” (Brasil/Argentina), de Caroline Leone

Longas-metragens estrangeiros

  • “Los Niños” (Chile/Colômbia/Holanda/França), de Maite Alberdi
  • “Pinamar” (Argentina), de Federico Godfrid
  • “El Sereno” (Uruguai), de Oscar Estévez & Joaquín Mauad
  • “Sinfonía para Ana” (Argentina), de Virna Molina e Ernesto Ardito
  • “El Sonido de las Cosas” (Costa Rica), de Ariel Escalante
  • “La Ultima Tarde” (Peru), de Joel Calero
  • “X500” (Colômbia/Canadá/México), de Juan Andrés Arango

Curtas-metragens brasileiros

  • “#feique” (RJ), de Alexandre Mandarino
  • “A Gis” (SP), de Thiago Carvalhaes
  • “Cabelo Bom” (RJ), de Swahili Vidal
  • “Caminho dos Gigantes” (SP), de Alois Di Leo
  • “Mãe dos Monstros” (RS), de Julia Zanin de Paula
  • “Médico de Monstro” (SP), de Gustavo Teixeira
  • “O Espírito do Bosque” (SP), de Carla Saavedra Brychcy
  • “O Quebra-cabeça de Sara” (RJ), de Allan Ribeiro
  • “O Violeiro Fantasma” (GO), de Wesley Rodrigues
  • “Objeto/Sujeito” (SP), de Bruno Autran
  • “Postergados” (SP), de Carolina Markowicz
  • “Sal” (SP), de Diego Freitas
  • “Tailor” (RJ), de Calí dos Anjos
  • “Telentrega” (RS), de Roberto Burd

Lu Belin

Eu queria ser a Julianne Moore.