"Visages, Villages" eleito melhor documentário pelo Spirit Awards

por
Lu Belin

06 de Março de 2018
Fonte da imagem: Cine Tamaris
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

Indicado ao Oscar de Melhor Documentário em Longa-Metragem, "Visages, Villages", da diretora francesa Agnès Varda recebeu neste sábado (03/03) o Spirit Awards na mesma categoria.

Maior premiação do cinema independente norte-americando, o Spirit Awards reconheceu o valor do filme que a Academia não enxergou no mesmo nível, dando o prêmio de Melhor Documentário para "Ícaro"

"Visages, Villages" é dirigido por Agnès Varda e o artista plástico JR. Com 89 anos, Agnès é considerada a pessoa mais velha a disputar a estatueta. No ano passado, ela recebeu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra.

Único nome feminino por trás da Nouvelle Vague e uma das mais importantes cineastas da história do cinema, Agnès Varda desenvolveu seu trabalho com igual interesse e força pela ficção e pelo documentário, por questões políticas, sociais e feministas, assim como por temas e reflexões pessoais.

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Nascida em Bruxelas, na Bélgica, em 1928, a Segunda Guerra Mundial fez sua família mudar-se para o sul da França. Em Paris, estudou história da arte e fotografia e em pouco tempo começou a trabalhar com cinema com a ajuda de Alain Resnais.

Seu primeiro trabalho, La Pointe Courte, já indicava o cinema que iria desenvolver. Em 1962, fez um de seus mais importantes longas-metragens, Cléo das 5 às 7. Seu longa seguinte, As Duas Faces da Felicidade (1965), vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim, foca uma família perfeita à primeira vista, não fosse o patriarca um homem infiel, apesar de feliz no casamento.

No final da década de 1960, Varda e seu marido, o também cineasta Jacques Demy, mudaram-se para Los Angeles, durante a efervescência da contracultura nos Estados Unidos. De volta à Europa, passou os anos 70 e 80 entre documentários, ficções, curtas e longas-metragens, em um dos períodos mais criativos e de maior produção em sua carreira.

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Dessa época são filmes como Daguerreótipos (1976), retrato silencioso do cotidiano da rua Daguerre, na capital francesa; Uma Canta, a Outra Não(1977); Os Renegados (1985), vencedor do Leão de Ouro e do Prêmio da Crítica no Festival de Veneza; além de Jane B. por Agnès V. (1988), dedicado e protagonizado pela musa do cinema francês Jane Birkin.

A morte de Jacques Demy em 1990 rendeu duas homenagens dirigidas por ela: Jacquot de Nantes (1991), e O Universo de Jacques Demy (1995). Também em 1995 estreou As Cento e Uma Noites. Na década seguinte, os documentários ganharam outra dimensão em sua filmografia. Com uma abordagem reflexiva, memorialística e irreverente, Varda se colocou como personagem e voz ativa nos filmes.

Após um breve hiato no cinema, Varda retorna às telas com Visages, Villages, feito em parceria com o artista visual francês JR, em que fazem uma viagem de caminhão por pelo interior da França, convidando pessoas a serem fotografadas e a segui-los. O filme foi vencedor do Olho de Ouro no Festival de Cannes.

Em sua extensa e premiada trajetória, recebeu prêmios pela relevância de sua carreira em festivais como Cannes, Locarno e San Sebastián. Em outubro de 2017, Varda foi homenageada pela 41ª. Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, com retrospectiva de seus mais importantes filmes e com o Prêmio Humanidade.

Sobre "Visages, Villages"

Agnès Varda e JR têm coisas em comum: sua paixão por imagens e, mais particularmente, o questionamento sobre os lugares onde elas são mostradas e a maneira como são compartilhadas e expostas. Agnès escolheu o cinema. JR escolheu criar galerias fotográficas ao ar livre.

Quando os dois se conheceram, em 2015, imediatamente quiseram trabalhar juntos — fazer um filme percorrendo o belo interior da França. Em encontros aleatórios ou planos pré-concebidos, eles partem em direção a outras pessoas e as convidam a segui-los em sua viagem no caminhão fotográfico de JR.

Veja o trailer de Visages, Villages

Visages, Villages

Rostos e lugares

Diretor: Agnès Varda, JR
Duração: 89 min
Estreia: 25 / Jan / 2018
Lu Belin

Eu queria ser a Julianne Moore.