Critica do filme Doutor Sono | O Mundo é um lugar faminto

Doutor Sono agrada, mas não encanta. O grande problema do filme é que, por mais injusto que seja, ele deve ser diretamente comparado com as obras de Stephen King e o filme O Iluminado de Stanley Kubrick. A comparação é necessária não apenas por se tratar de uma sequencia da história, mas por conta de todas as diferenças da controversa adaptação de Kubrick, até hoje execrada por King e celebrada por cinéfilos. Assim, é necessário antes de qualquer coisa se posicionar como uma sequencia do livro ou do filme, algo que Mike Flanagan não consegue definir ao longo de toda a película.

Caso você seja capaz de olhar para além do clássico talvez Doutor Sono pareça de fato melhor do que realente é. Sem desmerecer o trabalho de Flanagan — que já mostrou capacidade com o gênero na boa adaptação de Jogo Perigoso e no excelente A Maldição da Residência Hill — ele não é nenhum Kubrick e suas escolhas empurram o filme mais a aventura fantástica do que para o suspense sobrenatural.

De maneira encapsulada, Doutor Sono é interessante, mesmo que não acerte em cheio os fãs de terror. A história de King cria uma mitologia própria ao mesmo tempo em que revisita os demônios exorcizados em O Iluminado. O filme acerta o ritmo, mas perde boas chances de se tonar algo maior. Com pouco mais de duas horas e meia é um filme se mantém ágil, mas sem apresentar muito conteúdo.

No final, ficamos com a sensação de que, seja em seu formato literário, ou como uma grande adaptação cinematográfica hollywoodiana, O Iluminado não precisava de uma continuação.

Fantasmas do passado

Após os acontecimentos do Hotel Overlook, Danny Torrance e sua mãe se mudam para Flórida, mas os fantasmas seguem atormentando o garoto. Até que o espírito de Dick Hallorann surge para ensinar Danny a utilizar seus poderes psíquicos para conter as assombrações. Nesse tempo, somos apresentados a Rose Cartola a líder do Verdadeiro Nó, uma guilda de seres quase-imortais que se alimentam da essência de pessoas “iluminadas” como Danny.

Quase trinta anos se passaram desde a morte de seu pai Jack no hotel Overllok, mas Danny ainda sofre com outros fantasmas do passado, o legado de alcoolismo e temperamento violento de seu pai. Tentando fugir desses demônios pessoais, Danny vaga pelo interior dos Estados Unidos, até o dia em que chega à pequena cidade de Frazier, onde parece encontrar um lugar de paz tanto física e emocionalmente.

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Danny trabalha em uma clínica de cuidados paliativos, onde utiliza seus poderes para ajudar pacientes terminais a morrer em paz com tranquilidade, quando descobre a existência de Abra Stone, uma garotinha “iluminada” que mantém contato psíquico com ele.

O que era apenas uma “amizade a distância” é forçada quando Rosie e o Verdadeiro Nó descobrem a existência de Abra e, atraídos pelo tremendo poder da garota, começam uma caçada sobrenatural para consumir a essência dela.

A trama possui vários elementos interessantes e o trabalho de Flanagan torna tudo muito ágil, apenas do filme rodar por mais de duas horas e meia. O problema aqui é que, mesmo com todo esse tempo de duração, o filme não consegue explorar os pontos mais interessantes da obra, como os membros do Verdadeiro Nó e, principalmente, o relacionamento de Danny com seu pai.

Um mundo iluminado

Por incrível que pareça Ewan McGregor (Danny Torrence), maior nome da película, não é o grande destaque do filme. Operando em baixa rotação, talvez por escolha criativa do ator para evocar o cansaço mental do personagem, McGregor não brilha tanto quanto suas companheiras de tela, Rebecca Ferguson (Rose Cartola) e Kyliegh Curran (Abra Stone).

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Ferguson que passou a chamar a atenção depois de aparecer nos últimos dois filmes da franquia Missão: Impossível entrega uma personagem intrigante que cativa o espectador apesar de seus atos perversos. Enquanto isso, Kyliegh Curran se destaca com sua confiança (que beira a arrogância) em um equilibro que mistura elementos de ambas as personagens e ainda sim emana inocência.

Sem entrar em detalhes da trama e estragar eventuais surpresas da história, é uma pena que, nem mesmo nos flashbacks, não tenha sido utilizados modelos dos atores originas de O Iluminado, dito isso, Carl Lumbly, Alex Essoe e Henry Thomas fazem um bom trabalho na pele de personagens que foram eternizados por Scatman Crothers, Shelley Duvall e Joe Turkel. Fica também o destaque para ótima cena de Jacob Tremblay que em poucos minutos de cena dá um tom muito mais sinistro a todo o filme, desencadeando toda a trama.

Se a sua estrela não brilha, não tente apagar a minha

A verdade é que Mike Flanagan não faz nada muito errado, mas também não apresenta nenhum acerto sensacional. O filme se desenvolve com relativa agilidade e não se torna enfadonho em nenhum momento — há sempre algo acontecendo na tela para prender a atenção. Alguns truques bem elaborados do diretor, que também assina o roteiro, criam imagens inteligentes para a representação dos poderes psíquicos dos iluminados e do Verdadeiro Nó.

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O problema de Doutor Sono é bem mais simples e impossível de ser contornado, não se trata de um filme de Stanley Kubrik. Além disso, apesar da fala de Flanagan, o filme não se posiciona definitivamente como sequencia do livro ou do filme. É preciso entender as diferenças criativas por trás de cada obra e isso guia sim o desenvolvimento de uma continuação.

Doutor Sono não é ruim, mas não empolga. Falta o tempero kubrickiano e umas pitadas de Nicholson para dar sabor ao filme

King escreve O Iluminado e o descreve como uma de suas obras mais autobiográficas, tendo concebido o livro enquanto ele próprio lutava contra o alcoolismo em um hotel muito similar ao Overlook. Enquanto a produção de Kubrick é tão complexa que existem filmes sobre o filme e seus significados.

Ao tentar agradar ambos os lados o filme peca por não encontrar a sua própria identidade, parecendo algo estéril. Doutor Sono é um bom filme e certamente encontrará um público cativo, mas nunca terá o mesmo apelo que o original.

A Maldição do Espelho (2019) | Novo trailer legendado e sinopse

O sinistro fantasma da Rainha de Espadas está novamente sedento por sangue, e, desta vez, suas vítimas são os alunos do internato localizado numa antiga mansão, envolta em rumores sombrios. Divertindo-se com as histórias de terror sobre os assassinatos de crianças nesta casa no século XIX, os adolescentes encontram na ala abandonada do edifício um espelho misterioso coberto de desenhos misteriosos. Por diversão, os alunos iniciam diante desse espelho o ritual místico de chamar o espírito da Rainha de Espadas para realizar seus desejos mais íntimos, esperando que o fantasma os cumpra. Os jovens não sabem que suas próprias almas serão o preço a pagar por cada capricho que virá, e que a Rainha de Espadas não descansará até que conseguir todos eles.

Lista | Histórias assustadoras para ver no escuro

"Crianças, venham ver!
Algo estranho vai acontecer.
E quem nos acompanhar
Com certeza vai se assustar.
É o halloween. é o halloween!
Os fantasmas vão passear.
É o halloween!
Todo mundo canta assim.
Assustar os vizinhos
E então se mandar,
Sem chorar, pois não é o fim.
Começou o halloween."

Isso mesmo criançada é Halloween e a bruxa está rondando o Café com Filme. Para aproveitar o clima a gente preparou uma lista com algumas histórias assustadoras para ver antes de dormir. Confira as melhores antologias de terror, coletâneas com histórias fantasmas, monstros e psicopatas. Você vai encarar forças sobrenaturais e seus demonios pessoais em contos de diferentes diretores e escritores cujo fio condutor é o medo em si.

Temos Stephen King, John Carpenter, Wes Craven, Tobe Hooper, Sam Raimi, Roger Corman, Spike Lee, Park Chan-wook, Takashi Miike e outras assombrações cinematográficas. Filmes com pequenos vislumbres do que se esconde nas sombras estrelados por monstros da telona, incluindo, Christian Slater, Mark Hamill, Steve Buscemi e Julianne Moore.

Olhos de Gato | Trailer oficial e sinopse

Um gato é o elo entre três histórias de terror escritas por Stephen King. O primeiro episódio é sobre Morrison (James Woods), que integra um grupo de ajuda para fumantes, liderado pelo Dr. Monatti (Alan King). No segundo episódio, Cressner (Kenneth McMillan) é um viciado em jogos de azar que faz uma aposta com o amante da esposa. No último episódio, uma garotinha (Drew Barrymore) é aterrorizada por uma pequena e assustadora criatura.

Queen & Slim | Trailer legendado e sinopse

Durante um primeiro encontro "esquecível" em Ohio, um homem negro (Daniel Kaluuya, de Corra!) e uma mulher negra (Jodie Turner-Smith, em seu primeiro papel no cinema) são detidos por uma pequena infração de trânsito. A situação se intensifica, com resultados repentinos e trágicos, quando o homem mata o policial em legítima defesa. Aterrorizado e com medo por suas vidas, o homem, um funcionário do varejo, e a mulher, advogada de defesa criminal, são forçados a fugir. Mas o incidente é capturado em vídeo e viraliza, e o casal involuntariamente se torna um símbolo de trauma, terror, pesar e dor para pessoas de todo o país. Enquanto dirigem, esses dois fugitivos improváveis se descobrirão nas circunstâncias mais terríveis e desesperadoras, e criarão um amor profundo e poderoso que revelará sua humanidade compartilhada, que moldará o resto de suas vidas.