True Detective

Uma série policial com uma pegada cinematográfica

por
Fábio Jordan

13 de Janeiro de 2014
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Tempo 🕐 5 min
Infográfico (Blog)

Hoje, à meia noite, a HBO transmitiu o primeiro episódio de “True Detective”. A série é centrada em Martin Hart (Woody Harrelson) e “Rust” Cohle (Matthew McConaughey), dois detetives do Departamento de Polícia de Luisiana que trabalharam juntos nos anos 90.

Em 2012, ambos são interrogados sobre seu caso mais famoso: o homicídio de uma prostituta em 1995 por um aparente assassino em série. Enquanto relembram o caso, o passado e a relação de ambos durante os últimos 17 anos se tornam o foco principal da história.

Vendo essa sinopse, o enredo não parece tão excepcional, ainda mais que já vimos filmes com histórias similares, mas não estamos tratando de mais um longa ou de uma série qualquer. O projeto em questão é uma série da HBO (que já nos apresentou algumas das melhores séries de todos os tempos) com atores já consagrados. Será que a série supera expectativas?

Um caso curioso

True Detective começa mostrando o caso que serve de pano de fundo para os episódios que serão transmitidos nas próxima semanas. No primeiro, podemos ver mais um daqueles casos raros que são ideais para grandes filmes. Uma moça brutalmente assassinada apresenta uma série de pontos a serem investigados.

Amarrada a uma árvore, sem roupas, com marcas de uma suposta seita (satanismo é sempre a primeira suposição) em suas costas, uma esquisita coroa na cabeça, hematomas por todo o corpo, indícios de estupro e assim por diante deixariam qualquer detetive sem saber por onde começar.

Martin Hart não sabe bem como reagir, mas Rust Cohle, conhecido pelo apelido de “homem dos impostos”, é um sujeito cheio de mistérios que começa a anotar todos os mínimos detalhes em seu grande caderno e, sem precisar de muitas pistas, logo esboça uma opinião baseada em suposições.

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Não convém comentar sobre tudo que rola neste primeiro episódio, mas há outras pistas e constatações que são reveladas. Ao que tudo indica, a história deve ter detalhes a serem explorados nos demais episódios, o que é excelente, pois temos aqui um enredo policial à la filme de Hollywood, mas com a possibilidade de ser bem explorado.

Montando o quebra-cabeça

O caso de True Detective é interessante e contá-lo de forma linear daria muito certo, mas trabalhar com o convencional não é ideal para um momento em que as séries policiais estão saturadas e manjadas. Pensando nisso, o roteirista Nic Pizzolatto intercalou os detalhes do passado com uma narração no presente.

Aos poucos, o espectador conhece os detalhes, recebe opiniões de Rust (um policial cheio de mistérios) e começa a compreender os perfis dos policiais. Neste primeiro episódio, muita coisa fica no ar e não dá para ter muita noção das proporções que a história vai tomar. De qualquer forma, só conseguiremos encaixar algumas informações no futuro.

Boa parte dos mistérios da série serão mantidos pelos personagens. Um (Woody Harrelson) é mais aberto e parece o típico detetive que joga seguro. O outro (Matthew McConaughey) é mais fechado, usa frases sem sentido (como se fosse um personagem de TV), é pessimista, mas, apesar de tudo isso, é o grande destaque da série. Parece que ele é o True Detective.

A pegada Hollywoodiana

Pelo trailer que havia conferido previamente na HBO, eu já tinha reparado que esta não era uma série barata com poucas ambições. Após ver o primeiro episódio tenho certeza de que este é um projeto ousado que quer trazer diversos elementos dos filmes para a televisão.

Fotografia, direção, roteiro, trilha sonora e atuação foram devidamente planejados para construir uma série com cara de filme. Cada tomada é pensada com cautela. As paisagens e ambientes escolhidos são geniais.

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A musicalidade combina perfeitamente, mas não se sobressai e ofusca outros elementos importantes. Até agora, as atuações estão ótimas, mas vale destaque principalmente para McConaughey, que incorpora muito bem os mistérios e a personalidade incomum do detetive que tem sacadas quase tão geniais quanto as de Sherlock Holmes.

Não dá para afirmar que tudo que vem por aí vai ser espetacular, mas, julgando pelo que vi até agora, aposto minhas fichas de que seremos surpreendidos por True Detective. Talvez, a série não sirva como base para outras, afinal ela é ousada em todos os sentidos, porém este projeto pode sim despertar o interesse do público novamente para este gênero.