Justice Smith - Café com Filme

Crítica do filme Todo Dia | Um pezinho fora da caixa

E se você acordasse todos os dias e estivesse em um corpo que não é igual o que você tinha ontem, em uma outra casa e com outra família, sabendo que no dia seguinte será uma pessoa totalmente diferente de novo? Esta é a premissa do filme "Todo Dia", nova comédia romântica de Michael Sucsy, com roteiro de Jesse Andrews a partir do livro original de David Levithan.

Nele, Rhiannon (Angourie Rice) é uma jovem que segue uma rotina típica de ensino médio, lidando com questões familiares enquanto tenta atrair a atenção de seu namorado Justin (Justice Smith), um menino claramente mais preocupado com o futebol e com os amigos do que com ela.

Enquanto isso, uma outra pessoa vive uma rotina completamente diferente disso, sem se preocupar com o futuro ou com os dramas adolescentes cotidianos. A cada manhã, “A” desperta como uma pessoa completamente diferente de quem era no dia anterior e tudo muda quando ela assume justamente o corpo de Justin por um dia.

O problema é que neste dia A se apaixona por Rhiannon e passa a procurá-la todos os dias, tornando Rhiannon a primeira pessoa a saber da sua existência.

tododia2 113ad

Não vai ser difícil conquistar a mocinha, já que Justin normalmente a trata como lixo. E é como diria o Chorão, se “você deixou ela de lado pra falar com seus amigos sobre as suas coisas chatas”, e ela deu brecha, alguém se aproximou pra tomar seu lugar.

Uma aventura

A premissa de "Todo Dia" é cheia de possibilidades. Afinal de contas, imagine namorar alguém que todos os dias tem uma aparência distante da que tinha em todas as outras vezes que você a viu antes? E namorar alguém que um dia é homem, no outro é mulher, independente da sua orientação sexual? Como fazer planos para o futuro? Como apresentar a pessoa para a sua família?

tododia1 c613b

Se relacionar com A começa a se tornar um verdadeiro desafio, que Rhi está disposta a encarar. Com muito bom humor, cenas românticas e takes divertidos, e de forma não totalmente desprovida de reflexões existenciais, o longa-metragem é muito bem-sucedido em reunir todos estes quesitos.

E apesar de serem todos muito iniciantes e, mesmo os adultos não serem muito conhecidos, os atores que participam do filme são competentes em seus papeis, especialmente a protagonista Angourie Rice. Ela, no entanto, já traz na conta alguns longas, entre eles "Homem-Aranha: De Volta ao Lar" e "O Estranho que Nós Amamos".

Com uma trilha sonora animadinha e cenas bonitas, o filme é uma excelente pedida para os fãs do gênero, com uma pegada bastante original e uma execução divertida.

Crítica do filme Jurassic World: Reino Ameaçado | Mirando no suspense e errando

Jurassic Park” já era, agora estamos no “Jurassic World: Reino Ameaçado”. Três anos após os eventos do primeiro filme, os dinossauros finalmente estão vivendo sem a inconveniente interferência dos humanos na Isla Nublar. Mas infelizmente os dinossauros nunca podem viver em paz, e um vulcão entra em atividade na ilha, ameaçando os dinos a extinção novamente.

Mas ao invés de deixar a natureza seguir o seu curso natural, os desagradáveis humanos resolvem criar uma missão para resgatar os bichões, porque se os filmes fossem feitos de boas ideias, aparentemente não haveriam tantos filmes assim. E se tem uma coisa constante em Jurassic World, são as ideias ruins.

Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) e Owen Grady (Chris Pratt) não estão mais em um relacionamento, mas precisam deixar suas diferenças de lado para resgatar Blue, a velociraptor mais inteligente do mundo. Obviamente o objetivo dessa missão não é simplesmente salvar os animais, pois Eli Mills (Rafe Spall) está financiando tudo com a desculpa de criar um santuário para os dinossauros, mas na verdade pretende vendê-los em um leilão, seja para entreter os ricos ou para assuntos militares.

O diretor J.A. Bayona entrega uma visão intimista e interessante para “Reino Ameaçado”, e seu estilo está bem impresso: desastres naturais, monstros e um certo toque de terror e suspense estão impressas em seus trabalhos anteriores, e aqui ele tenta misturar esses elementos para ver se funciona.

As cenas que mais me marcaram são as que partem para o suspense e terror, já que poucas pessoas não se sentiriam intimidadas com a presença de répteis enormes prontos para caçar tudo que se mexe. A utilização das sombras e lampejos de luzes para criar a tensão são sem dúvidas as cenas mais interessantes, seja um Baryonyx andando por um túnel, revelando-se aos poucos a partir de gotas de lava, até o novo Indoraptor invadindo lentamente o quarto de uma criança.

jurassicworldfallen 1 e2ce3

Um filme sobre dinossauros em um parque exige uma grande suspensão de crença de seus espectadores, e até aí tudo bem. O problema é que todas as situações são pautadas na burrice dos humanos e diversas coincidências felizes. É só observar o quanto é precária a segurança de um parque repleto de animais gigantes loucos por carne, e sempre deixam as pessoas mais distraídas e sem armas para cuidar dos animais mais perigosos. Mas pra ser justo isso acontece em todos os Jurassic Park, então a tradição só foi mantida.

Se estiver encurralado com um dinossauro faminto, não se preocupe. Um T-Rex vai aparecer para te salvar e seguir seu caminho tranquilamente. 

As atuações dos protagonistas estão bem melhores, Chris Pratt atuando como Starlord e Bryce Dallas Howard tentando mostrar que é humana, não apenas uma empresária chata. No entanto, os papéis secundários foram bem mal utilizados, Franklin (Justice Smith) um nerd covarde que serve para abrir portas, e principalmente Zia Rodriguez (Daniella Pineda), uma paleoveterinária fodona que tinha tudo pra brilhar ainda mais, mas aparentemente estão ali apenas por motivos de diversidade. Eli Mills (Rafe Spall) e Gunnar Eversol (Toby Jones) são vilões bem caricatos, Eversol agindo como se não fizesse questão de estar ali, e não precisava mesmo, enquanto Mills é o empresário megalomaníaco sem caráter disposto a fazer qualquer coisa por um punhado de dinheiro, tudo bem clichê.

Os já famosos Benjamin Lockwood (James Cromwell) e Ian Malcolm (Jeff Goldblum) também retornam, mas nada que seja realmente indispensável. Lockwood, um dos fundadores do Jurassic Park, está na trama para adicionar um plot twist tão óbvio e sem propósito que você vai preferir esquecê-lo. O mesmo serve para Ian Malcolm, tentando adicionar uma camada de ética dentro da trama, mas é tão superficial que seria melhor deixar os dinos fazerem o trabalho sozinhos.

jurassicworldfallen 2 77d59

Mas existem sim, grandes momentos durante o longa, algumas cenas bastante memoráveis e belas, mas faltou a ousadia destruidora de seus antecessores. As lutas e cenas de ação em geral são bem fracas e grande parte do filme se passa em uma mansão, o que não ajuda muito a tornar as coisas interessantes. A sensação que fica é que esse filme é apenas uma introdução ou prelúdio para a história que a Universal e o roteirista Colin Trevorrow querem contar. Trevorrow escreveu e dirigiu o primeiro Jurassic World, e já está confirmado como diretor para a continuação de Reino Ameaçado, e a ideia de dinossauros vivendo livremente pelo mundo é infinitamente mais interessante que os dois Jurassic World juntos.

Uma das excelentes escolhas foi a utilização de animatronics, além do CGI. Grande parte do fascínio causado pelos primeiros Jurassic Park era exatamente o quanto esses bichos eram convincentes e intimidadores, e os efeitos práticos ajudam muito na hora de adicionar o realismo nas cenas. Apesar disso, não existe muitas razões para se empolgar com “Jurassic World: Reino Ameaçado”, apenas mais um filme para assistir se não tiver mais nada na TV.

Todo Dia | Trailer oficial e sinopse

Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, todo dia, "A" acorda em um corpo diferente. Mesmo que só por um dia, ele deve se adaptar ao novo corpo. Depois de 16 anos vivendo assim, "A" já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver com outras pessoas.

Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, "A" e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor. 

Jurassic World: Reino Ameaçado | Novo trailer legendado e sinopse

Quinto filme da franquia Jurassic Park. Reino Ameaçado é a continuação direta de Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros e mostrará Owen Grady (Chris Pratt) e seus Velociraptor em uma nova aventura, ao lado da ex-diretora do parque, Claire Dearing (Bryce Dallas Howard). O filme também conta com o retorno do Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum), o matemático estudioso da teoria do caos que aparece nos dois primeiro títulos da cinessérie.

LEGO Batman: O Filme | Novo trailer dublado e sinopse

Com o mesmo espírito irreverente e divertido que fez de "Uma Aventura LEGO" um fenômeno global, o auto-proclamado líder daquele grupo – LEGO Batman – estrela sua própria aventura na tela grande. Mas há grandes mudanças sendo tramadas em Gotham, e se ele pretende salvar a cidade dos planos do Coringa, Batman terá que abandonar a fachada de justiceiro solitário, aprender a trabalhar em equipe e, quem sabe, até aprender a relaxar um pouco.

Crítica do filme Cidades de Papel | Enredo envolvente, ótimo senso de humor

O público brasileiro se tornou relevante aos escritores best-sellers da Europa e dos Estados Unidos. A boa receptividade dos nossos leitores, principalmente adolescentes, é valorizada por meio de gestos cada vez mais frequentes. Por causa disso, começo chamando a atenção para a passagem de John Green pelo Brasil na semana passada e o fato da estreia de Cidades de Papel acontecer hoje em nosso país, enquanto que nos Estados Unidos ela está marcada apenas para daqui duas semanas.

Com um evento de grande porte que aconteceu quarta-feira passada no Rio de Janeiro, é claro que toda a mídia se movimentou e até o Fantástico dedicou longos minutos dominicais agraciando fãs com uma entrevista meia-boca. Mas se dependesse de toda essa desgastante repercussão, eu teria perdido facilmente a oportunidade de conhecer a experiência surpreendente de uma ótima adaptação.

Enquanto se costuma dizer que o filme jamais alcança a qualidade daquilo que está escrito, Cidades de Papel conta com algumas modificações para o cinema que tornam a obra mais envolvente. E isso não sou só em quem está dizendo: o próprio John Green se diz satisfeito em suas diversas entrevistas, com orgulho do resultado final e sem aquela arrogância que caracteriza gigantes como Alan Moore e Stephen King historicamente.

compras 1342f

O personagem principal da história é Quentin Jacobsen (Nat Wolff), que quando era criança viu Margo Roth Spiegelman (Cara Delevingne) se mudar para o bairro onde morava. Eles cresceram brincando juntos, alimentando grande sentimento no rapaz até que a adolescência chegou e a garota se tornou cada vez mais distante dele.

Quentin tem o perfil pouco descolado, o que explica esse afastamento de sua vizinha que optou por cultivar amizades com grande notoriedade perante os demais colegiais. Entretanto, ele é caracterizado com menos insegurança em comparação com a descrição que consta no livro. Além disso, o que deixa o enredo muito divertido é a relação que mantém com seus dois melhores amigos: Ben (Austin Abrams) e Radar (Justice Smith), ambos responsáveis por diálogos engraçados e piadas constantes.

comparsas c47e4

Ao descobrir que seu namorado está saindo com outra garota, Margo invade o quarto de Quentin durante a madrugada e o convida para participar de seu plano de vingança. Com o misto de amizade de amor platônico que ele sente, a cumplicidade se estabelece imediatamente mesmo após tantos anos sendo solenemente ignorado pela vizinha. A vingança dura até o amanhecer, tocando o terror por meio de criativas traquinagens na vida de quem a fez sofrer e causando bastante constrangimento no dia seguinte.

Margo opta por não acompanhar os resultados de seu plano perfeito e desaparece sem deixar vestígios. Exceto pelas pistas que parecem propositalmente direcionadas a Quentin, que obviamente vai atrás sem que seus amigos o deixem sozinho. Sua paixão é a motivação que o impulsiona até o local onde ela decidiu viver, mas sem que a trama se converta num daqueles episódios piegas de Malhação e sem que o desfecho seja um clichê final feliz.

amigos 78672

O que mais gostei nesse filme foi o ritmo: ele tem uma história leve e que se desenvolve de modo envolvente. Sem dúvidas o senso de humor é fundamental para falar de amor na adolescência, evitando que o clima fique desnecessariamente meloso.

Aliás, a questão do humor é uma ótima lição para todos nós: as piadas que envolvem questões raciais são muito engraçadas, mas nenhuma delas recorre ao racismo para conquistar o riso. É um jeito bem inteligente e contemporâneo de tratar de idiotices como a bandeira dos estados confederados, que recentemente reacendeu o polêmico debate entre os estadunidenses.