Noomi Rapace - Café com Filme

Millennium II - A Menina que Brincava com Fogo | Trailer legendado e sinopse

Um ano depois de ter realizado um bem-sucedido roubo milionário, Lisbeth Salander (Noomi Rapace) volta à Suécia e se estabelece novamente na capital Estocolmo. O jornalista Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist) continua como editor da revista Millenium e agora está auxiliando um colega, Dag Svensson, que escreve sobre tráfico sexual de jovens mulheres no país. A situação fica complicada quando Mikael vai à casa de Dag buscar umas fotos para a revista e encontra o jornalista e a namorada dele mortos. Na arma do crime, uma surpresa: as impressões digitais de Lisbeth estão por toda a parte. Mikael investiga o paradeiro de Lisbeth e busca contatos próximos a ela para localizar a moça. O passado de Lisbeth retorna para assombrá-la quando ela chega perto de quem armou contra ela. Baseado no segundo livro da Trilogia Millenium, de Stieg Larsson.

Millennium I - Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2009) | Trailer e sinopse

Harriet Vanger desapareceu 36 anos atrás sem deixar pistas na ilha de Hedeby, um local que é quase propriedade exclusiva da poderosa família Vanger. Apesar da longa investigação policial a jovem de 16 anos nunca foi encontrada. Mesmo depois de tanto tempo seu tio decide continuar as buscas, contratando o jornalista investigativo da revista Millennium, Mikael Blomkvist, que não está em um bom momento de sua vida, enfrenta um processo por calúnia e difamação. Mas, quando o jornalista se junta a Lisbeth Salander, uma investigadora particular nada usual, incontrolável e anti social, a investigação avança muito além do que todos poderiam imaginar.

A Entrega (2014) | Trailer legendado e sinopse

Um atendente de bar, Bob Saginowski (Tom Hardy), que busca deixar o universo do crime, acaba envolvido em uma complicada trama com um filhote de pit bull, um assalto e um assassinato. O bar onde Bob trabalha atende mafiosos e gângsters. Tudo fica ainda mais complicado para ele depois que se apaixona por Nadia (Noomi Rapace).

Crítica do filme Bright | Entre a luz e a sombra

Talvez por contar com uma premissa tão interessante, ou por arrebanhar nomes de peso como Will Smith, Joel Edgerton, David Ayer, Bright acaba ficando abaixo das expectativas. Mesmo assim, a nova adição ao serviço de streaming traz um vislumbre divertido de um universo fantástico pronto para ser explorado.

A ideia de revisitar o prolífico mundo dos filmes policiais — em especial o subgênero dos “tiras parceiros” — em uma ambientação pouco usual é muito inteligente e proporciona um bom espaço criativo para construção de um roteiro esperto, permitindo que várias brincadeiras com os próprios estereótipos do gênero.

Infelizmente, David Ayer — que já mostrou talento nesse nicho com o excelente Marcados para Morrer — faz escolhas estranhas, derrapa e não consegue navegar pelo roteiro, que por si só já não é nenhuma maravilha. Bright é um filme interessante, que possui uma premissa muito melhor do que o seu conteúdo propriamente dito. Trata-se de uma boa pedida para os assinantes da Netflix, mas não espere nada muito impressionante.

Um mundo de possibilidades

O universo de Bright é o grande destaque da produção. Em um mundo contemporâneo, magia e tecnologia se misturam criando situações inusitadas, como homens e orcs trabalhando lado a lado na policia, ou ainda elfos elitistas morando em Beverly Hills e ocupando cargos nos altos escalões do governo.

Para deleite dos fãs, tanto de fantasia como de filmes policiais, as metáforas estão por todos os lados. Segregação racial e estratificação social ganham roupagem fantástica para metaforizar nossa realidade dentro de um mundo mágico. O estilo urbano e os elementos fantásticos formam um cenário repleto de possibilidades, uma mistura divertida de As Cores da Violência e Senhor dos Anéis.

Entretanto, não somos devidamente apresentados a este mundo e todas as informações sobre o cotidiano surgem recortadas e, em nenhum momento, são devidamente abordadas. A escolha dessa abordagem sutil destoa demais do ritmo do filme — muito mais agitado e sem pausas para maiores contextualizações — assim, tais nunaces se perdem no meio dos tiros, explosões e encantos.

Fala sério mano

NPC

Will Smith, como já era de se esperar, entrega um desempenho sólido, mesmo sem qualquer esforço aparente. Na verdade, os últimos papéis do “Maluco no Pedaço” não têm exigido muito do ator que, inegavelmente, tem capacidade para muito mais do que alguns monólogos com os olhos inchados e o rosto coberto de sangue.

Noomi Rapace, sempre marcante, também não precisa fazer muito para chamar a atenção na pele de uma elfa maligna. Ela entrega cenas de ação dignas de Legolas, mesmo sem um Olifante. Além disso, sua fisionomia compenetrada transpira toda a obstinação da personagem.

Enquanto isso, Joel Edgerton (coberto de maquiagem) é o proverbial burro de carga do filme. Como o orc Nick Jacoby, o ator explora com muita habilidade as diferentes facetas do personagem mais interessante da trama. Equilibrando momentos cômicos, dramáticos e de ação pura o ator é o melhor na tela, mesmo que as lentes tentem dar mais atenção para Will Smith.

Já David Ayer escorrega mais uma vez. O diretor que já mostrou muito talento, como em Corações de Ferro e Marcados Para Morrer, faz escolhas erradas e perde as deixas narrativas, gerando um filme fragmentado, como em Esquadrão Suicida, também assinado pelo diretor.

Vixe, muita treta!

Max Landis parte de ideias interessantes, mas no final entrega um roteiro desinteressante. Mesmo assim, o filme ainda renderia uma história mais envolvente se a montagem fosse direta. Em suma, como em Esquadrão Suicida, o diretor parece se esquecer do que está acontecendo em seu próprio filme, e vai improvisando as coisas até que no final resta apenas uma coleção de vinhetas e não uma película coeso. Uma pena, pois o que poderia ser uma trama envolvente se resume a uma coleção de clipes (muito bem realizados) de perseguição e tiroteio. 

Luz no fim do túnel

Não seria nada surpreendente, e na verdade torço muito para isso, se a Netflix resolvesse apostar em um seriado ambientado no universo de Bright. Repleto de possibilidades, esse mundo de Orcs, humanos, elfos e magia em um cenário urbano contemporâneo (em vez da tradicional ambientação medieval) pode render um bom show policial com a qualidade já característica das produções Netflix.

Com ideias interessantes e alguns erros de execução, Bright é uma boa novidade no catálogo da Netflix

O filme perde muito justamente por não explorar esse universo. As metáforas são boas, mas rasas, e em pouco tempo tudo fica perdido no meio da ação.  No final você fica com o gostinho de quero mais, ou um gostinho de poderia ser melhor. Aproveitando analogia gastronômica falta “tempero".

Bright possui boas ideias e mesmo com alguns problemas o espectador ainda deve conseguir aproveitar boa parte das quase duas horas de filme. As cenas de ação são consistentes e as trocas entre Will Smith (o policial veterano) e Joel Edgerton (o orc novato), são o ponto mais divertido do filme.

Crítica do filme Onde Está Segunda? | Uma resposta obviamente egoísta

É inevitável. Todas as previsões apontam que os humanos vão conseguir acabar com o mundo que conhecemos num piscar de olhos. Não importa qual seja o plano mirabolante que inventem, pois a ganância de alguns vai se sobrepujar aos direitos de tantos outros.

Você já viu essa mesma história em vários filmes, livros, séries, jogos, gibis. Nos reproduzimos em progressão exponencial, o que resulta num consumo de recursos imensurável. E o planeta Terra não está pronto para dar tal suporte. Moral da história: vai dar ruim.

E como resolver? Bom, a China já adotou uma medida funcional: o controle populacional. Este é o argumento básico para o desenvolvimento de “Onde Está Segunda?”, que mostra um futuro não muito distante, em que o governo usa esta tática para, supostamente, dar condições de uma vida minimamente satisfatória para os humanos que habitam o planeta e para a próxima geração.

Assim, os casais podem ter apenas um filho. Qualquer criança a nascer posteriormente deve passar por um processo de criogenia, com a possibilidade de despertar numa época com maior abastância de recursos. Neste cenário, Karen Settman é agraciada com sete filhas gêmeas, mas não sobrevive ao parto. O avó das crianças então cria uma tática para elas sobreviverem neste regime controlado.

O plano é simples: cada uma recebe o nome de acordo com os dias da semana e só pode sair de casa naquele dia específico, porém todas elas são a mesma pessoa. Num belo dia, após muitos anos com o plano funcionando perfeitamente, uma das irmãs desaparece sem deixar vestígios. Agora, as seis irmãs – sem ter a quem recorrer – farão de tudo para solucionar esse mistério. Elas só tem um pequeno problema: o governo.

Isso é tão Black Mirror a lo pobre

A ambientação de “Onde Está Segunda?” é familiar. Já vimos cenários com sistemas rigorosos em outras produções como “Equilibrium” ou “Minority Report”, então nada de extraordinário nesse ponto. Sim, há um excelente trabalho de design de cenários, que garante uma apresentação de um mundo convincente, mas não espere nada surpreendente como um “Blade Runner”.

As limitações de orçamento parecem impactar nas tecnologias apresentadas, então nada do que é mostrado deve surpreender os mais aficionados. Os sistemas visuais são genéricos e as poucas inovações para interação com os personagens deixam o andamento da carruagem muito por conta dos diálogos e situações das personagens principais. Assim, o desenvolvimento não é tão viajado.

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E depois de alguns minutos neste mundo superpopuloso e controlado, é impossível que a gente não faça a conexão e solte um “isso é tão Black Mirror”. Contudo, assim como na série que surpreendeu uma galera com alguns roteiros supostamente criativos, não há nada de muito inédito do ponto de vista tecnológico neste longa-metragem. Tudo é coerente, porém o filme não tenta ser incrível neste aspecto.

Notáveis mesmo são as incoerências tecnológicas. Num mundo em que o governo mantém controle absoluto da população, o roteiro falhar em premissas básicas – como um método mais rigoroso para o controle populacional – é simplesmente patético. Daí para frente, tudo só tende a piorar, pois já estamos anos-luz à frente do GPS tradicional e de técnicas de vigilância.

“Ah, Fábio, mas isso é só um filme”. Pois é, mas é um filme que tenta empurrar uma história com base em tecnologia, então o mínimo que os roteiristas precisam fazer é entregar coerência e dar argumentos para os espectadores acreditarem que aquilo é real, ainda mais numa época em que estamos tão conectados e conhecemos minimamente as capacidades da rede mundial.

A emenda saiu pior do que o soneto

Apesar da pegada de ação impressionante em boa parte do longa-metragem, me parece que falta ousadia do diretor em alguns momentos. A execução é satisfatória para a proposta geral, mas sabe quando você pensa “putz, podia ter uma câmera lateral aqui, mostrando melhor essa cena de perseguição?”. Pois é, talvez só eu penso nisso, porém fica aqui meu pitaco de que dava pra fazer diferente e possivelmente melhor – na verdade, sempre dá, né?

O roteiro por outro lado esbanja nos exageros, tanto que fica até forçado e a gente fica descrente, já que as personagens não são agentes secretas ou soldadas com habilidades incríveis. Sim, é claro que existe licença poética, mas eu sou sempre de argumentar quanto à preguiça notável dos escritores, que muitas vezes não fazem questão de caprichar e deixar a história devidamente amarrada.

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Apesar dos pesares, há grandes méritos ao elenco. O destaque fica para Noomi Rapace, que se desdobra em sete para interpretar as gêmeas em diferentes situações. Falando assim parece simples, mas só de pensar em tantas identidades visuais com diálogos distintos, trejeitos exclusivos e interações próprias para cada papel, dá para ter uma ideia do trabalho árduo da atriz.

A participação de Willem Dafoe e Glenn Close também agregam valor à obra, sendo que ambos dão fôlego à protagonista ao balancear o roteiro com cenas explicativas, que deixam o ritmo mais lento em alguns pontos. Aliás, importante notar que a trama segue um rumo bem diferente daquele que se pode ter a impressão pelo trailer. Particularmente, eu esperava um filme menos agitado e mais tenso.

No fim, falta criatividade no desenvolvimento e sustância para uma história mais coerente, o que dá argumento para questionarmos a consistência dessa ficção. Todavia, o tema ainda é muito importante e novas visões são sempre válidas. Ainda que não seja perfeito, “Onde Está Segunda?” é um bom filme do Netflix e leva nossa recomendação.