Chris Evans - Café com Filme

Antes do Adeus | Trailer oficial e sinopse

Nick Vaughan (Chris Evans) é um trompetista tentando fazer uns trocados numa estação de trem. Brooke Dalton (Alice Eve) é uma moça que está prestes a perder seu trem e que, na correria, acaba derrubando o celular ao passar pelo músico. Agora, presa na cidade de Nova York durante uma noite, ela aceita a ajuda do rapaz e divide vários momentos com este estranho.

Capitão América: Guerra Civil | Diferenças entre os quadrinhos e o filme

Em 2006, a Marvel Comics lançou um arco que envolve os maiores personagens em um evento mundial conhecido como Guerra Civil. Buscando fugir do velho tema “mocinho batendo nos bandidos”,  essa é uma história dramática, emocional e repleta de dilemas morais que se extendem por todas as publicações da época, dividindo os heróis em dois grupos.

Nenhum dos lados está totalmente certo, pois ambos tem argumentos válidos, seguindo ideologías diferentes. As soluções não parecem tão óbvias, e você não vai vibrar porque um dos lados venceu, mas chorar porque um deles teve que perder. E todos esses elementos tornam a história muito atraente.

Dez anos depois, "Capitão América: Guerra Civil" será baseado nessa mesma premissa. Mas como toda adaptação, possui elementos diferentes dos quadrinhos em que foram inspirados. E para quem quer saber mais sobre esse evento mas não tem paciência para ler todos os quadrinhos, apontaremos as principais diferenças desse filme que promete ser tão grandioso quanto a história original.

Recapitulando...

No primeiro filme do Homem de Ferro, Tony Stark revela sua identidade ao mundo, todos sabem que Steve Rogers se tornou o Capitão América e não é mistério para ninguém que Bruce Banner é o Hulk. Além disso, personagens como Viúva Negra e Gavião Arqueiro nem mesmo usam máscara! Então podemos concluir que as identidades secretas não são tão relevantes assim. Porém, heróis como Homem-Aranha e Demolidor, contam com esse segredo para proteger pessoas que amam.

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De qualquer forma, esse provavelmente não será o foco do filme, não existirá “A Lei de Registro de Super-Humanos”, cujo objetivo nos quadrinhos é acabar com as identidades secretas. O foco do filme é o “Tratado de Sokovia”, um documento que visa controlar as atividades dos Vingadores, mediante as leis das Nações Unidas.

Capitão América é contra o Tratado, pois em “Capitão América 2 - O Soldado Invernal”, Steve vê a organização secreta que ele mais confiava (S.H.I.E.L.D) ser destruída por dentro pela HYDRA, além de querer proteger seu velho amigo Bucky “Soldado Invernal” Barnes, entendendo que ele foi apenas mais uma vítima da HYDRA.

Por outro lado, Tony Stark ainda sente-se culpado e responsável por proteger o mundo após a falha tentativa de criar Ultron para essa tarefa, e entende que deve assumir a culpa de seus atos e evitar que eventos como esse aconteçam novamente. Vamos aos detalhes e diferenças:

O Incidente Inicial

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Nos quadrinhos, tudo começa quando um grupo de jovens heróis bem secundários conhecidos como Novos Guerreiros tentam prender um vilão muito acima do nível deles, chamado Nitro. Os Novos Guerreiros descobrem o esconderijo de Nitro e sua gangue, e decidem que é uma boa ideia tentar prendê-lo enquanto gravam um reality show, porque é isso que jovens fazem.

Nitro é perseguido por um dos integrantes e acaba utilizando seus poderes e gera uma enorme explosão a partir de seu próprio corpo, que se espalha por muitos quarteirões e mata 600 pessoas, incluindo os Novos Guerreiros. A população se revolta contra os super-heróis e força o governo a monitorar e treinar pessoas com superpoderes, para evitar que brincadeiras irresponsáveis como essa se repitam.

Como os Novos Guerreiros não existem no Universo Cinematográfico da Marvel, os eventos que culminam na Guerra Civil são iniciados pelos efeitos colaterais das missões da equipe Vingadores. Após a Batalha de Nova York e a destruição da nação Sokovia (visto em Vingadores 1 e 2, respectivamente), Thaddeus Ross é responsável por apresentar o Tratado de Sokovia aos heróis, gerando a primeira divisão de opiniões.

Personagens Envolvidos

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Nas HQs, o Registro afeta praticamente o mundo todo. Todos os super-humanos, inclusive vilões, precisam escolher de que lado ficar, mesmo que não participem ativamente da Guerra, e isso é explorado com mais detalhe nas edições individuais de cada herói.

No cinema, sabemos que apesar da quantidade impressionante de personagens em um só filme, nem se compara a infinitude dos quadrinhos. Vale apontar que por motivos de direitos autorais da Fox, o Quarteto Fantástico não está presente. Reed Richards, o Senhor Fantástico, possuí um papel bem significante na história, ficando ao lado de Tony Stark o tempo todo.

Não se sabe ainda se esse papel será substituído por Bruce Banner (Hulk), mas tudo indica que ele continuará desaparecido e fará ponta no próximo filme do “Thor: Ragnarok”. Thor está em Asgard e só aparece bem mais tarde, por isso é improvável que participe do filme.

Por que o Capitão América é contra?

Na história original, os motivos são mais claros. Rogers acredita que a escolha de manter a identidade secreta é um direito que cabe ao indivíduo e não ao governo, pois cada um tem seus motivos para escondê-la. Além disso, a S.H.I.E.L.D pretende perseguir e prender aqueles que escolhem não se registrar, e esperam que o Capitão lidere essa missão.

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Como o filme segue os eventos de O Soldado Invernal, vemos Bucky Barnes retornando. Ele sofreu uma lavagem cerebral que o transformou na máquina assassina que vimos no filme anterior, mas pelo que foi revelado até agora Bucky conseguiu recuperar pelo menos parcialmente seu controle e memórias, com ajuda do seu amigo Steve. Acontece que Bucky está foragido e sendo procurado por tudo que fez. Capitão América acredita que ele não deve ser responsabilizado por suas ações, já que estava sendo controlado pela HYDRA.

Escolha o seu lado

No filme, o time antiregistro é composto por Capitão América, Falcão, Soldado Invernal, Gavião Arqueiro, Feiticeira Escarlate e Homem-Formiga. A paixão do Capitão, Sharon Carter ou Agent 13, também está junto. O time pró-registro é formado por Homem de Ferro, Máquina de Combate, Viúva Negra, Visão e o novo herói que promete roubar a cena, Pantera Negra. Não podemos esquecer do Incrível Homem Aranha, que até então está do lado do Tony Stark.

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Nos quadrinhos, os grupos são basicamente os mesmos, só que com muitos outros integrantes. Algumas diferenças são Gavião Arqueiro e Feiticeira Escarlate, que não participam ativamente da Guerra, e Visão, que está do lado do Capitão. Além disso o Pantera Negra, regente da nação Wakanda, é contra o registro nos Estados Unidos, mas mantêm-se afastado da luta.

A Lei do Registro

Na história original, a nova lei é conhecida como “A Lei de Registro de Super-Heróis”, fomentada pela ativista Miriam Sharpe, uma furiosa e amargurada mãe que perdeu seu filho no incidente com os Novos Guerreiros. Ela aponta sua raiva e tristeza para Tony Stark, que se sente solidário e responsável em evitar que algo assim aconteça por um mau uso de superpoderes, o que reforça sua decisão próregistro.

Enquanto que no filme o Registro é substituido pelo “Tratado de Sokovia”, nomeado após o incidente na nação que sediou a batalha contra Ultron ao custo de diversas vidas inocentes. Possivelmente Tony se sente responsável por isso, principalmente por Ultron ser uma criação que saiu do controle. 

Quem apoia o Tratado?

A S.H.I.E.L.D. reforça a ideia da Lei de Registro nos quadrinhos, usando a imagem e inteligência  de heróis como Homem de Ferro e Senhor Fantástico. Apesar da organização ter acabado após os eventos de O Soldado Invernal, nota-se uma organização com cara de S.H.I.E.L.D. no quartel general dos Vingadores no final do último filme.

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Porém, em Guerra Civil, o Tratado de Sokovia é feito por um grupo governamental liderado pelo General Thadeus Ross, que havia aparecido anteriormente no filme de 2008 “O Incrível Hulk”. Ele é o pai de Betty Ross, por quem Bruce Banner era apaixonado, e um dos principais responsáveis pela transformação do gigante verde.

E onde estão os vilões?

Em determinado momento da Guerra Civil original, o governo resolve contratar os piores vilões capturados (exatamente como no Esquadrão Suícida da DC) para caçar os heróis que estão resistindo ao registro. É irônico ver os vilões terem a lei ao seu lado para acabar com seus inimigos mortais, e um herói em particular sofre um ataque brutal dos supervilões, e mesmo assim eles acabam se safando.

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Tudo indica que esse momento não será retratado nas telonas, por motivos diversos. Primeiramente o filme tem apenas duas horas pra contar uma história relativamente complexa, e o Universo Cinematográfico não possui vilões suficientes para isso. Temos os grandes vilões como Loki e Thanos, enquanto os que são do mesmo nível que os heróis estão quase todos mortos, como Caveira Vermelha e Whiplash. Contudo, sabe-se que o vilão Ossos Cruzados estará no filme, e podemos contar com a presença surpresa do Barão Zemo, ambos notórios inimigos do Capitão América.

O papel do Aranha

Juntando-se recentemente aos Vingadores nas HQs, e com isso ganhando uma armadura aranha maneira de Tony Stark, Peter Parker fica do lado próregistro. Tony convence Peter a se revelar publicamente em uma conferência de empresa, em uma tentativa desesperada de mostrar que os heróis próregistro estão fazendo a coisa certa.

O problema é que Peter mantém sua identidade secreta para proteger as pessoas que ama, como sua Tia May, Mary Jane e seu emprego no Clarim. E essa revelação muda sua vida completamente (para pior, claro), e enquanto a escala dos conflitos aumenta, Peter resolve passar para o lado do Capitão América.

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Nos cinemas, os direitos de imagem do cabeça de teia são da Sony, e para o delírio dos fãs, a Marvel conseguiu um acordo para usar o Aranha no filme. Devido essa limitação, ele não deve ter um papel tão vital assim (será?). E diferente dos quadrinhos, aqui o Aranha ainda é um adolescente, enquanto no original ele está mais velho e até já casou.

A Prisão

Reed Richards é conhecido por ser uma das mentes mais brilhantes dos quadrinhos, e é dele a ideia de construir uma prisão de segurança máxima para encarcerar os supervilões e heróis não registrados. Segurança máxima é um termo apropriado, já que a prisão é feita com tecnologia ultra futurística e se localiza em outra dimensão, conhecida como Zona Negativa.

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Como já foi apontado, Reed Richards é propriedade da Fox e não faz parte do Universo Marvel nos cinemas. Por essa razão, e por buscar algo mais pautado na realidade, a prisão é uma estrutura no meio do oceano.

Onde está o Thor?

O Deus do Trovão retorna a Asgard para impedir o Ragnarok, basicamente o fim do mundo da mitologia nórdica. Em sua ausência, Homem de Ferro precisava de alguém para ser a força bruta dos próregistro. Então as mentes geniais (Tony, Hank Pym, Reed) resolvem clonar o Thor e implantá-lo em um corpo ciborgue, para poder controlá-lo.

Dá tudo muito certo, a ciência prevalece e os três estão orgulhosos pelo excelente experimento, mas esquecem de inserir coisas insignificantes em um herói com poder divino, como ética e compaixão. Então o Thor clonado acaba matando um héroi do outro time.

Felizmente, a possibilidade de algo assim aparecer nos cinemas é praticamente nula.

Personagens mortos

Nos quadrinhos, os primeiros mortos são os Novos Guerreiros. E como já citado, o clone do Thor acaba matando um Vingador chamado Golias, cujo poder é crescer até ficar gigante. Outro personagem bem importante acaba assassinado, e como isso pode ser refletido no filme não citaremos o nome. Mentira, falaremos sim: é o próprio Capitão América.

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Rumores apontam para outras mortes nas telonas, desde Máquina de Combate, que aparece bastante ferido nos trailers, até Feiticeira Escarlate. Provavelmente o Capitão América também acabe sofrendo esse destino, pois o filme é dele e o desfecho seria apropriado. Porém, não se preocupe, pois Chris Evans assinou com a Marvel para mais dois filmes, então se ele morrer, de alguma forma ele volta.

E como a Guerra acaba?

Com o desenrolar da Guerra Civil, muitos heróis acabam se aliando ao Capitão América, principalmente pelas táticas abusivas dos que são próregistro. O lado do Capitão está prestes a vencer a Guerra, quando ele percebe todo o dano causado em Nova York pelas batalhas, e acaba se rendendo pelo bem da população.

Ele então é assassinado enquanto está sob custódia da S.H.I.E.L.D. Como Homem de Ferro vence a guerra, ele se torna o diretor da S.H.I.E.L.D. e implementa juntamente com seus aliados a “Iniciativa dos 50 Estados”, que coloca uma equipe de superheróis em cada um dos 50 estados dos Estados Unidos.

Como o Universo Cinematográfico é significativamente menor do que os quadrinhos, não podemos esperar nada tão grandioso quanto isso, embora os diretores prometam algo que irá causar um impacto massivo nos filmes, ainda maior do que a S.H.I.E.L.D. sendo desmantelada. Eles dizem que os espectadores devem esperar "um final muito dramático que parecerá controverso para muitas pessoas”.

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É fácil notar que as diferenças entre as duas mídias são enormes, mas ainda podemos esperar uma história excelente. Lembrando que sabemos só o que foi mostrado nos trailers e em entrevistas, então tudo o que foi dito aqui pode mudar. Quais são suas apostas e expectativas?

"Vingadores: Era de Ultron" chega ao Telecine neste sábado (05/03)

Homem de Ferro, Thor, Hulk, Capitão América, Viúva Negra, Gavião Arqueiro, entre outros, confirmaram presença. Todos eles têm encontro marcado em Vingadores: Era de Ultron, que chega à sessão Superestreia no dia 5 de março na Rede Telecine.

Na maior reunião de super-heróis do universo, eles têm seus distintos superpoderes postos à prova. E, nas salas de exibição, não decepcionaram e deram uma incontestável demonstração de força. A produção atraiu mais de dez milhões de pessoas aos cinemas de todo o Brasil e é a mais vista de 2015 por aqui*.

A bem-intencionada tentativa de criar um programa de manutenção da paz, baseado na inteligência artificial, de Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) não se concretiza. E, além disso, dá origem a Ultron, um terrível vilão tecnológico que quer exterminar a humanidade.

Mas, no momento em que Homem de Ferro, Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) mais precisam se unir para salvar o planeta, o inimigo invade a mente dos lutadores e semeia a discórdia entre eles. E a salvação da Terra só será possível quando os vingadores lutarem em conjunto.

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Sessão Superestreia

  • 05/03 (sábado) - 22h - Telecine Premium
  • 06/03 (domingo) - 20h - Telecine Pipoca
  • 07/03 (segunda) - A qualquer hora - Telecine Play

Está em dúvida se vale a pena ver o filme? Confere a nossa crítica de Vingadores: Era de Ultron para saber o que achamos!

Capitão América: Guerra Civil | Novo trailer legendado e sinopse

Depois dos eventos de Vingadores: Era de Ultron, "Capitão América: Guerra Civil" da Marvel encontra Steve Rogers liderando o recém formado grupo de Vingadores em seus esforços contínuos para proteger a humanidade. Mas após outro incidente, envolvendo os Vingadores, resultar em danos colaterais, aumenta a pressão política para instalar um sistema de responsabilização, comandado por uma agência do governo para supervisionar e dirigir a equipe.

O novo status quo divide os Vingadores, resultando em duas frentes - uma liderada por Steve Rogers e seu desejo de que os Vingadores se mantenham livres para defender a humanidade sem a interferência do governo, e a outra que segue a surpreendente decisão de Tony Stark de apoiar a responsabilização e supervisão do governo. Prepare-se para escolher um lado e se juntar à ação ininterrupta, agora em duas frentes, quando "Capitão América: Guerra Civil" da Marvel estrear nos cinemas dia 28 de Abril de 2016.

Crítica do filme O Expresso do Amanhã | Uma analogia perfeita do seu mundinho

Vocês não têm noção de como estou feliz em anunciar que o tão aguardado “O Expresso do Amanhã” finalmente vai chegar aos cinemas brasileiros. O que? Você nunca ouviu falar neste filme?

Tudo bem, a divulgação no Brasil talvez não seja tão boa, mas a verdade é que este filme (lá de 2013) gerou o maior burburinho lá fora. Depois de um desentendimento entre o diretor e a distribuidora, o longa-metragem com Chris Evans quase nem chegou às salas dos Estados Unidos.

Então, antes de qualquer coisa, mesmo sem saber do que se trata, dá pra dizer que somos privilegiados por poder conferir esta obra nas telonas. Quer entender o motivo de toda essa história? Acompanhe esta humilde crítica de “O Expresso do Amanhã”, filme amado pela crítica (sim, ele tem 95% de aprovação) e que vem gerando muita discussão entre os espectadores.

Bom, primeiramente, vamos ao que importa. Afinal, qual a ideia deste título? Na história, somos levados a um futuro pós-apocalíptico, depois que uma nova onda de gelo causada por um experimento sem sucesso quase exterminou a vida na Terra.

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Neste cenário improvável, os sobreviventes vivem em um trem (daí o nome do filme) chamado Snowpiercer. O veículo transita por uma ferrovia que interliga várias partes do mundo. As pessoas que estão a bordo vivem num sistema um tanto comum, em que os passageiros por classes sociais. Acontece que nem todos estão felizes com a situação e uma revolução pode estar a caminho.

Parece idiota? Bom, a primeira dica é: não julgue um filme pela sinopse ou pelo trailer. Sim, eu sei que em muitos casos as prévias são bem enganosas, mas você pode perder uma grande chance de ver uma obra inteligente por pensar que pode entender tudo com apenas dois minutos de um trailer. Dito isso, vamos ao que interessa.

A velha locomotiva não mudou nada

É inevitável saber alguns detalhes da história de “O Expresso do Amanhã” e não traçar um comparativo direto com nosso mundo. De fato, a ideia é justamente essa. Não importa qual seja o contexto, no fundo, a humanidade acaba caindo na velha história, em que uma parcela vive muito bem e a outra fica na pior. Tem sido assim por muito tempo, não deve mudar tão cedo.

Às vezes, pode ser difícil enxergar o mundo, mas a verdade é uma só: é muito difícil para uma pessoa que está numa situação de conforto enxergar além do próprio umbigo; intervir por algo ou alguém que ultrapasse o seu metro quadrado, então, está fora de cogitação. É nesses casos que surgem as revoluções. Absurdo para os privilegiados, óbvia para os prejudicados.

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Neste cenário, acompanhamos Curtis (Chris Evans) mostrando que não é só um rostinho bonito. Ele é o cara que tem um plano para levar os oprimidos até o opressor e, assim, tentar barganhar — ou definir na porrada — uma situação de vida melhor para todos. Para ir adiante, o protagonista desta história tem a ajuda de Gilliam (John Hurt), Edgar (Jamie Bell), Tanya (Octavia Spencer) e outros revolucionários.

Já faz tempo que o esquema está traçado, mas a execução só ganha força quando os ricos raptam duas crianças dos pobres sem dar a miníma explicação. A situação é de confronto, com direito a algumas penalizações que chegam a incomodar a plateia. Como era de se esperar, os primeiros golpes da classe pobre são inúteis e, devido às punições, apenas geram medo entre os fracos.

Na verdade, esta não é a primeira tentativa de acabar com o reinado de Willford (Ed Harris), o criador da locomotiva e responsável pela segregação e todo o regime político dentro do trem. Quem sabe bem das dificuldades é Gilliam, um homem que já passou por outras tentativas frustradas de tomar o controle do expresso. Qualquer semelhança com nosso mundo não é mera coincidência.

Uma representação complexa e coerente

Deixando os detalhes do roteiro de lado, vamos ao que interessa: o porquê de “O Expresso do Amanhã” ser um filme tão foda. Adiantemos aqui que não dá pra curtir o filme como uma simples obra cinematográfica, já que tentar argumentar sobre todos os pontos de sustentação do cenário fictício é algo que acaba prejudicando o compreendimento da obra.

O grande xis da questão é: o mundo representado em um trem. E aqui temos de parabenizar o diretor e roteirista Joon-ho Bong (cineasta coreano que vale acompanhar) e o corroteirista Kelly Masterson. Adaptando a história original das graphic novels de Jacques Lob e Jean-Marc Rochette, esses dois conseguiram transportar o essencial de uma analogia impressionante para as telonas.

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Pode ser que nem tudo fique evidente logo de cara, mas no decorrer do script tudo vai se encaixar e,  no fim da projeção, você vai ficar boquiaberto com as conexões entre ficção e realidade — fora alguns tapas na cara. A ilustração é clara e mostra o mundo estruturado por líderes canalhas, mantido por milícias cegas, ordenado por peões de um tabuleiro de xadrez, ocupado por diferentes classes e regido por um sistema fajuto.

Essa representação fica ainda mais interessante por conta do elenco, que é muito competente. Chris Evans pode ser o herói novamente (e torçamos para que ele ajude a alavancar os números de bilheteria), mas ele é comprometido com a história e faz o filme acontecer sem precisar tirar a camiseta ou arranjar um par romântico. Tilda Swinton, Octavia Spencer e John Hurt também colaboram com o desenvolvimento da trama, dando força à mensagem que deve ser transmitida.

Com um time desses e uma execução primorosa, que conta com cenas bem inteligentes, “O Expresso do Amanhã” ganha as mentes mais atentas e os corações revolucionários. Esta é uma obra de ficção bem ligada ao seu mundo e espero que ela possa gerar debates sobre esta locomotiva imparável. Às vezes, um olhar mais atento à neve pode ser suficiente para vermos um novo rumo para a humanidade.