Crítica do filme 7 Desejos

Quem muito quer nada tem

por
Fábio Jordan

01 de Agosto de 2017
Fonte da imagem: Divulgação/Imagem Filmes
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 6 min

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O ser humano está sempre insatisfeito com a vida, então não é por acaso que histórias sobre ganância e sorte fazem tanto sucesso. Afinal, quem não gostaria de ter um gênio da lâmpada para conseguir ganhar na loteria ou ser o dono mundo, não é mesmo?

Em “7 Desejos“, a história é um pouco parecida com a dos gênios, porém há quatro desejos adicionais, ou seja, dá para ficar rico 7 vezes. Todavia, em se tratando de um filme de terror, é claro que você pode esperar algum revés para a portadora desses benefícios.

A protagonista desta história é a jovem Clare Shannon (Joey King), uma garota de 17 anos que passa por uns perrengues na “difícil” vida de colegial. Apesar da tempestade em copo d’água quanto aos problemas no ambiente estudantil, a jovem tem alguns traumas em sua família, que até justificam uma trama com rumos aceitáveis.

Para sua sorte — ou não —, seu pai lhe dá uma caixa de música antiga de presente. Felizmente, ela faz aulas de chinês e consegue ler as inscrições do objeto, que supostamente concede 7 desejos ao proprietário.  Apesar de descrente, ela tenta a sorte e vê a magia funcionar. Ocorre que a sorte tem um preço e ela vai descobrir isso da pior forma possível.

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Bom, antes de entrarmos em detalhes, preciso dizer que o filme não é de todo ruim. Sabe aquele filme que você vai com a expectativa tão baixa que ele acaba não sendo tão péssimo? Então, é mais ou menos o caso aqui. Claro, isso não quer dizer que ele é bom, mas é o típico filme teen com leves sustos e uma lição bem básica: não existe lanche grátis.

Uma caixa de egoísmo e previsibilidade

É difícil um filme de terror ter uma história coerente e cativante, então já adianto para você não esperar nada de genial nesse ponto. Não é preciso ver o trailer ou saber detalhes da trama para saber que “vai dar ruim” — e em vários sentidos.

Primeiro, temos a abordagem juvenil, que deixa tudo light e até chato. Ok, eu não sou bem o público-alvo, mas não custava deixar o script mais redondo e menos furado. Depois, há um desenvolvimento bem superficial da protagonista.

Clare é uma jovem que tem um histórico de trauma e até há um alicerce para levar sua história adiante. Todavia, os principais motivos usados para ela escolher seus desejos são os mais toscos possíveis. As tentativas de forçar bullyings para levar a um desenvolvimento de vingança e coisas do tipo são simplesmente pífias.

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É engraçado que até mesmo o filme tira sarro disso, algo bem sacado pela personagem Meredith (Sydney Park). Inclusive, esta jovem é um dos acertos, sendo a chave para o humor, principalmente pautado em brechas para tirar sarro de situações óbvias de filmes de terror. Apesar disso, o filme não deixa de tropeçar inúmeras vezes nos clichês. Uma pena.

Ainda que encha o saco com situações bobinhas, “7 Desejos” trabalha bastante com um misto de sorte e maldição, o que dá pano para manga para as cenas de terror. As mortes são um tanto premeditadas, mas o longa perde a mão ao apostar em repetições e insinuações do que vai acontecer, prolongando o desespero até ele ficar cansativo. No fim, não há muita surpresa.

A ideia de mergulhar em algum suposto passado sobre a origem de um objeto amaldiçoado já é bem comum em filmes do gênero. Não há problema algum em apostar nesse tipo de recurso, mas a superficialidade aqui talvez seja algo que incomode um tanto. Ok, não é um filme que pretende virar uma trilogia nem nada, mas capricho nos detalhes é sempre bom.

A juventude pira

Justamente por conta do desenvolvimento fraco, o elenco de “7 Desejos” não consegue fazer muita coisa para chamar a atenção. As atuações são todas genéricas, algo até bem comum para um filme teen. Joey King já tem um passado bem reforçado no terror e ela até se esforça, mas não passa de uma atuação meia boca.

Direção e produção condizem com as situações da trama, mas também não há nada de inovador ou diferente aqui. Como um terror simples e de baixo orçamento, a produção se contém ao fazer o tradicional feijão com arroz, algo que já está um pouco cansativo neste gênero, né?

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Os efeitos não são lá aquelas maravilhas. Funcionais para um filme que não pretende ser um blockbuster, mas, às vezes, toscos ou mal explorados. Muitas das cenas de morte são passadas com rapidez, até para conseguir uma classificação indicativa mais baixa e alcançar o verdadeiro público teen, mas aí parece que o filme está com preguiça de mostrar o verdadeiro terror.

A trilha sonora é baseada em muita música pop e uma ou outra composição original. Um trabalho razoável e até aceitável, que ajuda a deixar a trama quase empolgante e não deixa o tom cansativo. A sonoridade geral também faz seu papel aqui ao conseguir convencer a plateia das cenas de perigo.

Apesar dos pesares, “7 Desejos” tem alguns acertos que poderiam dar um caldo, como é o caso do misticismo da caixinha de música e a forma como isso altera a realidade. Tais pontos podem render boas discussões sobre até que limite uma maldição consegue influenciar a realidade. Já imaginou que louco desejar que Hitler nunca tivesse existido? Seria uma bela duma bagunça!

No fim, este é um filminho light de terror com boas intenções, mas tropeços constantes. Poupe a ida ao cinema e faça desejos para que Hollywood melhore o nível das produções.

Fonte das imagens: Divulgação/Imagem Filmes

7 Desejos

Cuidado com o que você deseja...

Diretor: John R. Leonetti
Duração: 90 min
Estreia: 27 / Jul / 2017