Crítica do filme A Morte te Dá Parabéns 2

Esse aniversário já tá sem graça

por
Fábio Jordan

21 de Fevereiro de 2019
Fonte da imagem: Divulgação/Universal Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 6 min

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Há pouco mais de um ano, muita gente acompanhou ‘um dia da marmota’ com direito a serial killer, no primeiro “A Morte te Dá Parabéns”. Na época, eu tive a oportunidade de ver o filme na telona e comentei aqui no Café com Filme sobre essa situação que misturava boas ideias que eram um verdadeiro estouro de cenas de slasher com vários ingredientes desnecessários, tais quais os toques teens da produção.

E quem acompanhou o aniversário infeliz da jovem Tree sabe que, no fim do dia, ela encontrou uma solução para sair do loop. Era a melhor resposta? Talvez não, mas pelo menos era um jeito da gente sair da sala de cinema. Bom, hoje, os produtores resolveram refazer a festa e ganhar mais dinheiro com um segundo capítulo, que chega com efeitos mais irados, mas com ideias  furadas e um tombo feio na parte mais assustadora que dava sustentação ao filme.

Segundo a sinopse de “A Morte te Dá Parabéns 2” (que é um nome péssimo, por sinal), dois anos após os eventos do primeiro filme, Tree Gelbman (Jessica Rothe) acorda em um novo loop , porém ela não foi a única que acabou nessa armadilha. A nova cilada temporal, na verdade, começa com um colega da universidade, que, a princípio, não entende nada do que está acontecendo, mas que logo tem ajuda de Tree para tentar resolver essa encrenca.

Sim, eu sei que é bobeira cobrar coerência de um filme que fala sobre loop temporal, mas a ideia seria excelente se o roteiro deste capítulo mantivesse uma essência similar ao do primeiro, sem ter que apelar para uma viagem que vai bem além desse lance do tempo. Ao lidar com questões existenciais, a trama corre o risco de não apenas entrar em contradição, mas também de acabar em um paradoxo que sequer poderia funcionar apropriadamente.

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Bom, tirando as questões de lógica (que ok, não precisam ser estudadas, pois é apenas um filme), ainda é preciso ponderar que “A Morte te Dá Parabéns 2” perde muito ao fugir da pegada de terror e fica mais teenager ainda ao apelar para a sentimentalidade. Funciona para quem gostou do precursor? Talvez. Todavia, esta parece ser uma continuação sem sentido e até sem graça.

É pic, é pic... Ela vai dar chilique

A história de “A Morte te Dá Parabéns 2” não deve ter nada de incrível como fator surpresa para que já viu o primeiro filme, pois a repetição do dia de aniversário de Tree é exatamente o mesmo, com a cena em que ela acorda no quarto do colega da faculdade, passando pelas mesmas pessoas e chegando ao final em que o assassino com uma máscara de bebê sinistro acaba com seu dia.

E se essa rotina já foi cansativa uma vez, é normal que a plateia dê uns bons suspiros de “sério, de novo a mesma ideia?”. Pois é, a premissa do filme continua exatamente a mesma e se a gente queria novos protagonistas, não foi dessa vez que o roteirista (e diretor) Christopher Landon nos premiou com uma continuação atraente.

A ideia de trazer novas pessoas para o loop temporal é mostrada no trailer e na sinopse, mas isso acontece em um pequeno trecho e logo o script entra numa completa cilada, que leva a um rumo bem desnecessário - e que por sinal mata toda e qualquer chance de manter a ideia de fuga de um serial killer. Em vez disso, o filme apela para uma novidade, que até agrega alguma novidade, mas que cansa facilmente.

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A protagonista — ainda que muito bem interpretada por Jessica Rothe, talvez o ponto alto do filme, novamente — demonstra claramente que  está esgotada e essa carga é repassada ao público. Ao menos, a nova sacada deste capítulo permite uma divagação sobre moral e amor, mas nada que possa impactar o público seriamente. No todo, é uma história bem adolescente mesmo.

É hora, é hora... É hora de dar o fora

Apesar dos tropeços de roteiro, como eu disse, o filme tem algumas inovações bacanas, o que dá espaço para brincar na parte criativa. Com muitas câmeras lentas, ângulos ousados e algumas novas cenas, o diretor consegue fazer algumas graças, que funcionam muito bem orquestradas com a trilha sonora de primeira.

Todavia, é claro que essa parte invetiva não é mérito único e exclusivamente de uma criatividade genial, mas se deve ao fato de que a produção agora tem mais dinheiro mesmo. De qualquer forma, se o filme não agrada tanta pela história, ao menos ele pode divertir com essas “cenas de matar”.

E se você está se perguntando como pode um novo capítulo tratar do mesmo dia e não acabar da mesma forma, a única solução é você ver filme, pois fica chato eu dar spoilers aqui — algo que eu não faria nem mesmo em uma dimensão paralela. De qualquer forma, com essa nova proposta do roteiro, a história segue para um novo encerramento, mas no fim ainda parece o mesmo longa-metragem, o que pra alguns vai ser uma enrolação desnecessária.

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Na minha opinião, um já era muito, dois foi demais e três não deve nem ser cogitado, mas os caras não sabem a hora de parar. Se você gosta de investir seu dinheiro em bons filmes de terror (ainda que a ideia desses filmes não seja revolucionar o gênero), minha sugestão é aguardar e conferir “A Morte te Dá Parabéns 2” no conforto do seu lar. Todavia, os teens de plantão podem ir sem medo (se é que você me entende), que há alguma dose de diversão aqui.

Fonte das imagens: Divulgação/Universal Pictures
Diretor: Christopher Landon
Duração: min
Estreia: 21 / Feb / 2019