Crítica do filme Amor Pleno

As multifacetas de um sentimento complicado

por
Fábio Jordan

01 de Agosto de 2013
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

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Amor Pleno” é o mais novo filme de Terrence Malick. Talvez o nome não lhe seja estranho, afinal, este é o diretor responsável pelo aclamado (incompreendido e odiado) “A Árvore da Vida”. Neste novo filme, o cineasta busca falar da complicada relação de um casal muito apaixonado e de um sentimento bem difícil: o amor.

Na história, durante uma viagem à França, Neil (Ben Affleck) se apaixona por Marina (Olga Kurylenko, que já trabalho em "Oblivion") e, sem pensar muito, ele a convida – e a filha dela também – para se mudar para Oklahoma. Como é de se esperar, a relação se complica quando os dois estão morando juntos, ainda mais para Marina que é uma estrangeira.

O longa-metragem faz questão de mostrar os vais e vens do amor e, no meio das situações adversas, Neil acaba se encontrando com Jane (Rachel McAdams), uma mulher que marcou seu passado. Ao mesmo tempo em que desenrola tais relacionamentos, “Amor Pleno” aborda as divagações do Padre Quintana (Javier Bardem).

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Antes que você fique se perguntando se o filme é bom ou ruim, devo dizer que este é um filme para quem não está em busca de entretenimento. Se você não simpatizou com o estilo de Malick em “A Árvore da Vida”, tenha a certeza de que o novo projeto do diretor não vai lhe agradar.

As características mais marcantes de “Amor Pleno” são: diálogos incompletos, ausência de muitas falas, cenas aleatórias, personagens vazios e um exagero de closes. Falando assim, parece que o filme é ruim, mas, na verdade, todos os elementos são usados propositalmente e o resultado é bem o que poderíamos esperar de Terrence.

Você talvez esteja pensando que estou divagando ou tentando buscar sentido no que não existe, porém vou detalhar exatamente o que captei no filme. A primeira coisa que vale esclarecer é que o diretor não tenta contar uma história de forma convencional. Isso não é do feitio dele (até porque, todos os outros filmes de romance já fazem isso).

Depois, a ideia do filme não é mostrar como o casal está apaixonado ou como eles brigam e coisas do tipo. Tudo isso são coisas corriqueiras que já conhecemos bem, não há sentido em mostrar de forma bonita tais detalhes.

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Assim, o ponto principal não é ligar falas, criar diálogos ou dar um sentido completo para a coisa. Um recurso recorrente são os pensamentos de cada personagem, é mais ou menos o que fazemos quando estamos apaixonados. Montando tudo e jogando na telona, parece que tudo está desconexo, mas, na verdade, estamos vendo o íntimo e pessoal dos protagonistas.

Apesar do título sugestivo – que foi mal adaptado para o português – “Amor Pleno” não quer apenas falar de amor. Ele quer expressar o sentimento, mostrar visualmente (e sonoramente) as emoções. É muito difícil passar isso em um filme. É muito mais difícil aceitar um longa desse tipo. É justamente por isso que a película não tem cenas bem definidas.

Muitos momentos do filme são puramente fotográficos. Para quem aprecia a arte, o filme é um prato cheio. Ao mesmo tempo, os sons ambientes, músicas e diferentes idiomas servem perfeitamente para dar o tom dramático e romântico (claro, não é romance que vemos em outros filmes de Hollywood).

É curioso ver ainda que o elenco não está ali para desempenhar um papel crucial. Apesar de alguns nomes muito conhecidos, Malick não usa as atuações para impressionar. A ideia é mostrar pessoas comuns e rostos conhecidos são ainda melhor para isso, mostram que até mesmo grandes personalidades lidam com este difícil sentimento.

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No meio de tanto amor, a única coisa que quebra o ritmo é a história do Padre Quintana, todavia, é bom notar que mesmo apelando pra religião, Malick continua tratando de amor, amor pelo próximo, amor por Cristo e amor pela vocação.

Para mim, o filme é mais uma demonstração de que o cineasta tem um dom incrível e consegue criar obras belíssimas apelando para recursos bem incomuns. Certamente, não é fácil assistir a “Amor Pleno”, mas apreciar as imagens e o empenho nesta retratação do amor é algo que vale muito a pena.

Fonte das imagens: Divulgação/