Crítica do filme Assassinato no Expresso Oriente

Embarque nesse mistério!

por
Lu Belin

06 de Dezembro de 2017
Fonte da imagem: Divulgação/20th Century Studios
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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O sonho dos fãs dos mistérios e das investigações minuciosas criadas nas obras de Agatha Christie finalmente foi realizado: uma das obras mais icônicas da autora inglesa foi novamente adaptada para o cinema.

Com um elenco recheado de celebridades, a Fox trouxe para as telonas o empoado detetive Hércules Poirot na refilmagem de de "Assassinato no Expresso Oriente". Com roteiro adaptado por Michael Green, o longa-metragem é dirigido por Kenneth Branagh ("Thor", "Operação Sombra - Jack Ryan") que também incorpora o protagonista, quase irreconhecível por trás de um vistoso bigodão. Eu, por exemplo, pensei que fosse o Russel Crowe.

Mas, sobre o que é essa história tão comentada, afinal? Embarque comigo nessa leitura, que eu te conto!

Suspeitops

Depois de uma viagem para solucionar um misterioso caso, Hercule Poirot decide que precisa de umas férias. Mas a vida não é fácil pra quem é genial, e o detetive belga é retirado à força do descanso e precisa voltar para casa. Encaixado no Expresso Oriente de última hora e já a bordo do luxuoso trem, ele se vê obrigado a trabalhar mesmo durante o trajeto, quando um dos passageiros é assassinado - não vou dizer qual, pra fazer um spoiler, apesar de a história ter sido escrita no século passado.

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O que eu posso dizer, isso sim, é que entre os viajantes estão personagens vividos por nomes como Michelle Pfeiffer, Penélope Cruz, Johnny Depp, Daisy Ridley, Josh Gad, Willem Dafoe, Judi Dench, Tom Bateman, Lucy Boynton, Olivia Colman e Manuel Garcia-Rulfo - atores de peso para atrair o público que ainda não é fã da história.

Nada de supreendente aqui, as atuações são à altura da fama que precede os caras, com destaque para Michelle Pfeiffer, que atrai toda a atenção da obra pra ela.

Estrelas como Penélope Cruz e Willem Dafoe acabam sendo bem coadjuvantes mesmo, aparecendo muito pouco pro nosso gosto.

Adaptação nos trilhos

Com uma trilha sonora bem adequada para a proposta e uma ambientação histórica respeitável, "Assassinato no Expresso Oriente" explora bem o figurino da época em que a trama se passa e a reconstrução dos cenários.

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A fotografia é sensacional, seja com relação aos detalhes internos do trem, seja com relação às paisagens naturais pelas quais o trem passa. Inclusive, merecem destaque as cenas de partida e passagem da maria fumaça, feitas com efeitos digitais, mas que dão um efeito bacaninha.

Mas, o mais legal dessa adaptação é que ela consegue equilibrar muito bem os acontecimentos do livro original e a atmosfera de suspense e mistério característica dos livros da Agatha Christie a uma linguagem mais modernosa que funciona bem nos cinemas dos dias de hoje.

As únicas ressalvas são com relação à caracterização do protagonista mesmo e ao tom de drama e os conflitos morais que foram adicionados à trama - aspectos que estão, inclusive, interligados.

Explico: Poirot é um detetive cheio de si e ponto. É assim que ele é descrito nos livros, e lá funciona bem. Mas o que parece ter acontecido é que, na tentativa de transpor o personagem das páginas para as telonas, o ator e roteirista acabaram pesando um pouco a mão. Sabe aquele amigo que fica se autodepreciando só pra todo mundo dizer "nãããão, nada a ver, você é legal!"? Então, com o Poirot é exatamente o contrário: ele se acha tanto e reforça tanto que ele é foda e dá pra ver que a intenção era isso ser engraçado, mas só fica meio chato.

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Somado a isso, o personagem também vive uns dramas morais que não combinam com essa persona de autoestima megablaster que se tenta construir o tempo inteiro. Assolado pela necessidade de se provar o tempo inteiro, afinal de contas, é uma celebridade de fama internacional (e que misteriosamente todo mundo conhece mesmo que a história se passe em uma época pré-globalização), Poirot se perde nas curvas. E o que piora um pouco a situ aqui é a trilha sonora dessas cenas mais dramáticas, que não combina nada com nada.

Tirando isso, adaptação bacaninha com gostinho de nostalgia para quem, como eu, era leitor voraz e apaixonado dos mistérios envolventes da Agatha Christie. Agora é torcer para o personagem emplacar e pra que novas aventuras de Poirot - e, por que não, de Mrs. Marple -, continuem dando as caras nos cinemas.

Fonte das imagens: Divulgação/20th Century Studios

Assassinato no Expresso do Oriente

As pistas estão por toda parte

Diretor: Kenneth Branagh
Duração: 114 min
Estreia: 30 / Nov / 2017
Lu Belin

Eu queria ser a Julianne Moore.