Crítica do filme Extraordinário

O desafio de não cair no lugar comum

por
Lu Belin

18 de Dezembro de 2017
Fonte da imagem: Divulgação/Paris Filmes
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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Vou começar esse texto dizendo que eu vi o trailer de “Extraordinário” tantas vezes antes de finalmente assistir ao filme, que estava com a sensação de que já sabia exatamente tudo o que ia acontecer. Especialmente porque o trailer não é lá muito misterioso, não é mesmo?

O fato é que o longa-metragem de Stephen Chbosky, com roteiro de Steve Conrad, não promete ser exatamente uma grande surpresa.

Baseado no livro homônimo, “Extraordinário” conta a história de August Pullman (Jacob Tremblay), um garotinho que nasceu com uma desordem craniofacial congênita. Aos dez anos, ele vai começar a frequentar a escola pela primeira vez, e tudo o que ele quer é ser tratado como qualquer outra criança pelos novos colegas.

Com Owen Wilson e Julia Roberts nos papeis dos pais do menino, o longa mostra a história do desafio de Auggie sob a perspectiva da família inteira, que também é composta por Via (Izabela Vidovic), a irmã mais velha.

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A bela dinâmica familiar em que todo mundo se ama, se apoia e se ajuda, faz com que os Pullman se vejam ansiosos e nervosos com essa etapa nova do caçula e a mudança na rotina vai acabar afetando todo mundo.

“Você não pode ser igual aos outros se nasceu para se destacar”

O elenco bem gente grande do filme ajuda mundo a fazer que com tudo corra muito bem na construção da história. Gosto muito da Júlia Roberts e acho que ela incorporou de um jeito bem legal a mãe de Auggie. Inclusive aquela frase dela do trailer ficou grudada na cabeça por vários dias justamente pelo jeito como foi dita:

“Because I am your mom, it counts the most - because I know you the most” [Porque eu sou sua mãe, vale mais, porque eu te conheço melhor]

Owen Wilson também parece ter assumido de vez a carranca de paizão, já que vem fazendo cada vez mais filmes sérios nos quais tem várias crias. A dinâmica familiar fica completa com a atuação de Izabela, que vem mostrando que é um talento no qual devemos ficar de olho.

Mas a estrela de tudo é sem dúvida nenhuma o fofinho do Jacob Tremblay. Sempre uma gracinha, carismático até dizer chega e cheio de ginga, o menino mais uma vez dá um show de atuação. Jacob age com tanta naturalidade e tão à vontade em cena que é impossível não se encantar pelo Auggie.

Ponto também para o pessoal da maquiagem, que conseguiu transformar completamente a face já bem conhecida do menino.

Inventando moda

Não é muito fácil inovar quando se trata de dramas familiares e historinhas de superação e combate ao bullying, né? E trazer algo de novo para não se tornar apenas mais um filme do gênero é o principal desafio de “Extraordinário”.

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Para isso, o longa aposta em uma narrativa recortada entre as várias perspectivas dos protagonistas. Os mesmos fatos são contados no contexto e sob o ponto de vista de Auggie, Via e alguns dos outros personagens, o que surpreendeu um pouco e trouxe um pouco mais de dinamismo para o andamento das cenas.

Por um lado, a escolha é interessante. Ela ajuda a reforçar um dos pontos da ~moral da história toda, que é o fato de que cada um está travando sua própria batalha enquanto nós estamos travando a nossa, e às vezes nos esquecemos disso. Estamos falando de um tema que está em voga agora - o bullying - mas, mais do que isso, de um tema que devia estar em alta sempre: a aceitação do outro, do diferente, daquilo dentro do qual nos nãos reconhecemos.

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Por outro, essa ideia acaba alongando um pouco a história e trazendo alguns olhares que poderiam ter sido deixado de lado para fazer o filme ficar um pouco menos longo – são quase duas horas de cadeira. Considerando que o público é essencialmente familiar e que as próprias crianças devem ser alvo da produção, dava fácil para ter contado tudo em uma hora e meia, sem prejuízos.

Mas isso tudo é, claro, preciosismo. O filme não deixa quase nada a desejar e consegue emocionar e divertir o espectador, com diálogos interessantes e engraçados, mas também com uma certa tensão envolvendo os problemas e desafios dos personagens. Boa pedida pra uma sessão com a família e com a galerinha.

Fonte das imagens: Divulgação/Paris Filmes

Extraordinário

Nunca julgue um menino pelo seu rosto

Diretor: Stephen Chbosky
Duração: 113 min
Estreia: 7 / dez / 2017
Lu Belin

Eu queria ser a Julianne Moore.