Crítica do filme Mark Felt
Cada país tem a Lava-Jato que merece
A sina do Liam Neeson é seguir sempre procurando. Quando não está buscando pela filha sequestrada é pela filha fugida, está atrás das maracutaias governamentais.
Em “Mark Felt - O Homem que Derrubou a Casa Branca”, encontramos um Neeson todo grisalho e magricelo, super bem caracterizado para dar vida aum dos personagens mais icônicos da história política dos Estados Unidos.
Vice-diretor dos FBI na década de 70, Mark Felt ficou conhecido no período como “Garganta Profunda”, por ter vazado secretamente à imprensa informações sigilosas do caso Watergate, um dos maiores escândalos políticos norte-americanos que levou à renúncia do presidente Nixon.
Com roteiro e direção de Peter Landesman, “Mark Felt - O Homem que Derrubou a Casa Branca” não reserva nenhuma surpresa para quem já conhece o Watergate, mas que pode ser cheia de suspense para quem ainda não está por dentro da história.
Ainda assim, a forma como a trama se desenvolve permite ao espectador aproveitar bem os desdobramentos dos fatos. Boa parte do mérito disso é da trilha sonora, que estimula o clima de tensão e nervosismo.
Outro mérito vai para as escolhas de iluminação e para a fotografia do filme. As cenas remetem aos clássicos filmes de espião dos primórdios do cinema preto e branco e a paleta de cores é adequada para criar a ambientação histórica do filme.
O caso Watergate é tão ou mais importante para a história dos Estados Unidos quanto a Operação Lava Jato vem sendo para a política e opinião pública aqui no Brasil - guardadas as devidas proporções e sem passar tanta vergonha, talvez. Assim, a história de Nixon e da rede de corrupção da qual ele fazia parte, que chegava até a polícia, foi contada muitas vezes e sob diversos ângulos.
Filmes como “Frost/Nixon” e “Todos os Homens do Presidente” são apenas alguns exemplos de retratos cinematográficos do caso. A particularidade de a história contada por “Mark Felt - O Homem que Derrubou a Casa Branca”, no entanto, é a de mostrar a construção do caso a partir da perspectiva do próprio.
No filme, conhecemos um pouco sobre o olhar e o raciocínio de Felt, as particularidades de sua carreira no FBI e detalhes de sua vida pessoal.
Para quem é fã de uma boa história de conspiração, segredos, mentiras e espionagem, o longa-metragem de Peter Landesman traz todos os ingredientes para uma boa mistura. Diferente da maioria dos filmes pelos quais Liam Neeson é conhecido, no entanto, esta produção em particular não traz toda a agitação e correria costumeiras. Aqui, a tensão está nos diálogos, nas hesitações e nas ameaças silenciosas. Boa pedida para quem não se incomoda com ritmo lento!
O tal do Garganta Profunda