Crítica do filme Nunca Diga Seu Nome

O desperdício de uma lenda sinistra

por
Fábio Jordan

13 de Agosto de 2017
Fonte da imagem: Divulgação/STX Entertainment
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 7 min

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Você já reparou como há um punhado de histórias macabras sobre casas assombradas nos Estados Unidos e como as pessoas insistem em residir nesses locais sinistros?

Talvez, parte dessa coleção de histórias sinistras seja apenas para os cinemas e aconteça justamente porque os personagens fictícios nunca vão aos cinemas, mas é claro que nem sempre a assombração está na residência.

Em “Nunca Diga Seu Nome”, acompanhamos a história de três estudantes que decidem virar adultos e ter sua própria casa. Eles alugam um casarão e estão prontos para começar a vida de festas e, eventualmente, algumas responsabilidades. Todavia, basta alguns instantes para perceber que há algo de errado por ali.

Como qualquer pessoa que nunca viu um filme de terror, eles decidem continuar residindo no local, até que se deparam com algumas mensagens macabras. O local antigo é o cenário ideal para pregar peças, porém há um mal por trás das situações bizarras. Logo, eles descobrem a existência de uma criatura conhecida apenas como “Bye Bye Man”.

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Agora, eles precisam lutar contra seus psicológicos para evitar que a criatura ganhe forças e só há um jeito de tentar sobreviver: não pensar e não dizer o nome deste demônio. No entanto, como evitar seus pensamentos quando você não sabe o que é imaginário e o que é real? Esta é a premissa básica do filme, que tem potencial, mas que se mostra um terror meia boca.

Não pense, não diga

Filmes de terror geralmente apelam para clichês — e não pense que este não segue por esta mesma linha —, mas é bom ver quando temos histórias, ainda que simples, como a de “Nunca Diga Seu Nome”, em que muitas situações mexem com o psicológico e deixam a trama bastante nebulosa.

O Bye Bye Man (não leia esse nome em voz alta para não despertar a maldição) consegue ludibriar os personagens constantemente, o que abre espaço para alguma inovação e uns truques, ainda que baratos. Assim, conforme o roteiro explora alguns diálogos bastante simples, ele consegue embaralhar as situações e deixar um certo tom de dúvida no ar.

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As cenas se intensificam, em parte, pelas atuações razoáveis de um elenco competente. O protagonista é Elliot (Douglas Smith, de “Armas na Mesa” e “Ouija: O Jogo dos Espíritos”), que, apesar do tom cômico num primeiro momento, se mostra muito sério em discussões tensas e consegue levar o filme quase que sozinho.

Boa parte da trama se desenrola com a presença de Sasha (interpretada pela desconhecida Cressida Bonas) e John (Lucien Laviscount). Esses dois não são lá muito expressivos, mas quebram um galho em alguns momentos. Talvez, a culpa nem seja dos atores, mas dos personagens pouco desenvolvidos, mas ainda não há como argumentar a favor deles.

O elenco se completa com Michael Trucco (de “Hush: A Morte Ouve”), Doug Jones (de “O Labirinto do Fauno”), Carrie-Anne Moss (a Trinity, de “Matrix”) e Erica Tremblay (sim, a irmã de Jacob Tremblay).

Uma criatura sinistra, mas pouco explorada

A diretora Stacy Title tem poucos filmes no portfólio em um longo tempo de carreira. Curiosamente, ela já foi indicada ao Oscar por um curta-metragem lá em 1994, mas, desde então, ela comandou apenas quatro filmes de projeção e um título exclusivo para televisão.

É claro que isso não prova absolutamente nada, mas é curioso perceber que a cineasta não investiu tanto em sua carreira. Ocorre que, com a aceitação fraca de “Nunca Diga Seu Nome”, Title talvez não volte para uma continuação e fica difícil saber se ela terá outros projetos em breve.

Aqui, ela até que faz um bom trabalho, apesar de uma ou outra cena de captação duvidosa. É visível sua visão aguçada para a construção de cenas assustadoras, principalmente pela fuga de alguns clichês. Uma pena que, como de costume, a produtora e as respectivas distribuidoras mostram muito nos trailers, então não há tantas surpresas.

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O uso de penumbras ajuda no desenvolvimento da história e alguns sustos são até inovadores. Ocorre, contudo, que a insistência e a obviedade de algumas sequências deixam o resultado apenas convincente, enquanto os espectadores esperam por algo mais envolvente e tenso.

Apesar de uma construção satisfatória para um roteiro meia-boca, “Nunca Diga Seu Nome” peca ao apresentar pouca substância para seu personagem mais marcante.

Na verdade, existe uma história real — e interessante — sobre o Bye Bye Man, mas a preguiça do roteiro em não explicar muito e apenas insinuar algumas coisas sobre a entidade deixa o desenvolvimento bem qualquer coisa. Esta figura caricata virou uma lenda nos Estados Unidos e a história original (você pode ver mais detalhes no site Terrorama) daria um bom filme nas mãos certas.

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Assim, o filme roteirizado por Jonathan Penner (que é marido de Stacy Title e trabalhou com ela em seus outros projetos) parece um monte de recortes agrupados. A tentativa de conectar passado e presente não funciona direito, sendo que a investigação por trás da lenda se mostra muito superficial.

Na onda do Slenderman e do Candyman, o Bye Bye Man até que tem alguma presença na tela e pode dar alguns sustos. Vá sem grandes expectativas e vale lembrar: “Nunca Diga Seu Nome”!

Fonte das imagens: Divulgação/STX Entertainment

Nunca Diga Seu Nome

Não, pense. Não fale.

Diretor: Stacy Title
Duração: 97 min
Estreia: 9 / Feb / 2017