Crítica O Bom Gigante Amigo

Risadices numa aventura para a criançada

por
Fábio Jordan

03 de Agosto de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/Walt Disney Studios
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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Quando a Walt Disney anunciou, lá em meados de 2014, que levaria mais uma das obras de Roald Dahl para as telonas, muita gente ficou ansiosa para saber o que a produtora pensava em aprontar para nos transportar para um novo mundo de magia.

Mais de dois anos se passaram, mas a adaptação do livro “O Bom Gigante Amigo”, que mistura o estilo live-action com computação gráfica, sob a responsabilidade de Steven Spielberg deixou de ser apenas uma promessa e finalmente chega aos cinemas.

É verdade que muitas histórias do escritor britânico Roald Dahl já foram adaptadas para o cinema, incluindo aí grandes títulos como “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, “Matilda” e “James e o Pêssego Gigante”.

O que pouca gente sabe é que até mesmo “O Bom Gigante Amigo” já teve uma versão em longa-metragem, lá no início da década de 1990, em forma de desenho animado. Agora, no entanto, a Disney e Spielberg resolveram levar esta bonita história para uma nova geração e com essa pegada mais realista.

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No roteiro, somos apresentados à pequena Sophie (Ruby Barnhill), uma garotinha órfã que, certo dia, encontra um gigante. Apesar da aparência intimidadora, a criatura acaba se mostrando de muito bom coração. Não bastasse a aventura de conhecer uma criatura gigante, Sophie é levada para um novo mundo, onde os gigantes dominam tudo.

Antes de ver “O Bom Gigante Amigo” nos cinemas, eu tinha a impressão de que este seria um “História Sem Fim” para as crianças de hoje. O resultado talvez não seja bem o que eu esperava, mas é preciso considerar que adultos não enxergam as coisas com os mesmos olhos. Assim, eu tenho certeza de que a mensagem aqui é muito interessante para os pequeninos e a aventura é cheia de coisas boas. Vamos falar mais sobre este filme gigante e amigável.

O segredo está nos pequenos detalhes

O roteiro de “O Bom Gigante Amigo” não tem nada de extraordinário, uma vez que se trata de uma fantasia para crianças. Todavia, é essa simplicidade que garante a condução da trama de forma bem agradável. O roteiro de Melissa Mathison (que maravilhou o mundo com sua escrita em “E.T. – O Extraterrestre”) foca nas pequenas coisas. Diálogos descomplicados e cenas de fácil compreensão são pensados justamente no público-alvo.

Não por acaso, o filme é dominado pela estrela-mirim Ruby Barnhill. A garotinha de apenas 12 anos conquista a atenção do público com seu carisma e sua inocência. Ela é uma criança típica, que tem curiosidade para descobrir o mundo. Essa vontade de querer descobrir o novo e toda a coragem incutida na personagem são muito bem-vindas aqui, uma vez que Sophie é o fio-condutor da história e dá a mão para a plateia, que é convidada a embarcar em sua jornada.

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É claro que Mark Rylance também tem participação importantíssima para dar vida à obra de Dahl, mas a transformação em computação gráfica acaba causando um estranhamento. Dá para perceber que é o ator ali dando vida e voz para o BGA, porém ainda temos a sensação de que há algo diferente, já que não somos facilmente enganados pelos efeitos especiais.

Uma coisa que garante a proximidade entre o espectador e o personagem é a construção do gigante — falando aqui da forma como ele se move e se expressa. Ele é desajeitado, inocente, curioso e engraçado. Cada palavra diferente que ele fala é motivo para dar risadas e querer ter um amigo grandão. No fim, a gente entende que tamanho ou aparência não deve assustar ninguém, já que o importante é o caráter. É uma lição simples, mas ainda essencial.

A fantasia toma conta

A computação gráfica para criação de cenários foi fundamental nesta obra e a Walt Disney apostou pesado nessa característica. Boa parte do mundo de “O Bom Gigante Amigo” vem do trabalho da equipe de arte, que criou a parte fantasiosa. A casa do BGA (este é o nome mesmo do personagem grandalhão) é muito convidativa e seu mundo é recheado de surpresas.

A fotografia é de qualidade ímpar, que deixa o público maravilhado tanto com o mundo real quanto com a terra dos gigantes. O trabalho magnífico é de responsabilidade de Janusz Kaminsk, o mesmo cara que vem trabalhando com Spielberg desde Jurassic Park. Mesclando com perfeição a computação gráfica e elementos de verdade, Kaminsk consegue criar uma pintura em movimento.

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Da mesma forma como o filme acerta na arte visual, a parte sonora é um verdadeiro afago aos ouvidos. É claro que temos aqui as notas irretocáveis de John Williams, que a gente já conhece de “Star Wars”, “Indiana Jones” e “Superman” — só para citar alguns da extensa lista de trilhas memoráveis. As músicas agregam muito na parte de suspense, mas também empolgam a plateia a cada novidade que pinta na tela. É uma trilha de proporções gigantes para um mundo brilhante.

O Bom Gigante Amigo” pode não ser bem o filme que muitos adultos estavam esperando, mas talvez seja bem o que a criançada precise para ver o mundo com outros olhos. É importante fazer novas descobertas, explorar o mundo e dar asas à imaginação. E o novo filme de Spielberg pode ser justamente o convite perfeito para levar a família toda em uma jornada de aventura e fantasia.

Fonte das imagens: Divulgação/Walt Disney Studios

O Bom Gigante Amigo

O mundo é gigante e você nem faz idéia

Diretor: Steven Spielberg
Duração: 117 min
Estreia: 28 / Jul / 2016