Crítica do filme Peter Pan
Uma boa aventura para a criançada
Hollywood está numa fase de muitos remakes, mas felizmente alguns filmes são repensados para levar novas histórias ao público. Este é o caso do novo "Peter Pan", que tenta dar uma nova origem ao personagem.
Tudo começa num orfanato, onde conhecemos o jovem protagonista (Levi Miller). Ele é um menino sapeca que adora uma boa aventura e, de vez em quando, se vê em encrencas ao fazer o que não deve. Sua história muda quando um barco pirata voador repentinamente começa a sequestrar os pobres órfãos.
A partir daí, somos levados a conhecer a Terra do Nunca. É um lugar muito imaginativo, com cenários inusitados e onde somos apresentados a vários personagens — alguns de longa data — e convidados a embarcar na jornada de Peter Pan em busca de seu destino.
Os trailers de Peter Pan já mostravam que veríamos um filme bem focado na parte visual. E a promessa se cumpre perfeitamente. Não há o que reclamar, a obra de Joe Wright é realmente encantadora. Quem imaginaria que esta jornada poderia ser ainda mais empolgante e recheada de ambientes belíssimos?
A representação da Terra do Nunca é fantástica, com direito a cenários paradisíacos e muitos efeitos que ficam bem interessantes com os óculos tridimensionais. A aventura se intensifica conforme Peter Pan vai avançado pelas cavernas, onde tenta fugir do Barba Negra (Hugh Jackman), a imensa floresta habitada pelos nativos — incluindo a Rooney Mara no papel de Tiger Lily — e outros ambientes ricos em detalhes.
O filme fica ainda mais bonito com o desenrolar da história, algo que é muito bem complementado pelos figurinos criativos e personagens caricatos. Algumas ideias foram reaproveitadas de obras antigas, mas, no geral, o filme é muito inovador. A combinação fica perfeita com a trilha sonora muito bem trabalhada.
Apesar do capricho visual, Peter Pan é um filme que se enrola para contar coisas sem grande importância e peca ao ocultar muitos detalhes que poderiam enriquecer a trama. A história é um pouco superficial e o destino do protagonista é bem previsível. Quem pensa que a origem do personagem é recheada de ineditismo pode acabar se decepcionando.
Muitos personagens que deveriam ser melhor desenvolvidos dão espaço para secundários pouco relevantes. O mesmo vale para uma série de acontecimentos que não agregam em nada, de modo que a história se desenvolve de forma apressada e pouco coerente. Ainda bem que as cenas de ação valem a pena e que o elenco é competente em vários momentos — palmas para Jackman que sempre manda muito bem.
No fim, nosso amigo Peter Pan não é aquele rapazinho cheio de magia e também não é muito aventureiro. Seu objetivo foge do que poderíamos imaginar para alguém repleto de mistérios e que tem uma grande responsabilidade em suas mãos. Apesar disso, a grande falha aqui é a falta de emoção, pois não há muita sensação de perigo, já que a previsibilidade toma conta.
O novo "Peter Pan" consegue contar uma nova história. Não é exatamente o que muita gente esperava, mas também não é um filme ruim. Vários acertos merecem destaque (e já foram pontuados acima), porém a magia do personagem poderia ser melhor explorada. Um filme mais interessante para as crianças, que não vão dar bola para esses pequenos detalhes.
Toda lenda tem um começo