Crítica do filme Quatro Leões

Deu a louca nos terroristas...

por
Carlos Augusto Ferraro

01 de Outubro de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/Optimum Releasing
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 3 min

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É complicado encaixar uma trama sobre um atentado terrorista dentro de uma comédia, mas é exatamente isso que Christopher Morris faz e com muito sucesso por sinal. Quatro Leões, filme de estréia do satirista inglês, segue a história de guerreiros islâmicos em território britânico e como o terrorismo é estúpido por natureza. 

Quatro Leões não promove nenhuma grande reflexão ideológica e inteligentemente toca assuntos religiosos apenas tangentemente. O que o filme faz, de maneira extremamente subversiva, é mostrar toda a burrice inerente ao terrorismo fundamentalista.

Não há dúvida de que o humor de Quatro Leões não é palatável para todo mundo, mas se você é capaz de rir do absurdo e da imbecilidade humana, a sátira de Chris Morris é uma opção excelente. 

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Faça a coisa certa...

A trama acompanha Omar, vivido pelo excelente Rizwan "Riz" Ahmed (O Relutante Fundamentalista), e sua célula terrorista formada por seu primo Waj (Kayvan Novak), Barry (Nigel Lindsay), Faisal (Adeel Akhtar) e Hassan (Arsher Ali). Omar é notadamente o mais inteligente do grupo, o que de forma alguma significa algo relevante.

Omar é fiel a sua causa e por conta disso é fácil se identificar com o personagem, mesmo que em nenhum momento o filme tente apresentar qualquer um dos personagens de maneira empática.  Enquanto isso, Barry, um homem branco recém convertido ao islamismo, é o mais radical do grupo. 

Waj e Faisal parecem crianças, ingênuos e facilmente manipulados por Barry ou Omar. Enquanto isso, Hassan é justamente o ímpar da cena. Ele obviamente não sabe ao certo o quem é ou quais são suas convicções, mas a argumentação fundamentalista o subjuga.

A verdadeira história de Quatro Leões é a de um homem que quer fazer o que ele acha certo. Omar sabe que convicção pessoal é essencial para a ascensão do mujahideen, portanto suas ações são puras no sentido ideológico, não pode haver dúvida em seu coração. No entanto, o mesmo não se reflete em seus colegas.

Barry parece possuir o mesmo ímpeto que Omar, mas na verdade sua obsessão emana uma aura niilista que se camufla no islã para promover o caos. Barry não se questiona, ele questiona os outros, ao mesmo tempo em que manipula essas dúvidas emergentes para promover os seus próprios objetivos.

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Comicamente verossímil

Com um tom mais sério, mas sem se levar a sério, Quatro Leões caminha pela mesma fina linha do politicamente incorreto e a total afronta social que Borat e O Ditador – ambas as produções de outro humorista britânico, Sacha Baron Cohen. Sem muito esforço, as situações vão de verossímeis a ridículas.

O filme não se presta como campanha difamatória mulçumana, na verdade, ninguém é poupado de crítica.

No final das contas é justamente essa naturalidade que traz a tona o humor intrínseco a burrice que é própria dos radicais. Seja Omar e seus “mujahideen” ou a intolerância ocidental, passando até mesmo pela infalível polícia britânica. Todos são ridicularizados com alguns pequenos ajustes de percepção. O humor está justamente em como o filme está próximo da realidade.

Longe de ser perfeito ou revolucionário, Quatro Leões é uma boa comédia que merece louvor pelo simples fato de expor o quão ridículo são os extremistas, seja lá qual for a sua causa.

Fonte das imagens: Divulgação/Optimum Releasing

Quatro Leões

Uma comédia explosiva!

Diretor: Christopher Morris
Duração: 97 min
Estreia: 7 / May / 2010