Crítica do filme Ressurreição

A mesma história com novo fôlego

por
Fábio Jordan

26 de Março de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/Sony Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

☕ Home 💬 Críticas 🎭 Religioso

Todo ano é a mesma coisa. Chega a Páscoa, tem aquele festival de chocolate, rola muita praia e festa e, claro, ainda há muitas pessoas que comemoram o verdadeiro sentido deste feriado.

Nos cinemas, sempre aparecem novas adaptações para recontar a jornada de Jesus em direção ao calvário. Na verdade, em geral, temos muitos filmes com novas identidades visuais, mas pouco criativos em questão de roteiro.

Então, o que podemos esperar de “Ressurreição”? Bom, acredite se quiser, mas esta é uma produção que é surpreendentemente interessante. Temos aqui a mesma história de Jesus na cruz e, três dias depois, sua ressurreição. Só que, pra começo de conversa, o foco principal não é o Filho de Deus e, pra melhorar, o desenvolvimento da trama segue um rumo bem diferente.

No papel principal, temos um incrédulo. Clavius (Joseph Fiennes) é um poderoso tribuno militar romano que obedece às ordens de Pilatos e está ali para fazer a lei acontecer, mesmo que isso signifique favorecer alguns e judiar de outros. Ele e seu assistente (Tom Felton) recebem a missão de resolver o mistério do que aconteceu com Jesus nas semanas seguintes à crucificação. Assim, temos aqui uma nova adaptação da ressurreição.

Uma ficção com fundo bíblico

Não é tão simples contar uma história da Bíblia, sem se apoiar nos versículos e dizeres do Livro Sagrado. Então, como fazer isso? A solução encontrada pelo direto e co-roteirista Kevin Reynolds (da série “Hatfields e McCoys” e de filmes como “Tristão e Isolda” e “O Conde de Monte Cristo”) foi pegar algumas referências e usar um personagem alheio.

Ressurreição

Sim, Jesus aqui é um personagem-chave para o desenrolar da trama, afinal o título está relacionado ao fato d'O Filho de Deus ter ressurgido dos mortos, mas ele desempenha papel secundário, sendo importante para mostrar o desenvolvimento da fé do protagonista.

O Salvador aparecer em poucas cenas, na verdade, não é um problema, já que a mensagem ainda é passada com clareza. Outra coisa importante é que, felizmente, o Messias não segue aquele padrão caricato e loiro de sempre. Parece que dessa vez acertaram.

O protagonista vem para mostrar a visão de alguém que justamente se opõe ao Salvador. O filme faz essa mescla de ficção com Bíblia de forma inteligente. Apesar de ser uma história sobre a conversão de alguém aos ensinamentos de Cristo, o filme não apela para mensagens forçadas.

Ressurreição

O protagonista é bem marcante e o ator Joseph Fienens casou perfeitamente para o papel. O ator é muito sério, mas não precisa de cenas enaltecendo seus músculos para mostrar sua imponência. Também é legal perceber que o filme não quer dar muito destaque a outros personagens, deixando a história mais fácil de entender. Aparecem aqui os discípulos e outras figuras importantes. O roteiro se mostra balanceado e bem focado nas dúvidas e na investigação da ressurreição.

Algo que ajuda muito aqui é a produção do filme. A região da Galileia não era exatamente um mar de rosas, mas boas ideias para criar um cenário mais atrativo podem fazer toda a diferença. O filme se mostra bem atraente, com muitas cenas de enquadramento geral, exibindo as planícies, o mar e outras paisagens comuns. A trilha também ajuda bastante e, felizmente, trata-se de uma obra original que deixa o clima bem intenso.

É pra glorificar de pé!

Apesar de se mostrar interessante para diferentes públicos, o filme “Ressurreição” ainda se baseia nos acontecimentos da Bíblia, que, queiram muitos, não se trata de um livro histórico, mas sim de uma obra que serve de base para várias religiões. Isso quer dizer que o filme é ruim? Não! Apenas significa que o filme não tenta investigar tudo com minuciosidade, sendo assim apenas uma adaptação do Livro Sagrado com algumas pitadas de ficção de Hollywood.

Ressurreição

Então, a gente tem aqui um filme que não serve pra quem vai na igreja? Também não é bem assim. Mesmo apostando em alguns adendos para deixar a história um pouco diferente e mais atraente, a obra ainda traz a mensagem clássica da Palavra e ressalta as maravilhas de Yahshua (na época, Jesus não se chamava Jesus).

Dito isso, dá pra dizer que o filme “Ressurreição” encontra um ponto de equilíbrio interessante. Apesar de enaltecer os milagres e deixar claro que se trata de uma obra que tenta mostrar quase tudo ao pé da letra, o longa não insiste na tecla do evangelismo. É um longa-metragem que fala de um homem que morreu injustamente e que tem muito a ensinar. No fim, tudo é uma questão de fé, mas o filme não é exclusivo para aqueles que acreditam em Jesus.

Fonte das imagens: Divulgação/Sony Pictures

Ressurreição

Épica história bíblica da ressurreição contada pelos olhos de um incrédulo.

Diretor: Kevin Reynolds
Duração: 107 min
Estreia: 17 / Mar / 2016