Crítica do filme Vende-se Esta Casa

O terror bate à porta

por
Fábio Jordan

20 de Janeiro de 2018
Fonte da imagem: Divulgação/Netflix
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 6 min

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Mais uma sexta-feira chegou e claro que você, que não estava na disposição da baladinha com os amigos, foi zapear o catálogo do Netflix — e aí se deparou com um lançamento de suspense que já deixa a gente intrigado logo no trailer.

Vende-se Esta Casa” é o novo filme original da Netflix que conta com um elenco mais famoso por participações em programas televisivos, mas que acabou roubando as manchetes com um carinha chamado Dylan Minnette (que você já conhece de “O Homem nas Trevas”).

Na história deste título de terror com boas doses de suspense, acompanhamos o jovem Logan (Minnette) e sua mãe Naomi (Piercey Dalton) em um tempo de luto e agonia após a tragédia que acabou com a vida de Brian (Aaron Abrams), pai e esposo dos respectivos protagonistas.

Depois do falecimento de Brian, os dois percebem que estão falidos e vão viver num pequeno vilarejo, onde recebem a incumbência de cuidar da casa da irmã de Naomi. A estadia era para ser temporária e ideal para um descanso, só que as coisas mudam completamente de destino quando barulhos sinistros pintam na residência e os vizinhos começam a agir de forma bizarra.

Agora, preocupados até com a própria sombra, eles são desafiados a manter a sanidade neste local que está à venda e é constantemente invadido por desconhecidos. Será que alguém ficou escondido? Ou seriam forças do além? Se você quer saber se vale investir nesse suspense, a resposta é: mais ou menos. Adianto que ele tem um desenvolvimento legal, mas um tropeço em dado momento pode ser fatal.

Essa casa eu não quero nem de graça!

Primeiro, é bom revelar que “Vende-se Esta Casa” não tem lá o roteiro mais elaborado de todos os tempos. A história é basicamente o que o que está na sinopse, então as surpresas estão em detalhes revelados através dos personagens e situações inusitadas. Claro, o desfecho fica em aberto até a prorrogação do segundo tempo, mas ele pode ou não surpreender.

Sendo assim, o grande xis da questão é o suspense construído nesses momentos que apenas aguçam a curiosidade e demoram a entregar a chave do segredo. E a verdade é que, muitas vezes, uma trama enigmática não precisa de uma história incrível, mas dessas boas sacadas de roteiro para deixar a plateia sempre atenta e buscando respostas para os mistérios.

Bom, o desafio também não era tão complexo. Filmes rodados em ambientes claustrofóbicos geralmente têm uma penca de recursos propícios para deixar a gente colado na cadeira. E quando temos a soma dessa característica com uma casa que pode ser mal-assombrada, aí fecha o pacote, já que as deixas para sustos estão espalhadas por todos os cantos.

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Não vou dizer que uma história atraente não possa ajudar (a gente tem vários filmes que apresentam contos envolventes e desenvolvimentos coerentes), porém o roteiro vago aqui e a condução interessante na parte do mistério de “Vende-se Esta Casa” provam meu ponto: mais vale pequenos trechos bem dirigidos num script raso do que o inverso.

Às vezes, não é preciso nem bons atores para manter a tensão. A combinação de fotografia pautada em cenários recheados de penumbras, as locações isoladas, as câmeras devidamente posicionadas (e aqui a gente tem um bom trabalho da dupla por trás do roteiro e direção) e trilha sonora apropriada faz a mágica acontecer neste filme original do Netflix.

Vende-se um bom suspense

É claro que não há porque desmerecer o elenco, que faz um trabalho na medida na maior parte do tempo. Dylan e Piercey formam uma dupla bem coesa, algo de suma importância num filme que, além de lidar com essa parte misteriosa, precisa cuidar do relacionamento familiar e pautar vários momentos na questão do luto.

Muita da graça do filme está justamente nas reações dos personagens às situações mais bizarras possíveis, então o envolvimento dos artistas na trama é mais do que necessário. O entrosamento com os vizinhos esquisitos (interpretados por Sharif Atkins e Patricia Bethune) também é necessário, afinal a gente começa a suspeitar até das pessoas mais inocentes.

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Só que apesar de construir uma linha de desenvolvimento legal na maior parte do tempo, o roteiro de Matt Angel e Suzanne Coote acaba se enrolando demais e pode deixar a gente perdido nesta casa misteriosa. Por bobeira, o filme “Vende-se Esta Casa” patina em argumentos repetitivos e cai em clichês desnecessários.

No fim, é aquela velha história do bom suspense sem um clímax apropriado para o gran finale. Big problem, na verdade, já que o espectador pode ficar bem chateado com tanta enrolação e pouca resolução. Então, esteja avisado, este é um passeio nas montanhas bem convidativo, mas um tanto boring e frustrante na hora mais importante. Boa sorte e boa viagem!

Ps.: rezemos para que venham mais originais Netflix com finais melhores :)

Fonte das imagens: Divulgação/Netflix

Vende-se Esta Casa

Não adianta trancar a porta

Diretor: Suzanne Coote, Matt Angel
Duração: min
Estreia: 19 / Jan / 2018