Crítica Ghostbusters – Mais Além

Nostalgia e novidade de mãos dadas

por
Fábio Jordan

09 de Dezembro de 2021
Fonte da imagem: Divulgação/Sony Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 6 min

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Lançado originalmente lá em 1984, a franquia “Os Caça-Fantasmas” fez um sucesso tremendo na época, algo que reverberou por muitas décadas. Curiosamente, a Sony Pictures investiu em apenas dois filmes originais, com a continuação “Os Caça-Fantasmas 2” sendo lançada em 1989.

De lá para cá, a franquia ficou apenas na memória da galera, mas foi ressuscita de forma inusitada em 2016 com uma abordagem diferente em “As Caça-Fantasmas”, dando vez para um novo time de especialistas em paranormalidades, protagonizado exclusivamente por mulheres.

Esta investida de 2016 deu certo, mas também deu errado. Apesar do tom bem-humorado e uma boa receptividade por partes dos críticos, os fãs não parecem ter gostado dessa alteração brusca no protagonismo da série. Assim, chegamos a uma nova adaptação, que ignora a existência do filme de 2016 e faz um gancho direto com os títulos da década de 1980.

ghostbustersmaisalem01 49019Imagem: Divulgação/Sony Pictures

Em “Ghostbusters – Mais Além”, a Sony não apenas ignorou o título tradicional em português, mas foi “mais além” com um subtítulo ruim. Bizarro, mas faz parte do show. O que importa é que o novo filme tem trama envolvente, que, apesar de se apoiar nos protagonistas clássicos, dá fôlego à franquia, com novos personagens, bom humor e muito mistério.

Uma coisa engraçada é que o título recente dos Caça-Fantasmas teve um efeito quase contrário, fazendo mais sucesso para o público geral do que para os críticos. Os acertos do filme são muitos e os tropeços são raros, muitas vezes devido à galhofa excessiva. De qualquer forma, o resultado geral está acima da média e as risadas são garantidas.

Muitas referências, mas poucas interferências

A história de “Ghostbusters – Mais Além” gira em torno de uma família que recebe a triste notícia do falecimento do patriarca da família, um senhor que não tinha laços de afeição com sua filha e seus netos. Apesar disso, Callie (Carrie Coon) e seus filhos, Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (Mckeena Grace), resolvem ir atrás da herança: uma fazenda abandonada.

O trio é composto por personagens muito carismáticos, que conseguem roubar a cena em diferentes momentos da trama. Curiosamente, apesar de Finn Woflhard (que você certamente conhece de Stranger Things e IT) estar entre os protagonistas, o destaque do filme fica para Mckeena Grace e para dois coadjuvantes: Logam Kim (que interpreta Podcast, um colega de Phoebe) e Paul Rudd (professor das duas crianças).

ghostbustersmaisalem02 9dec7Imagem: Divulgação/Sony Pictures

Juntos, esse grupo vai atrás dos mistérios que cercam a fazenda da família (da qual sequer sabemos o sobrenome) e também da cidade que apresenta tremores frequentes. É claro que a plateia sabe muito bem do que se trata todo o suspense do filme, mas é muito legal ver como a história é desenrolada, principalmente porque há inimigos inusitados.

Para obter sucesso na missão, eles contam com os aparatos do antigo proprietário da fazenda, que detém uma série de instrumentos tecnológicos, incluindo objetos que você com certeza já conhece de tempos passados e um veículo que é único em seu estilo. É dessa forma que vemos o gancho com o passado, o qual vai se alongando até termos muitas surpresas.

Felizmente, o filme dirigido por Jason Reitman (que é mais conhecido por obras dramáticas) vai no caminho contrário de se manter preso ao passado, de modo que não adianta você ir esperando a trupe de velhinhos da década de 1980 em ação. Logo, a grande sacada aqui são as referências, mas não uma sequência direta (porque isso exigiria muitos efeitos computacionais).

Os Fantasmas se divertem

O grande trunfo de “Ghostbusters – Mais Além” não é seu elo com passado, mas sua trajetória única e inédita, que dá vez para à contemporaneidade, graças aos novos personagens que trazem humor pontual, personalidades atuais (com o uso de alguns exageros, é claro, mas ainda muito inventivos) e um ritmo bem acertado.

O roteiro de Jason Reitman e Gil Keinan transita num vai e vem, que revela a trama de forma inteligente. O importante é que o timing das piadas funciona e que elas não recaem sobre um único personagem, já que a história é contada de forma ampla, desenvolvendo diferentes frentes e nos levando a conhecer mais do universo dos fantasmas.

ghostbustersmaisalem03 63e6cImagem: Divulgação/Sony Pictures

Com a trilha clássica, mas a presença de novos hits, o filme é embalado num misto de antiguidade com novidade. Isso também fica claro na fotografia do filme, que tem um tom sépia reforçado, mas que inova ao fugir do cenário habitual da cidade e exagerar nos efeitos especiais fantasmagóricos.

Aliás, ponto para o time criativo, que apesar de usar alguns fantasmas clássicos (que com certeza ajudam a criar familiaridade com o universo da franquia), eles fizeram um bom trabalho em criar figuras caricatas. Algumas são esquisitas e talvez jamais serão usadas novamente, mas há uma inventividade.

Resumo da ópera: “Ghostbusters – Mais Além” é uma ótima pedida para assistir numa sessão de cinema ou mesmo para ver (e rever) em casa. Inteligente, respeitoso e bem humorado, o filme consegue unir passado e presente, bem como dar um respiro para o futuro da franquia. A questão que fica é: quem eles vão chamar para o próximo filme?

Fonte das imagens: Divulgação/Sony Pictures

Ghostbusters - Mais Além

O número pode ter mudado, mas você ainda sabe quem chamar!

Diretor: Jason Reitman
Duração: 124 min
Estreia: 18 / nov / 2021