Crítica Westworld - Onde Ninguém Tem Alma | Todo cowboy tem um dia de terror!

Ontem, vulgo dia 2 de outubro de 2016, a HBO exibiu o primeiro episódio da série “Westworld”, estrelada por nomes como Anthony Hopkins, Ed Harris, James Marsden e Evan Rachel Wood.

Só pelo episódio piloto já dá para dizer que a série é genial, o que é reforçado pela execução de qualidade. Muitos podem pensar que esta é uma obra original, mas, na verdade, a novidade da HBO é uma adaptação incrementada do filme de mesmo nome lá de 1973.

Aproveitando o gancho, hoje vou falar do longa-metragem que inspirou essa história de faroeste robótico. Em “Westworld - Onde Ninguém Tem Alma”, somos levados a um parque de diversões futurista que oferece novas realidades para os visitantes.

Delos é um lugar exclusivo para adultos, onde as pessoas têm a oportunidade de visitar o mundo medieval, o mundo romano e uma cidade do velho oeste. Diferente das fantasias de parques tradicionais, esses cenários não são habitados por humanos. Os cidadãos que estão ali são robôs (em versões masculinas e femininas) que são programados para deixar os visitantes no controle.

Você sempre sonhou em ser o xerife de uma cidade do velho oeste? Então, Westworld é o lugar perfeito para você! Este cenário imita exatamente os ambientes que sempre vimos nos filmes, com direito a damas em perigo (que também estão a seu dispor para outros assuntos), criminosos destemidos, muito uísque e armas que funcionam de verdade. É o pacote completo!

É claro que uma hora a diversão acaba e nem sempre a brincadeira acaba bem… Após muitos anos de funcionamento e com poucos incidentes, uma falha robótica acaba criando terror no parque e deixando os visitantes em pânico. Aí é que os cowboys conhecem o lugar onde ninguém tem alma.

Se você não quer ler muito sobre o filme, só adianto que, apesar da época de produção, o resultado de “Westworld” é bastante peculiar. É um longa-metragem com várias ideias boas, que visualizam o futuro que hoje temos nos video games. Suba na carruagem, segure firme seu cafezinho e vamos conversar mais sobre este filme do genious Michael Crichton.

Ah, que isso, eles estão descontrolados!

Para quem vive em 2016 e já viu todo tipo de filme, talvez a história de “Westworld – Onde Ninguém tem Alma” não seja lá muito revolucionária. No entanto, antes de qualquer coisa, é importante ressaltar que estamos falando de um filme de 1973. Na época, não era todo dia que a gente via filmes de robôs que simulavam uma realidade perfeita para os humanos.

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O conceito do parque Delos é muito bacana, sendo que nem mesmo hoje seria possível atingir essa realidade proposta no filme, ainda que certamente muita gente queria entrar em um game como Red Dead Redemption e ter seu dia de cowboy zoeiro. A possibilidade de viver num lugar onde você só tem diversão e não corre nenhum perigo é deveras interessante.

Agora, quando o caldo de fluidos robóticos começa a engrossar é que a galera percebe o perigo da coisa. Pensa só, a gente tem medo de pegar um vírus no PC e ter aí uns nudes vazados, agora imagine você viver num lugar onde pode tomar tiro de robô! É meio que uma vibe de Exterminador do Futuro só que no faroeste.

“Westworld” é bastante inovador para a época, ainda que não seja revolucionário em todos os sentidos

O descontrole robótico é uma pegada que talvez não surpreenda, já que temos inúmeros filmes de ficção — até antes de “Westworld” — que já sugeriam essa hipótese. Contudo, pensando no contexto, o medo causado numa situação dessas é algo pavoroso, que dá até um ritmo diferente para o filme.

Importante constatar que parte do mérito do filme também se deve aos cowboys John Blane (James Brolin) e Peter Martin (Richard Benjamin), os protagonistas da história principal no velho oeste. Estes dois visitantes acabam tendo o azar de enfrentar os figuraças de lata que se passam por humanos. A dupla é sintonizada e garante um passeio guiado pelo parque com bom humor.

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Do outro lado dessa história, a gente tem o atirador de lata (Yul Brynner), numa atuação bem robótica e assustadora. O cara é um pistoleiro perigoso que deixa bem claro como seria o mundo se o Baidu ganhasse vida e saísse andando por aí com uma pistola em mãos.

História pra robô dormir

Se por um lado “Westworld – Onde Ninguém tem Alma” acerta em cheio na proposta central, por outro lado temos um roteiro que parece funcionar com baixa tensão na maior parte do tempo. A introdução do longa é bastante demorada, de modo que a ênfase está no parque e não na questão dos problemas robóticos.

Certamente, um dos fatores que contribui para deixar a trama mais travada é a abordagem dos vários mundos do parque de diversões. Apesar de o título indicar uma história sobre “Westworld”, a trama faz questão de viajar para os demais ambientes, apresentando personagens superficiais e até irrelevantes para o todo.

Pode me reservar um pacote completo para o parque, pois a diversão desta realidade com robôs é garantida

A falta de uma divisão adequada no roteiro também é um inconveniente para a rebelião das máquinas. A introdução é demasiadamente longa, o que prejudica a desenvoltura e deixa o grand finale bem espremido. Com menos de uma hora e meia de duração, a história trava em partes que não deveria e se esquece de levar o público para o meio do perigo.

Infelizmente, o filme também não trata os protagonistas com o devido cuidado, de modo que fica difícil criar empatia com os caras. Quem acompanha de fora entende os problemas robóticos e captura a mensagem principal, mas os personagens que estão no fogo cruzado são pouco desenvolvidos. Uma pena, pois o filme poderia ser ainda mais divertido e assustador.

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Para finalizar, a gente tem algumas limitações de orçamento que complicam tanto o roteiro com alguns furos quanto a execução que acaba sendo precária em algumas partes. Sim, não vale a pena argumentar sobre esses pontos como defeitos, já que, conforme comentei previamente, estamos falando de um filme de 1973.

É isso. “Westworld” não é um filmão de ficção, tampouco um grande faroeste. Este é o verdadeiro parque de diversões onde ninguém tem alma, onde tudo é possível, onde seus sonhos viram realidade, mas também é local onde os pesadelos ganham vida. No geral, uma obra que vale para ficar antenado e não deixar os robôs se folgarem. Veja na HBO GO e depois compare com a série :)

Era Uma Vez no Oeste | Trailer oficial e sinopse

Um homem misterioso com uma gaita (Charles Bronson) resolve ajudar uma cidade aterrorizada por um assassino impiedoso (Henry Fonda) que trabalha para os donos da ferrovia. Nesta jornada, ele encontra uma viúva (Claudia Cardinale) que é oprimida pelos bandidos da região e decide ajudá-la.

Crítica Sete Homens e Um Destino | Sai o épico, entra a representatividade

“Eu procuro justiça, mas aceito vingança”

O Sete Homens e Um Destino original, de 1960, é provavelmente um dos maiores nomes do gênero western produzidos até hoje. Seu enredo foi baseado no clássico japonês Os Sete Samurais, do lendário diretor Akira Kurosawa, que por sua vez, também bebia na fonte dos filmes de faroeste ocidentais, mais precisamente dos longas de John Ford.

Nesse emaranhado criativo ganhamos ao longo dos anos algumas refilmagens, continuações e releituras da obra original, tendo como destaque, por exemplo, a animação Vida de Insetos, da Pixar (isso mesmo, você não leu errado).

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De volta ao velho oeste

Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven) de 2016 utiliza sem pudor a premissa básica da história e assume o caráter de um remake completo. Um vilarejo no velho oeste americano sofre nas mãos de um magnata do ouro, o qual usa toda a violência de seus capangas (e até mesmo de homens da lei) para controlar as minas de ouro da região, deixando a desolada cidadela a mercê de suas vontades. Para confrontar a situação, os habitantes locais, que não possuem aptidão nenhuma para lutar, decidem contratar alguns forasteiros para os protegerem.

É nessa hora que entram os heróis em cena. Os sete escolhidos formam um grupo de homens habilidosos – e atores de renome – para combater os vilões, cada um com uma característica diferente. O filme reúne o brilhantismo do oscarizado Denzel Washington, o senhor das estrelas Chris Pratt, o cult Ethan Hawke, e o atual rei do crime da série do Demolidor, Vincent D'Onofrio. Completam o time os atores Byung-hun Lee (sul-coreano), Manuel Garcia-Rulfo (mexicano) e Martin Sensmeier (nativo norte-americano).

A união de astros de etnias diferentes é um êxito da refilmagem. Um negro assume a liderança de um grupo composto por diferentes rostos, entre eles um oriental e um índio. A escolha pela diversificação racial passa muito além de uma opção comercial ou marqueteira. A pluralidade aqui está diretamente atrelada à qualidade do filme, sendo o que ele oferece de melhor.

O diretor Antoine Fuqua dá um tiro certeiro no comando de seus atores. Outros acertos do diretor são: fotografia digna de um western, com planos abertos e que sabem utilizar a luz natural, mesmo que sejam inflamadas por lentes de correção pós-produção; o encaixe da trilha sonora típica, empolgando nas cenas de ação ou criando suspense quando necessária; um storytelling honesto que não tem acanho ou vergonha de seguir os mesmos passos de seu antecessor, mas que procura saídas mais objetivas para adequar o produto em seu tempo.

Muito tiro, pouca ousadia

Em questões técnicas, mesmo contando com a ótima fotografia de Mauro Fiore ou com a trilha sonora precisa de James Horner e Simon Franglen, ele não possui nenhuma passagem marcante ou de impacto que ficará gravado por anos em sua memória. Um contraste direto é com a própria múscia. Impossível não lembrar do tema do original de 60 e seu instrumental exorbitante. (pan pan pan pan, pan pan pan pan pan ♫)

A versão moderna deixa o épico de lado e vai atrás do cinema politicamente correto, mesmo com o alívio cômico de alguns do bando de protagonistas. Saem os bandidos mexicanos do passado e entra o americano imperialista, que explora seu próprio povo. Não obstante, a criação de elementos genéricos, os quais se tornaram vícios de blockbusters atuais, se tornam presentes.

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O nêmesis escolhido é um retrato claro. O bandido feito por Peter Sarsgaard chega a ser tão dispensável quanto os chistes de sua personagem. Já os “mocinhos”, que são a maioria foras-da-lei em busca de redenção ou um punhado de dólares, até apresentam uma certa profundidade, como o atirador que tem medo de atirar “Goodnight Robicheaux”, papel de Ethan Hawk, ou o cavaleiro solitário com cicatrizes do passado em busca de justiça, Sam Chisolm, interpretado por Denzel Washington – papéis os quais ficam aquém da caricatura de Charles Bronson, por exemplo, pistoleiro da versão clássica.

Saudosismo à parte, se por um lado o novo Sete Homens e Um Destino não é um filme de impacto que será lembrado daqui 50 anos, ele é um remake que merece atenção por representar sua geração, na qual um branco pode ser antagonista e um negro pode ser herói.  

Westworld - Onde Ninguém Tem Alma | Trailer oficial e sinopse

Westworld é um parque temático para adultos, onde robôs em versões masculinas e femininas são programados para servir os visitantes com romance, violência e qualquer outra coisa. Todavia, uma falha robótica acaba criando terror e pânico para várias pessoas que apareceram por lá no dia errado.

Em Busca da Justiça | Trailer legendado e sinopse

Jane Hammond (Natalie Portman) é a esposa de Bill (Noah Emmerich), um dos maiores bandidos da região. Um dia ele retorna para casa após levar oito tiros de integrantes de sua própria gangue, que se voltaram contra ele. Com o marido à beira da morte, Jane decide se vingar e para tanto pede ajuda a Dan Frost (Joel Edgerton), um ex-namorado que ainda a ama e que detesta Bill.

Sete Homens e Um Destino (2016) | Novo trailer legendado e sinopse

Sete pistoleiros. Um vilarejo. Bandidos perigosos. Junte esses três ingredientes e você tem o cenário perfeito para um bom faroeste. O remake de "Sete Homens e Um Destino" conta a história de sete homens destemidos que se unem para defender as pessoas oprimidas desta cidade que vem sofrendo constantes ataques de ladrões muito perigosos.