J.C. Chandor - Café com Filme

Critica do filme Operação Fronteira | A recompensa do soldado

Desenvolvido há quase dez anos, "Operação Fronteira" -- em um momento ou outro -- já teve nomes como Tom Hanks, Johnny Depp, Tom Hardy, Chaning Tatum e Mahershala Ali atrelados ao elenco, enquanto Kathryn Bigelow (primeira diretora a faturar um Oscar) era a mais cotada para assumir a direção. Entre as muias chegadas e partidas, o filme finalmente saiu do papel graças à Netlix.

Após cinco anos afastados, o diretor J.C. Chandor (Margin Call - O Dia Antes do Fim) e o roteirista Mark Boal (Guerra ao Terror) retornam para o que soa como uma parceria perfeita para o projeto em questão. Um breve olhar sobre as filmografias da dupla revela como ambos sabem explorar bem a mistura equilibrada de drama e ação.

Na história de conflitos, internos e externos, um grupo de cinco ex-militares tenta executar uma missão ilegal para eliminar um poderoso traficante sul-americano e faturar uma devida restituição financeira por serviços prestados ao governo estadunidense. Mark Boal conhece muito bem o terreno ambíguo dos campos de combate e tenta imprimir a mesma intensidade física da guerra nos conflitos morais de seus personagens, enquanto J.C. Chandor explora um estudo de personagens em um cenário complexo.

Infelizmente, nenhum dos dois consegue alcançar o mesmo sucesso das obras anteriores, mas mesmo assim entregam um bom título no crescente catálogo de originais da Netflix. Com um elenco de peso e alguns bons momentos, Operação Fronteira pode não ser elegante, mas cumpre a missão.

Soldo

Santiago “Pope” Garcia (Oscar Isaac) é um ex-militar que trabalha como consultor de segurança na América do Sul atuando contra narcotráfico. Quando ele descobre uma oportunidade para eliminar o maior traficante da traficante da região, Gabriel Martins Lorea (Reynaldo Gallegos) e roubar US$ 75 milhões escondidos em sua casa, Pope resolve recrutar seus antigos parceiros da Força Delta.

O grupo de ex-integrantes das forças especiais sofre para reajustar a vida fora do exército. Tom “Redfly” Davis (Ben Affleck) é um corretor de imóveis fracassado, Francisco “Catfish” Morales (Pedro Pascal) é um piloto que perdeu a licença de voo após problemas com drogas. Enquanto isso, William “Ironhead” Miller (Charlie Hunnam) realiza palestras motivacionais para outros soldados recém-saídos do exército e seu irmão Ben Miller (Garrett Hedlund) sofre tentando se tornar um lutador de MMA. 

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Sem perspectivas, o grupo não demora muito para aceitar a proposta de Pope, especialmente por este ter conseguido arrebanhar Tom, o pilar do grupo. Para minimizar o número de vítimas, o grupo elabora um plano eficiente para invadir a fazenda de Lorea, roubar todo o dinheiro e eliminar apenas o traficante e alguns de seus capangas. Todavia, quando a equipe descobre que há muito mais dinheiro escondido na casa do que o esperado a ganância começa a diluir a moral dos soldados.

O interessante aqui é ver desde o início o desenvolvimento dos personagens. O roteiro assinado em conjunto por Boal e Chandor não foca exclusivamente na ação e tenta explorar as motivações dos envolvidos. Mesmo que sem a devida profundidade, a dupla oferece alguns deslumbres dos princípios morais dos personagens, deixando a ação apenas como pano de fundo para uma discussão mais interessante. Todavia essa escolha narrativa segura muito o ritmo do filme, algo criativo, mas que destoa da ação por conta da indefinição da dupla de roteiristas que não ousa o suficiente em nenhum dos lados do pêndulo.

Tropa de elite

A dinâmica do grupo é essencial para a história, e o elenco transparece a naturalidade de anos de convivência com muita propriedade. A unidade possui um vínculo próximo, próprio de irmãos de armas. Com vários nomes de peso é difícil apontar algum destaque maior, mas é fácil dizer que Ben Afleck teve o maior trabalho da equipe. Tom é o personagem que exige mais empenho ao longo do seu desenvolvimento e o ator dá conta do recado, mesmo que cerceado pelos limites do próprio roteiro. 

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Charlie Hunnam e Oscar Isaac entregam performances sólidas, enquanto Garrett Hedlund está no piloto automático e Pedro Pascal não tem espaço suficiente para mostrar todo seu potencial. Independente disso, o grupo como um todo opera muito bem e, juntos, são o grande destaque do filme.

Quanto vale uma vida?

Operação Fronteira tem seus problemas, mas já pode ser considerada uma das melhores produções da Netflix. Um elenco competente, uma direção inteligente e um roteiro criativo fazem do filme uma aposta segura para quem busca um bom drama de guerra no extenso catálogo da Netflix.

O foco não é a violência, mesmo que a missão em questão seja basicamente um roubo e um assassinato. As ações dos personagens são os meios para um fim e a moral de seus atos é questionada a cada passo. O grande problema do filme é que os pontos mais interessantes da trama não são muito explorados, deixando uma sensação de superficialidade. A ação é bem construída, mas os momentos de reflexão quebram o ritmo e interrompendo a fluidez necessária para a composição eficaz da trama, culminando em um terceiro ato apressado e pouco elaborado.

Apesar de mediano, Operação Fronteira ainda se destaca dentro do catálogo da Netflix

Com tantas mudanças ao longo do desenvolvimento era de se esperar que o resultado final de Operação Fronteira fosse desequilibrado. Mesmo assim, o filme consegue se manter acima da média das produções da Netflix, e é um título interessante para quem procura um filme de guerra/ação que vá além de "recos" trocando tiros.  

Operação Fronteira | Novo trailer legendado e sinopse

Cinco ex-membros das Forças Especiais se reúnem para planejar um assalto na tríplice fronteira entre o Brasil, Argentina e Paraguia. Pela primeira vez em suas carreiras de prestígio, esses heróis desconhecidos empreendem essa missão perigosa para si, em vez de para o país. Mas quando os acontecimentos tomam um rumo inesperado e ameaçam sair do controle, suas habilidades, suas lealdades e sua moral são levadas a um ponto de ruptura em uma batalha épica pela sobrevivência.

Cinema: confira as estreias do dia 02 de abril

Esta semana é um pouco mais curta e tem muita gente só aguardando o merecido descanso para encher a barriga de chocolate, mas independente do feriado, as estreias no cinema acontecem como de costume na quinta-feira.

Neste dia 2 de abril, filmes dos mais variados gêneros e com alguns atores bem famosos chegam para dar opções para todo mundo (quer dizer, só a criançada que não ganha atenção desta vez).

O destaque desta quinta é o novo filme da série Velozes e Furiosos que chega para deixar todos impressionados com os carros mais insanos do mundo — isso sem contar que é o último filme de Paul Waker. Enfim, chega de papo e vamos ver detalhes das estreias da semana.

O Ano Mais Violento

Um imigrante e de família tentam expandir os negócios e aproveitar oportunidades em meio ao inverno de Nova York em 1981, que foi um dos anos mais violentos na história da cidade.

Decadência, corrupção e rompantes são seus maiores adversários para evitar que tudo o que construíram entre em colapso. Com Oscar Isaac e Jessica Chastain no elenco, o filme  é dirigido por J. C. Chandor.

O Último Ato

Simon Axler (Al Pacino) é um famoso ator de teatro que se torna depressivo e adquire tendências suicidas quando, de repente e inexplicavelmente, perde seu talento.

Numa tentativa de recuperar seu dom, ele tem um caso com uma jovem lésbica que tem a metade da idade dele. Rapidamente, a relação gera caos e pessoas ligadas ao casal reaparecem em suas vidas.

Um Fim de Semana em Paris

Os ingleses Nick e Meg são professores universitários e estão prestes a completar 30 anos de casados. Para comemorar a ocasião, eles decidem voltar a Paris e se hospedar no mesmo hotel em que passaram a lua de mel.

Essa segunda lua de mel pode ter boas surpresas e momentos divertidos, mas um encontro acidental com um ex-aluno de Nick transformará para sempre a relação do casal.

Um Momento Pode Mudar Tudo

Kate (Hilary Swank) é uma pianista sofisticada, casada, bem sucedida e recém diagnosticada com ELA (esclerose lateral amiotrófica). Bec (Emmy Rossum) é uma estudante impertinente e aspirante a cantora de rock que mal consegue dar conta do descontrole caótico de sua vida.

No entanto, quando Bec aceita uma tentativa desesperada de emprego para dar assistência a Kate, elas passam a se apoiar em algo que se torna um laço não convencional.

Velozes e Furiosos 7

Dando continuidade às aventuras globais da franquia construída à base de velocidade, Vin Diesel, Paul Walker e Dwayne Johnson lideram o elenco de “Velozes e Furiosos 7”. O novo capítulo da série de sucesso conta com direção de James Wan e ainda traz de volta os atores Michelle Rodriguez, Jordana Brewster, Tyrese Gibson, Chris Brigdes “Ludacris”, Elsa Pataky e Lucas Black.

No novo filme, acompanhamos Toretto (Vin Diesel) enfrentando um inimigo (Jason Statham) que busca vingança e vai eliminar todos aqueles que ficarem em seu caminho. É claro que o campeão dos rachas não está sozinho nessa.

Em meio a tantas confusões, ele acaba reunindo toda sua gangue para pilotar carros ainda mais insanos e fazer manobras que muitos julgam impossíveis. Ao mesmo tempo em que lida com o perigo, Toretto passa por um drama com Letty (Michelle Rodriguez), o que deixa a situação mais tensa.

O Ano Mais Violento | Trailer legendado e sinopse

A história de um imigrante e de sua família tentando expandir os negócios e capitalizar oportunidades em meio ao inverno nova-iorquino de 1981, estatisticamente um dos anos mais violentos na história da cidade. Decadência, corrupção e rompantes são seus maiores adversários para evitar que tudo o que construíram entre em colapso.

Crítica do filme Até o Fim | Um mar sufocante de desventuras!

Eu queria muito ter visto o filme “Até o Fim” no cinema, mas a falta de tempo e de sessões me impediram. Felizmente, o Netflix é uma caixinha de surpresas e não é por acaso que mantenho minha assinatura.

É comum rodar o catálogo do serviço e não encontrar nada, mas, de vez em quando, a gente acha um ou outro filme que acabou de sair do cinema e já está ali, antes mesmo de chegar aos canais de TV por assinatura. Sorte minha.

Até o Fim” (que no original é “All is Lost” ou “Tudo está Perdido”) é um longa-metragem independente escrito e dirigido por J.C. Chandor — cineasta pouco conhecido do qual você dificilmente deve ter ouvido falar.

Participante do Festival de Cannes 2013 e ganhador de alguns prêmios em outros eventos, este longa-metragem conta a história de um homem que luta contra as forças do destino e da natureza em uma situação inusitada: um naufrágio em alto-mar.

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Estrelado por ninguém menos que Robert Redford (que fez um zilhão de séries e filmes na década de 1960, “O Grande Gatsby” lá na década de 1970 e outros tantos conhecidos), esta obra cinematográfica surpreende de diversas formas. Vamos entrar nos detalhes da coisa.

Desgraça pouca é bobagem

Durante uma viagem pelo Oceano Índico, o protagonista sem nome (Redford) acorda e se depara com uma inundação em seu barco, algo que ocorreu depois que um contêiner à deriva atingiu a embarcação. Com sua experiência de navegação, o homem consegue remediar o problema, mas as coisas vão de mal a pior.

No decorrer do filme, acompanhamos uma série de complicações (tempestades, falta de comida e até mesmo o desespero causado por todo o ocorrido) que vão colocar o marinheiro frente a frente com a morte. Todas essas situações são detalhadas e são elas que compõem a história, portanto não espere grandes reviravoltas, pois o script não vai muito além disso.

Justamente por não ter muitos personagens e cenários, o roteiro de “Até o Fim” pode ser detalhista, o que deixa o filme muito interessante. Quase todas as ações do protagonista são acompanhadas de perto, garantindo que o público acompanhe o desenrolar da história sem que seja necessário o marinheiro dar informações verbalmente sobre suas atitudes.

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Isso deixa o filme bem direto, evitando que a atuação fique tosca ou que seja preciso falas em segundo plano para explicar o que está acontecendo. Pode até acontecer de que uma ou outra ação demore a ser compreendida, mas tudo é explicado (com câmeras bem posicionadas) sem que o personagem precise ficar falando sozinho.

Aliás, falando em atuação, é de ficar abismado como Redford é capaz de ser tão convincente. O currículo dele já diz muito, mas, aqui vemos que mesmo em seus quase 80 anos, o ator prova novamente que sabe ser dramático e encarar papéis árduos, sendo capaz de se comunicar apenas com expressões faciais e gestos precisos.

Sentindo o drama

A verdade é que “Até o Fim” é desastre e tensão do começo ao fim. Se você é do tipo que tem medo de nadar no mar e que jamais enfrentaria o oceano nem mesmo em um navio de cruzeiro, então o filme pode ser pânico do começo ao fim. Muitas cenas são sufocantes e mesmo quando você pensa que tudo está bem, o filme pode colocá-lo debaixo da água em poucos segundos.

Cada rangido do barco, cada onda que bate no casco e até mesmo os sons dos trovões são apavorantes. A sonoridade é peça-chave aqui e funciona perfeitamente. O clima só tende a piorar e o espectador não escapa da fúria da natureza. Logo, você faz parte do naufrágio e sentirá o drama deste navegador que mesmo sabendo o que fazer não tem chances perante o imenso oceano.

Todo o jogo de câmeras mostrando o panorama da situação debaixo da água e acima de tudo ajudam a dar uma noção do tamanho do problema (e a fotografia mesmo sendo repetitiva consegue ser belíssima). Felizmente, no meio de tanto sufoco, há um ou outro lampejo de esperança, garantindo uma pequena pausa para que você possa respirar e encarar a próxima adversidade.

Conforme eu disse, o filme não tem falas, então quase todo o drama é retratado com o silêncio do personagem. Aqui, os sons ambientes e a trilha sonora é que fazem o papel da comunicação. As músicas do estreante Alexander Ebert usam recursos que são capazes de dar a entonação perfeita tanto para os momentos de desespero quanto para os mais tranquilos. Um trabalho de qualidade e emocionante!

Emocionante, instigante e, acima de tudo, angustiante, “Até o Fim” é capaz de prender a atenção do espectador, colocando-o em meio a tempestade junto ao protagonista. Se você gostou de “As Aventuras de Pi”, vale dar atenção especial a esse filme, que não tem o tigre, mas que pode deixá-lo ainda mais apreensivo. Temos aqui mais uma prova de que os filmes independentes podem surpreender.

Até o Fim | Trailer legendado e sinopse

Em uma viagem solo ao Oceano Índico, um homem acorda e encontra seu veleiro de 39 pés inundando, após colidir com um contêiner que flutua à deriva em alto-mar. Com seus equipamentos de rádio e navegação quebrados, o homem navega a esmo, a caminho de uma tempestade violenta.

Apesar do sucesso em remendar o buraco feito pelo contêiner, sua intuição de marinheiro e os anos de experiência no mar, o homem quase não sobrevive à tormenta.

Usando apenas um sextante e mapas náuticos, ele precisa confiar nas correntes marítimas para, quem sabe, chegar a uma rota náutica encontrar outra embarcação. Mas o sol impiedoso, tubarões à espreita e os poucos suprimentos que restam levam o engenhoso navegante a encarar a morte frente a frente.

Indicados ao Oscar 2012

Foi divulgada a lista de indicados à grande premiação do Oscar 2012. O Evento está programado para dia 26 de Fevereiro e será transmitido pela TNT. O Café com Filme vai cobrir o evento e divulgar todos os detalhes até que ocorra a festa das estatuetas. Abaixo, você confere os indicados do ano: