Maria Mariana - Café com Filme

O Dublê | Trailer legendado, trailer dublado e sinopse

Ele é um dublê e, como todos na comunidade de dublês, faz as cenas mais arriscadas de explosão, tiroteio, incêndios, perseguição e acidentes de carro, quedas das mais altas janelas, tudo para nos divertir. Mas agora, depois de um grave acidente que quase acabou com sua carreira, esse herói anônimo das produções de cinema precisa descobrir o paradeiro de um astro de cinema desaparecido, desmascarar uma conspiração e tentar reconquistar o amor de sua vida enquanto ainda faz seu trabalho diário. O que poderia dar errado?

A profissão de dublê deixou muitas cicatrizes na vida de Colt Seavers (Ryan Gosling). Há cerca de um ano, inclusive, ele abandonou os sets para cuidar de sua saúde física e mental. No entanto, agora ele é convocado de volta aos bastidores quando o astro de um blockbuster de grande estúdio em produção – dirigido por sua ex, Jody Moreno (Emily Blunt) — desaparece.

A produtora do filme (Emmy Hannah Waddingham,), faz de tudo para manter em segredo, tanto do estúdio quanto da mídia, o desaparecimento do astro Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson). Nesse ínterim, Colt filma as acrobacias mais arriscadas do filme enquanto tenta (sem muito sucesso) reconquistar Jody. Mas, à medida que o mistério em torno do desaparecimento de Ryder se intensifica, Colt se envolve em uma trama sinistra e criminosa que vai deixá-lo face a face com a cena mais perigosa que jamais se arriscou a fazer.

Crítica do filme A Sindicalista | Enfrentando o machismo estrutural

O mundo está repleto de histórias que não conhecemos e a obra “A Sindicalista” conta mais uma que muito possivelmente você não teve conhecimento. Trata-se de um episódio bem recente ocorrido na França, que teve seus primeiros desdobramentos lá em 2012, com uma repercussão grande em rede nacional, mas com desfecho parcial apenas em 2020.

Baseado em fatos, o filme estrelado por Isabelle Huppert relata um fragmento intenso da vida de Maureen Kearney (Huppert), que não apenas atuou como uma importante representante sindical na França, como foi responsável por denunciar acordos secretos que abalaram a indústria nuclear francesa.

Apesar do viés trabalhista no início, a trama de “A Sindicalista” se intensifica no conflito individual, na tentativa de desvendar os responsáveis por um ataque violento contra a vida de Kearney. Assim, acompanhamos a protagonista numa luta para tentar provar que este não foi um ataque ao acaso, mas uma armação de um complô nuclear com agentes poderosos.

asindicalista01 b6228Fonte: Divulgação/Synapse

Dessa forma, “A Sindicalista” é um drama intenso, porém permeado por muito suspense que deixa o espectador curioso para saber o resultado desse conflito desproporcional. Contudo, além do entretenimento, temos aqui material para refletir sobre a revitimização: situações em que, mesmo diante da violência sexual, a palavra de uma mulher está em xeque!

A Sindicalista vale a pena?

A Sindicalista” pode parecer uma ficção, mas nada mais é do que um retrato realista de uma sociedade machista e covarde, que repetidamente reduz o papel da mulher e escancara uma articulação inerente capaz de transformar a vítima em suspeita. Destaque mais do que especial para Isabelle Huppert que leva o filme nas costas! Um ótimo filme para debate, mas também pode servir como entretenimento para os menos calorosos.

Muito além da ficção

Após denunciar o ocorrido à polícia, uma investigação é instaurada para buscar provas que levem até os criminosos ou ao menos a uma resolução, já que o caso ganhou projeção. Por uma suposta falta de provas (que não vou detalhar para evitar spoilers) os detetives sugerem que as opções foram esgotadas e, assim, colocam o depoimento de Kearney em questão.

Numa tática recorrente do machismo estrutural, eles tentam culpabilizar a vítima, sugerindo que o caso foi inventado ou que a vítima é de fato culpada por tais atos. Dessa forma, os agentes apelam para repetições do depoimento, violência verbal e até para argumentações quanto à vestimenta da protagonista, de modo que a vítima confesse ter inventado tudo.

Já pensou que terrível passar por uma situação de violência e duvidarem de sua palavra? Isto é bem comum no Brasil e no mundo, então não é só um filme. Acontece que essa culpabilização, a reconstrução da cena na cabeça, os depoimentos repetitivos e outros fatores levam a vítima a sofrer ainda mais ao revisitar tudo gerando um trauma ainda maior.

asindicalista02 b87edFonte: Divulgação/Synapse

No Brasil, desde novembro de 2021, em teoria, as mulheres estão amparadas pela Lei 14.245, ou Lei Mariana Ferrer, que visa evitar a revitimização de mulheres no atendimento por agentes públicos. Traduzindo: mulheres em situações vulneráveis de violência não podem ter sua palavra questionada, evitando procedimentos desnecessários que podem causar mais traumas.

A história de Kearney, contudo, não se passa no Brasil e já tem mais de década, logo era outra realidade. De qualquer forma, o ponto é perceber que a trama é apenas um caso que ganhou notoriedade, porém há uma infinidade de mulheres que passam por isso: sofrem a violência, precisam vencer o medo para denunciar e ainda podem se tornar suspeitas.

Filme realista com atuação poderosa

Bom, já falamos da história e do debate central do filme, resta então comentar sobre a execução. Não é de hoje que o cinema francês difere muito do hollywoodiano. No geral, a abordagem francesa é muito mais séria e menos sensacionalista. Assim, é comum ver filmes da França e estranhar a falta de dinamismo, o que é notável também neste caso.

O diretor Jean-Paul Salomé tem uma carreira de longa data, mas com obras intercaladas por longos hiatos. Nota-se que ele é bastante conservador no estilo, com enquadramentos que pouco inventivos, sendo que há uma clara diferença entre a edição ousada do trailer e o resultado do filme.

É claro que em determinadas situações, a direção está intimamente ligada ao roteiro, então a história também não permite muita inventividade. Soma-se a isso o fato de que o script é um bocado alongado, o que acaba prejudicando o ritmo em alguns trechos. São muitos personagens, diálogos longos e uma construção de trama que demanda certo tempo.

asindicalista03 a57aaFonte: Divulgação/Synapse

Felizmente, há Isabelle Huppert como contraponto, sendo que a atriz domina todas as cenas com olhares marcantes e uma presença imponente. Olhando a intensidade e as cenas repletas de close, fica evidente que somente uma atriz com tamanha expertise poderia encarar esse papel. Sim, o elenco como um todo é bom, mas o foco está realmente na protagonista.

Por se tratar de um roteiro muito centrado na protagonista, é impossível ter um filme impactante sem uma pessoa sútil e ousada em medidas similares. Os desafios eram muitos, mas Ruppert entrega uma atuação irreparável, com diálogos convincentes, interlocuções enérgicas e muito jogo de cintura para equilibrar a personagem entre o drama e a coragem.

Destaques também para a maquiagem, que deixou a atriz muito parecida com Maureen Kearney; o que não faz diferença para quem não conhece a pessoa, mas é ótimo ver uma história real o mais fiel possível. Por fim, menção especial para a trilha sonora, que propicia bons momentos de tensão. No todo, “A Sindicalista” é um filme sólido e altamente recomendado!

Medusa | Trailer oficial e sinopse

Há muitos e muitos anos, a bela Medusa foi severamente punida por Atena, a deusa virgem, por não ser mais pura. Hoje, a jovem Mariana pertence a um mundo em que deve se esforçar ao máximo para manter a aparência de uma mulher perfeita. Para não caírem em tentação, ela e suas amigas se esforçam ao máximo para controlar tudo e todas à sua volta. Porém, há de chegar o dia em que a vontade de gritar será mais forte.

O Pior Vizinho do Mundo | Trailer legendado, dublado e sinopse

Refilmagem estadunidense do filme Um Homem Chamado Ove (dirigido por Hannes Holm), inspirado no livro homonimo de Fredrik Backman. Um homem chato, aposentado e rabugento, Otto, de 59 anos, foi há alguns anos deposto como presidente da associação de condomínios. Não se importando com a deposição, continuou por isso vigiando o bairro com mão de ferro. Quando a grávida Parvaneh e sua família se mudam para a casa geminada em frente e as cartas da nova vizinha acidentalmente vão parar na caixa de correio de Otto, uma amizade inesperada acaba se formando e as vidas dos dois mudam drasticamente.

Medida Provisória | Trailer oficial e sinopse

Em um futuro distópico, o governo brasileiro decreta uma medida provisória, em uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata, provocando uma reação no Congresso Nacional, que aprova uma medida que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África na intenção de retornar a suas origens. Sua aprovação afeta diretamente a vida do casal formado pela médica Capitú (Taís Araújo) e pelo advogado Antonio (Alfred Enoch), bem como a de seu primo, o jornalista André (Seu Jorge), que mora com eles no mesmo apartamento. Nesse apartamento, os personagens debatem questões sociais e raciais, além de compartilharem anseios que envolvem a mudança de país. Vendo-se no centro do terror e separados por força das circunstâncias, o casal não sabe se conseguirá se reencontrar.

A Jaula | Trailer oficial e sinopse

É só mais um carro de luxo sendo roubado numa rua de São Paulo... ou não. Um ladrão (Chay Suede) entra com facilidade no SUV estacionado numa rua pacata, mas, ao tentar sair, descobre que está preso em uma armadilha, incomunicável, sem água ou comida.

Recai somente sobre ele a vingança que um famoso médico (Alexandre Nero) planejou depois de sofrer inúmeros assaltos. Quem passa em volta não percebe o embate que se arma entre o sádico vingador e o ladrão prisioneiro dentro do carro. “A Jaula” é um thriller psicológico que não deixa o público desgrudar da tela. Quem é o vilão e quem é a vítima?

Turma da Mônica: Lições | Novo trailer oficial e sinopse

Mônica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) lidando com as consequências de um erro cometido na escola. Ao mesmo tempo, eles enfrentam transformações da passagem da infância para a adolescência, e estão prestes a descobrir o valor da amizade.

Crítica M8 - Quando a Morte Socorre a Vida | Visibilidade para os injustiçados

Quando falamos em cinema como um termo generalista para os filmes, as pessoas logo pensam em produções cinematográficas hollywoodianas, protagonizadas por grandes celebridades de países do primeiro mundo e, muitas vezes, focadas em temas ficcionais. Não que o cinema não tenha outros inúmeros desdobramentos e espaço para uma infinidade de outras concepções a partir do ponto de vista do público.

No entanto, ainda que o cinema seja supostamente um espaço livre tanto do ponto de vista temático quanto da perspectiva da produção das obras, é inegável que a balança da sétima arte pende muito para o lado ocidental e foca muito mais nas culturas ocidentais, protagonizadas por homens, brancos, de boa condição financeira e heterossexuais.

Felizmente, há um bom tempo, diversos movimentos levantados por inúmeros cineastas, atores, roteiristas e produtores (para citar alguns) vêm tomando ações das mais variadas para transformar este meio, seja com a inserção de outros grupos étnicos, raciais e de gênero na produção e na protagonização, bem como pela abordagem de temas que exibem outras realidades que não sejam a do galã estereotipado de Hollywood.

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Assim, é maravilhoso quando podemos ver um filme como “M8 – Quando A Morte Socorre A Vida” ganhando voz e vez no circuito ao levantar diversas dessas bandeiras, ainda trazendo uma história relevante (fictícia talvez até certo ponto, mas baseada em várias histórias reais) e com excelente qualidade técnica. Se você chegou munido de preconceitos, recomendo baixar as armas e ler com atenção alguns parágrafos do porquê vale prestar atenção nesta obra.

Um filme necessário

Dirigido pelo cineasta Jeferson De, “M8 – Quando A Morte Socorre A Vida” não conta uma simples história de um protagonista brasileiro negro da periferia que busca seu lugar no mundo. O roteiro assinado por Jeferson De e Carolina Castro vai muito além do trivial e abraça inúmeras histórias que jamais foram contadas por conta da injustiça social e que, aliás, nunca poderiam ser contadas, pois em muitos casos foram enterradas como indigentes.

Calma, há sim um fio condutor a ser acompanhado e ele nos mostra a história de Maurício (Juan Paiva), um jovem que acabou de entrar para o curso de Medicina numa Universidade Federal e que começa a enfrentar diversos dilemas dentro da sala de aula e também em seu cotidiano. O rapaz é filho de Cida (Mariana Nunes), uma auxiliar de enfermagem, que desempenha mais do que o papel de mãe, pois traz o relato de quem já passou por situações de preconceito e serve como uma ponte para expandir as temáticas.

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Bom, mas voltando ao jovem Maurício, em sua primeira aula de anatomia, ele é apresentado a M8 (Raphael Logam), corpo que servirá para os estudos de biologia de vários colegas de classe durante o primeiro semestre. Todavia, enquanto muitos enxergam apenas um cadáver pronto a ser estudado, Mauricio vê alguém semelhante e enfrenta angústias para desvendar a identidade desse rosto desconhecido em uma jornada assustadora e com um choque de realidade.

Com um roteiro pronto a atender inúmeras questões raciais, econômicas, sociais, culturais, religiosas e até de gênero, o filme “M8 – Quando A Morte Socorre A Vida” dá uma aula aos inocentes que acham que o mundo gira em torno de seus respectivos umbigos. Mesmo que de forma dramática e encenada, os inúmeros aspectos abordados na rotina de Maurício são apenas um xerox do que a gente vê diariamente nos jornais, na televisão e na internet.

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Assim, é muito bom ver um filme que toca em várias feridas e que mostra como a questão da desigualdade está diretamente atrelada a um racismo estrutural, que se dá nos mais diversos níveis da sociedade. E mais importante: coerente como deve ser uma obra responsável, o título vai muito além do vitimismo e tenta ponderar outros lados que tentam colaborar no combate ao racismo, mas que ainda tropeçam ao não ter a mesma percepção de mundo.

Tentando abraçar o mundo

Com ótimas atuações de Juan Paiva e Mariana Nunes e a presença de grandes nomes como Zezé Motta e Pietro Mário, o filme tem um elenco bem diversificado, que faz um trabalho competente ao construir a história de Maurício. O jovem Paiva personifica muito bem as dores e dilemas de um jovem que sofre golpes de todos os lados e passa por uma fase muito conturbada chamada “vida”.

Talvez o único tropeço do filme seja a busca em abraçar todas as causas e cair em divagações sobre temas que não são exatamente dão continuidade ao cerne proposto pela obra. Ao menos, essa é a impressão que fica quando algumas cenas ficam em aberto e quando determinados trechos são abordados tão vagamente. Com menos de uma hora e meia de duração, a produção não cansa e, quem sabe, um roteiro até mais extenso poderia dar conta de tudo e seguir no mesmo propósito.

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De qualquer forma, é muito bom ver pequenas situações que ao menos servem como uma breve pincelada de tantos absurdos que podem ser falados e abalar a vida de um jovem que já passa por inúmeras situações complexas por diversas questões sociais. Muito bom ver também um filme que aborda outros gêneros musicais e religiões de matrizes africanas, pois tais aspectos não apenas compactuam com o enredo, como também diversificam o cenário dos filmes nacionais.

Por fim, mas não menos importante, eu acho importantíssimo comentar sobre a direção bem pontual de Jeferson De, que mostra muito talento em um filme tão diversificado, indo de ótimas cenas de terror sobrenatural nas aulas de anotomia até situações de terror psicológico e com carga dramática profunda, como uma abordagem policial truculenta e rotineira. E ele conclui sua obra de forma magistral, homenageando os tantos negros injustiçados.

É óbvio que “M8 – Quando A Morte Socorre A Vida” não resolve a questão do racismo no cinema, tampouco é uma obra perfeita em questões técnicas ou de roteiro, porém é um filme bem intrigante e que serve muito mais como protesto educacional do que como ficção. Uma produção necessária e que vem para dar um alento a tantos que foram por tanto tempo invisíveis.

Technoboss | Trailer legendado e sinopse

O início da velhice de Luís Rovisco não se apresenta lá muito animador. Já sexagenário, continua a percorrer sozinho o país no exercício das funções, cada vez menos reais, de diretor comercial da empresa SegurVale. Tristeza, resignação? Não com as canções que Luís inventa ao volante e que invadem este filme de ponta a ponta.

Para driblar as armadilhas deixadas pela tecnologia, pelos colegas de trabalho e pelo chefe estranhamente ausente, Luis passa seus dias atrás do volante, sempre sorrindo e criando músicas para o que ele vê no caminho. Parece que nada pode abalar as canções de Luís, até que Lucinda, recepcionista do Hotel Almadrava, dá um tom diferente.