Zack Snyder - Café com Filme

Critica do filme Adão Negro | Poder nascido da raiva... dos espectadores

Errado desde a sua concepção, Adão Negro falha em quase tudo que tenta fazer. Originalmente visto como um vilão para o filme do Shazam! – o que de fato seria uma ideia interessante, haja vista a justaposição dos dois personagens nos quadrinhos – o conceito foi engavetado para que The Rock pudesse encarnar o personagem em um filme solo.

Com esse primeiro erro tudo começa a ruir pela base. Tudo no roteiro é acidental, nada parece ter um propósito maior a não ser oferecer uma plataforma para que The Rock flexione seus músculos, destrua paredes e dispare raios.

O elenco principal, leia-se aqui o próprio The Rock, Pierce Brosnan e Aldis Hodge – os únicos com algum material para trabalhar, e que parecem se esforçar para entregar algo além de frases de efeito e caras contemplativas – logo se rendem aos gritos de guerra e “piadotas” sem graça. Criticar é fácil, mas é difícil fazer igual, o estilo Marvel esté visivelmente saturado, entretanto, mesmo em seus momentos mais lamentáveis (vide Thor: Amor e Trovão) ainda entrega produções minimamente coerentes.

Nascido da raiva (dos espectadores)

Nos quadrinhos, Adão Negro é um personagem interessante, cuja história de origem e flexibilidade moral fazem a sua vilania beirar o anti-heróismo. No roteiro abobalhado assinado por Adam Sztykiel (Rampage - Destruição Total) em parceria com Rory Haines e Sohrab Noshirvani (O Mauritano), as ações de Adão Negro são basicamente justificáveis por conta da imbecilidade de todos os outros.

Para alegria do “nerdola incel” que odeia pensar, o filme não aproveita seus momentos de “lacração” o que elevaria consideravelmente o nível intelectual da produção. O suposto herói em conflito não apresenta nenhum conflito, temos um “Wolverine” místico que pode ser violento, mas que ainda opera dentro dos “limites” de um anti-herói. Talvez por conta do carisma inato de Dwayne “The Rock” Johnson, o roteiro nunca explora a verdadeira dualidade de Adão Negro e a fina linha que separa anti-heróis e vilões.

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A presença da Sociedade da Justiça é outro elemento que beira o ridículo pelo esforço consciente dos roteirista em transformar a equipe em capangas do governo. Não há qualquer e esforço para trazer a tona discussões como o intervencionismo estadunidense, ou o fato de que super-heróis estão seguindo ordens de agencias governamentais com agendas escusas.

Além disso, a própria formação da Sociedade da Justiça já mostra o desdem com o time, apesar de trazer Gavião Negro (Aldis Hodge) e Senhor Destino (Pierce Brosnan) dois nomes famosos nos quadrinhos, a escolha pela introdução de Cíclone (Quintessa Swindell) e Esmaga-Átomos (Noah Centineo) é um bom exemplo de como não há qualquer sentido nas decisões do roteiro. Cíclone e o Esmaga-Átomos são mal desenvolvidos e literalmente não fazem qualquer falta para o desenvolvimento do filme.

Muito mais do menos

Considerando que ainda há quem defenda outras produções do DCEU (o universo cinematografíco da DC), como o infeliz Liga da Justiça de Zack Snyder, é fácil entender como Adão Negro deve encontrar seu público. Em um amalgama de pancadaria em câmera lenta e equipes de super-herois desorganizadas e personagens moralmente ambíguos, o filme consegue sim entregar um catadão do que há de pior nos filmes da DC, em um mix de Batman vs Superman e O Esquadrão Suicida.

Dito isso, é inegável que o exagero se torna um atributo de Adão Negro. É na pancadaria que o filme, e o diretor Jaume Collet-Serra (Jungle Cruise) se consagram. As cenas de ação são grandiosas e a fotografia de Lawrence Sher (Coringa) ajudam a entregar alguns bons momentos de puro suco de gibi, mas será que isso é suficiente?

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Além de estabelecer um sub-gênero bem definido os filmes inspirados nos heróis dos quadrinhos evoluíram e já não se limitam a mostrar pancadaria e feijoada. Não há vergonha em apreciar uma cena de luta belamente coreografada, da mesma forma que não há demérito em fazer o espectador pensar.

Personagens bem elaborados e desenvolvidos são essenciais para qualquer produção, mas parece que Adão Negro sofre com o que só pode ser descrito como descaso da Warner/DC. O mesmo estúdio que entregou o Batman de Matt Reeves - um filme multifacetado com personagens profundos e história envolvente - não investe esforço algum no desenvolvimento de Adão Negro, acreditando que a mera presença de Rock carregará toda a película, uma pena, e mais uma ótima chance perdida para reestabelecer o sempre cambaleante DCEU.

Crítica do filme Liga da Justiça de Zack Snyder | Vale a pena ver a nova versão?

Alguns universos marcaram o cinema ao longo da última década. É o caso dos títulos que compõem as franquias entrelaçadas de heróis da Marvel e das sagas um tanto desconexas da DC. Cada uma com seu estilo de abordagem e produção, ambas conquistaram seus respectivos fãs, mas é inegável que a Marvel obteve maior êxito (falando principalmente de retorno financeiro e de recepção do público) ao fazer uma linha costurada entre seus títulos.

Por se tratar de um segmento midiático que não tem regras, a DC seguiu um caminho muito diferente, que visava manter cada herói em sua respectiva bolha. Isso funcionou muito bem ao manter filmes do Batman separadamente (empreitada iniciada lá em 2005 com “Batman Begins”), os quais certamente ganharam prestígio antes mesmo de a Marvel começar a sua construção de um universo compartilhado com o primeiro filme do “Homem de Ferro”.

O ponto é que uma estratégia cinematográfica não dura para sempre, sendo que a DC levou um bom tempo para entender a importância de interligar os filmes e jogar o jogo da concorrente, que aos poucos foi conquistando o público e forçando os fãs a assistirem vários filmes para ter uma base do universo mais amplo. Tudo isso garantiu que a Marvel culminasse sua jornada nos Vingadores, enquanto a DC ainda patinava para entender que o público já não queria filmes solos dos personagens (ou se queria, não queria da forma como eles fizeram).

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Após muito insistir em filmes separados e em decisões muito controversas (alô “Batman vs Superman”), a DC finalmente entendeu que a bagunça deveria acabar e um filme da Liga da Justiça seria necessário para mostrar ao mundo que ela também tinha seu time de Vingadores para o cinema. O único problema: a DC não formou uma base sólida (e coerente) de filmes que pudessem dar uma base de enredo ou mesmo de personagens para chegar no filme da Liga. Todavia, eles lançaram o filme mesmo assim.

O pior: o projeto que originalmente era de Zack Snyder foi transferido para Joss Whedon (que anteriormente trabalhava para os estúdios Marvel). A mudança repentina foi porque Snyder se afastou do projeto quando sofreu uma perda em sua família, de modo que os estúdios Warner optaram pela substituição do diretor, que foi ninguém menos do que Whedon, certamente um cineasta competente, mas que decidiu modificar o filme para ficar com sua cara, sendo que ele até modificou o roteiro e optou por refazer várias cenas.

Moral da história: o filme Liga da Justiça que chegou originalmente em 2017 aos cinemas não era nem de longe a visão de Zack Snyder, mas sim uma colcha de retalhes meia-boca, que, graças a ideia brilhante do estúdio em apressar o projeto e contratar um diretor de uma empresa concorrente (até agora ninguém entendeu isso), desagradou críticos e fãs.

Após a repercussão negativa, em que o primeiro Liga da Justiça amargou 40% de aprovação da crítica especializada no site Rotten Tomatoes e nota 6,2 pela audiência no IMDb, todos pensavam que a Warner deixaria o projeto de lado e seguiria a vida. Vez ou outra, algum site soltava rumor de que Zack Snyder faria sua própria versão do filme, uma vez que havia muito material de reserva que não entrou no corte de Whedon. Boato vai e boato vem, finalmente saiu a informação de que o filme existia.

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Assim, chegamos no lançamento de “Liga da Justiça de Zack Snyder”, que como o nome sugere é a versão que traz a visão ampla do criador original do filme. A obra reeditada por Zack Snyder tem mais de 120 minutos de cenas novas (sendo que o filme de 2017 tinha apenas 120 minutos, logo temos aproximadamente 4 horas de duração nesta nova versão). Isso sem contar novos efeitos especiais, novos personagens, formato de tela diferente e nova trilha sonora, culminando assim em um projeto bem mais completo e até muito diferente (apesar de trazer uma história similar).

Vale a pena ver a Liga da Justiça de Zack Snyder?

A questão que fica: vale a pena assistir à Liga da Justiça de Zack Snyder? Os conteúdos novos e a reedição justificam investir quase 4 horas de vida em frente à televisão?

Como quase tudo na vida, ainda mais considerando gostos pessoais com relação a filmes, a resposta para essa pergunta é: depende!

Basicamente, se você gosta de filmes de ação, de obras baseadas em histórias em quadrinhos ou se você for um fã do universo DC, muito provavelmente a nova versão da Liga da Justiça vai te surpreender positivamente. Isso porque, além de quase 2 horas de filme adicionais, há um novo tratamento de cor que deixa o filme mais sombrio, como sempre foi o universo DC nos cinemas. Talvez a coisa mais esquisita é o formato da película mais quadrado, que quase parece um filme para Instagram.

No entanto, se você não gosta de filmes do gênero ou se você é fã exclusivamente de obras da Marvel, então este longa-metragem (e bota longa nisso) vai parecer mais do mesmo, porém com um tempo de projeção alongado. Neste caso, às vezes, é melhor poupar seu tempo.

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Sem dar spoilers, a verdade é que a nova versão da Liga continua tendo diversos problemas com relação ao roteiro, até porque é impossível reparar todos os erros sem refazer o projeto completamente e, considerando que a Warner não toparia refazer o filme inteiro, o que temos é um remendo que tenta melhorar a narração da história e fazer tudo ter um pouco mais de sentido.

Só que não tem como uma segunda edição (mesmo com cenas extras) fazer milagres, porque o principal fator que limita este filme é a falta de material de background, ou seja, sem filmes dedicados do Flash e do Ciborgue, por exemplo, cabe ao filme da Liga incorporar algumas cenas que nos ajudem a compreender quem são os personagens e como eles se encaixam no contexto do grupo. Zack Snyder pensou nesse detalhe, mas o que temos aqui são pequenos enxertos, que dão uma pincelada nos personagens.

Com poucos minutos dedicados a cada personagem, é inevitável que o filme não consiga concluir a missão de garantir que o público se apegue aos heróis, já que são tantas histórias e poucas linhas de diálogo para cada uma, às vezes fica difícil ter empatia por um por outro, como é o caso do Ciborgue que, a meu ver, mais cria um peso dramático sem grande emoção, deixando o filme cansativo. Por outro lado, o alívio cômico mais exagerado no arco do Flash e algumas surpresas bem relevantes fazem o filme ganhar forças e até se aproximar muito do que deveria ser um filme de quadrinhos mesmo, com cenas inusitadas e impactantes.

Apesar de muitos acertos e algumas adições bem importantes, vale pontuar que ainda tem coisas que ficam soltas no filme (ou são conectadas apenas de forma superficial), inclusive, como exemplo, temos a introdução de personagens que poderiam mudar completamente o rumo do roteiro. No entanto, novamente Snyder cai no problema: sem poder refazer a obra por inteira, algumas cenas não fazem tanto sentido, mas ao menos elas ajudam a expandir o conceito do que poderia ser a Liga da Justiça se fosse pensada com cautela desde o começo.

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E aqui a culpa é do estúdio, que sempre fez tudo na pressa e sem refletir como alguns filmes causariam impacto no futuro do universo DC. E, aliás, eles continuam fazendo, né? Temos aí vários exemplos de séries televisivas (como “Batwoman”) e também de filmes para o cinema (como o “Esquadrão Suicida”) que podem até dar retorno de audiência, mas não necessariamente de receptividade. Mas voltando ao tópico da Liga, ao menos nesse ponto a Warner/DC acertou em deixar Snyder fazer seu corte do filme.

E vale o recado para quem pensa que o filme é muito longo: a nova versão da Liga é dividida em várias partes, já que o projeto foi pensando para exibição em capítulos no serviço de streaming HBO MAX, ou seja, se você não quiser assistir tudo numa única sessão, pode fazer pausas sem perder o sentido da história. Além disso, com as novas cenas, nova edição e a trilha inédita, o filme ganhou um novo fôlego e passa rápido, pois a ação prende nossa atenção e faz a gente mergulhar muito na pancadaria.

Por fim, mas não menos importante, é muito legal o filme ter essa nova versão com um epílogo, que mesmo não sendo um gancho para uma continuação concreta, mostra que havia a intenção e boas ideias para ampliar o universo DC, criando uma versão cinematográfica do que antes a gente amava na animação televisiva da Liga da Justiça Sem limites.

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Mesmo sem contar uma nova história, a “Liga da Justiça de Zack Snyder” consegue entreter e superar facilmente seu antecessor (até porque não era difícil, né?), sendo então uma boa pedida para os fãs dos personagens DC. Resta saber se o que a Warner vai fazer após o sucesso do filme (que tem aprovação de 71% da crítica e 95% do público no Rotten Tomatoes), pois já sabemos que tem novos filmes do “Batman”, do “Adão Negro” e de outros personagens vindo aí, mas com a mudança de atores e sem a unificação, o estúdio continua no problema que vem patinando há anos.

Liga da Justiça de Zack Snyder | Trailer legendado e sinopse

Em Liga da Justiça de Zack Snyder — versão alternativa do filme Liga da Justiça, reeditada pelo diretor Zack Snyder, com novos efeitos especiais, novos personagens, formato de tela diferente e mais de 120 minutos de cenas extendidas e, ou, alternativas — determinado a garantir que o sacrifício final do Super-homem (Henry Cavill) não fosse em vão, Bruce Wayne (Ben Affleck) une suas forças com a Princesa Diana (Gal Gadot), com planos para recrutar um time de meta-humanos para proteger o mundo de uma ameaça iminente de proporções catastróficas.

A tarefa se revela mais difícil do que Bruce havia imaginado quando os recrutas precisam encarar os demônios do passado para perceber que eram eles que os impediam de seguir em frente, permitindo que se reúnam, finalmente formando uma liga de heróis sem precedentes. Agora juntos, Batman (Affleck), Mulher-Maravilha (Gadot), Aquaman (Jason Momoa), Ciborgue (Ray Fisher) e Flash (Ezra Miller) podem estar atrasados para salvar o planeta do Lobo da Estepe, DeSaad e Darkseid e de suas intenções malignas.

Prepara o café! Liga da Justiça é o filme da Tela Quente de hoje (20/07)

Mais uma semana começando e nada como um filme bem cheio de ação pra deixar a semana animada! Por isso, a Rede Globo transmite nesta segunda-feira (20 de julho) o filme Liga da Justiça na Tela Quente! Aliás, este é o filme da Liga da Justiça que está pra ganhar uma versão de diretor, ainda mais longa e cheia de detalhes do próprio Zack Snyder.

O filme que uniu Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman, Ciborgue e Flash nos cinemas lá em 2017 dividiu as opiniões de críticos e fãs, mas certamente é uma boa opção pra quem gosta de um filme cheio de adrenalina — ideal pra ver tomando um café ou comendo uma pipoquinha, né?

Nesta aventura dirigida por Zack Snyder, Bruce Wayne (Ben Affleck) busca a ajuda de sua nova aliada Diana Prince (Gal Gadot), também conhecida como Mulher-Maravilha, para encarar um inimigo ainda maior. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha trabalham rapidamente para encontrar e recrutar um time de metahumanos para encarar essa ameaça recém-desperta.

E já se prepara que o filme é longo, tendo aproximadamente duas horas de duração (o que pode ficar mais longo com os comerciais). E um detalhe: o filme Liga da Justiça tem classificação indicativa recomendada para maiores de 12 anos, então nada de deixar os pequenos vendo o filme sozinhos!

Confira o trailer dublado de Liga da Justiça e mais detalhes na ficha logo abaixo!

Mulher Maravilha 1984 começa a ser filmado pela Warner Bros

Avançando para os anos 80, a próxima grande aventura da super-heroína Mulher-Maravilha traz uma nova inimiga: a Mulher-Leopardo. As filmagens da sequência de “Mulher-Maravilha”, que arrecadou US$ 822 milhões de bilheteria em todo o mundo, já começaram.

Intitulado Mulher-Maravilha 1984, o longa será dirigido novamente pela aclamada diretora Patty Jenkins, com a estrela Gal Gadot no papel principal. A Warner Bros. Pictures também divulga as primeiras imagens do longa (anexas), que mostram a atriz e o retorno de um importante personagem: Steve Trevor, interpretado por Chris Pine.

O filme também é estrelado por Kristen Wiig no papel da super-vilã Mulher-Leopardo e Pedro Pascal. Charles Roven, Deborah Snyder, Zack Snyder, Patty Jenkins, Stephen Jones e Gal Gadot produzem o filme. Rebecca Roven Oakley, Richard Suckle, Wesley Coller, Geoff Johns e Walter Hamada são os produtores executivos.

Juntando-se ao time nos bastidores estão vários membros da equipe de “Mulher-Maravilha”, incluindo o diretor de fotografia Matthew Jensen, a designer de produção indicada ao Oscar Aline Bonetto (“O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”) e a figurinista ganhadora do Oscar Lindy Hemming (“Topsy-Turvy - O Espetáculo”). Já Richard Pearson (“Vôo United 93”), indicado ao Oscar, será o editor do filme.

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A produção será filmada em Washington, D.C. e Alexandria (Virgínia), nos EUA, e também em locações no Reino Unido, Espanha e Ilhas Canárias.

Com lançamento previsto para os cinemas brasileiros em 31 de outubro de 2019, Mulher-Maravilha 1984 é baseado na personagem criada por William Moulton Marston, aparecendo nos quadrinhos publicados pela DC Entertainment. O filme será distribuído mundialmente pela Warner Bros. Pictures, uma empresa da Warner Bros. Entertainment Company.

Crítica do filme Liga da Justiça | Uma busca pela esperança perdida

A tão aguardada reunião dos Superamigos finalmente aconteceu. Após o controverso “Batman vs Superman” e o filme solo da “Mulher Maravilha”, que conseguiu dar uma direção mais agradável aos filmes da DC/Warner com algumas novidades como cor e humor, em "Liga da Justiça" chegamos a um meio termo prazeroso entre ambos.

Se em “Batman vs Superman” temos a queda dos heróis idolatrados como deuses e em “Mulher Maravilha” vemos uma deusa conhecendo o mundo dos homens, “Liga da Justiça” é sobre a elevação desses seres superiores a um patamar de deuses em um panteão, uma visão contemporânea sobre figuras que representam arquétipos mitológicos.

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Após a morte de Superman (Henry Cavill), Bruce Wayne/Batman (Ben Affleck) está afundado em culpa e percebe que sozinho não será capaz de conter a ameaça que está por vir, iniciando uma busca por outros heróis para formar uma equipe que será responsável pela defesa da Terra para vencer o Lobo da Estepe (feito com captura de movimentos por Ciarán Hinds), um guerreiro com um machado gigante e segundo em comando do exército de Darkseid. Sua missão é recuperar as três Caixas Maternas escondidas na Terra. Ao lado da Mulher-Maravilha (Gal Gadot), Batman recruta Victor Stone (Ray Fisher), o Ciborgue, o velocista Flash (Ezra Miller), e Aquaman (Jason Momoa), o Rei de Atlântida.

Como em qualquer filme de equipe de heróis, a primeira parte é focada em introduzir os personagens, cada um com suas peculiaridades. A impressão é que estamos vendo pedaços de filmes diferentes que mais tarde serão um só. A cidade de Gotham, carregada com a visão de Zack Snyder (o que é bem positivo, acredite), um Aquaman relutante em aceitar suas origens, escondido em um vilarejo de pescadores em busca de autoconhecimento, enquanto o Flash, único nome realmente legal mas que nunca é mencionado, tem algumas cenas curtas e quase dramáticas com seu pai, que está preso após alegadamente ter assassinado a esposa.

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Ciborgue, que também tem uma origem trágica e uma relutância em aceitar sua nova condição, é um dos pontos principais para a trama funcionar. Ele foi “criado” por uma das Caixas Maternas que o Lobo da Estepe procura, e essa relação é decisiva para os heróis conseguirem impedir o mundo de ser transformado em um inferno. Admito que eu estava insatisfeito com a escolha do Ciborgue para integrar a Liga, mas após assistir tudo ficou melhor. Ray Fisher fez um ótimo trabalho em esconder as emoções, visto que ele agora é 90% máquina, mas ainda consegue ter muita expressão e desempenha bem o papel.

É quase redundante falar sobre Diana, Princesa das Amazonas de Themyscira e rainha dos nossos corações, após seu filme solo Mulher Maravilha deixa a relutância e aceita finalmente ser um símbolo da esperança, assim como Superman foi um dia, e acaba servindo como mãe do grupo, o que infelizmente não é o papel mais apropriado para a deusa.
De qualquer forma, pausa para enaltecer essa divindade:

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Visualmente, o filme busca um distanciamento da realidade, finalmente é possível distinguir  outras cores além de preto e cinza, durante o desenrolar da história é possível perceber um aspecto cada vez mais fantástico durante as cenas. No entanto, acaba pesando muito no uso de recursos digitais, o que gera um estranhamento ao invés de um deslumbramento.

Outra novidade é o uso de piadas, algo estritamente proibido nos filmes DC até pouco tempo atrás, o que já pode ser notado em um dos 700 trailers lançados pela Warner. Para um personagem como Flash, que é o um piadista nato, fazer algumas palhaçadas faz todo sentido, mas quando Batman tenta ser engraçado é só um pouco constrangedor, sempre parecendo fora do lugar, o que talvez não seja um problema para a maioria dos fãs, mas pessoalmente acho que essa foi a pior representação do Batman até agora.

Lobo da Estepe, anunciado como uma grande ameaça, chega de repente e é derrotado da mesma forma, sempre em segundo plano e sem muita substância ou motivação. Outro ponto em que o filme peca é a conveniência de todas as situações apresentadas, cada desafio mostrado é facilmente superado de forma trivial, desde convencer um garoto Ciborgue a arriscar a vida enquanto descobre o que ele é, até reviver o maior herói do mundo.

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E se você realmente achou que o Superman não ia voltar e salvar todo mundo, eu admiro e invejo muito sua inocência. Então só para garantir, o próximo parágrafo contém spoilers:
Sem revelar muitos detalhes, seu retorno é uma das partes mais interessantes do filme, mas ele não se torna maligno, como previsto pelos fãs dos quadrinhos em que essa situação é baseada. Ao contrário, ele assume exatamente o papel que o Superman deveria cumprir desde o começo. Ele é um campeão da justiça, se preocupa mais com os civis que estão em perigo do que com o invasor alienígena que tem um machado gigante e está batendo em seus aliados, ele é mais poderoso que toda a Liga e ainda assim auxilia ao invés de acabar com tudo usando seus poderes. Finalmente, ele é a própria esperança que retorna em um mundo prestes a ser exterminado. Se em “Liga da Justiça” eu vi o pior Batman, em compensação eu vi o melhor Superman.

Visando uma possível aceitação maior, “Liga da Justiça” se satisfaz em apenas manter um nível mediano, sem querer ousar em nenhum ponto. A quantia enorme de frases de efeito, diversas piadas e muitas referências a um possível futuro universo DC em toda a sua glória mostram um esforço enorme em agradar os fãs, mas deixa aquela sensação de que “faltou algo”. É repleto de cenas incríveis, mas a história em si é bastante trivial. Em especial, a cena das Amazonas, Atlantes e OUTROS heróis famosos enfrentando o Lobo da Estepe durante a Era dos Heróis dão um ânimo para as futuras produções da DC. A impressão é de que esse filme tenta reparar os erros passados e deixar tudo nivelado para finalmente criar histórias épicas.

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Como manda a tradição, temos duas cenas pós-créditos: a primeira é praticamente um presente para os fãs, a segunda mostra um possível (ainda que preocupante) futuro para além dos filmes solos já programados, mas novamente nada que seja equivalente a grandiosidade desses heróis. As baixas expectativas deixam todos os filmes melhores, não usem drogas e continuem estudando, até a próxima!

Crítica do filme Mulher Maravilha | Uma deusa revigorando os filmes DC

Uma mistura de medo e anseio por algo surpreendentemente bom pairavam sobre o filme solo da “Mulher Maravilha”. Medo por conta das sucessivas falhas que a DC/Warner sofreram por conta de longas como “Esquadrão Suicida” e “Batman v Superman: Não Fala Assim da Minha Mãe”. E claro que essas falhas são do ponto de vista dos fãs mais chatos exigentes, já que esses filmes lucraram milhões e até ganharam um Oscar.

O desafio do primeiro filme solo com uma protagonista feminina nesse clube de meninos emburrados maduros fãs de quadrinhos era grande, mas a esperança é a última que morre. A aparição da Mulher Maravilha em BvS é um dos pontos altos do filme, e finalmente os fãs receberam um filme digno de uma heroína!

“Mulher Maravilha” segue a fórmula necessária para um filme de origem, partindo em seguida aos eventos de “Batman v Superman”. Diana Prince (Gal Gadot), recebe uma foto que mostra sua presença em meio a Primeira Guerra Mundial, e relembra sua história e como acabou no “mundo dos homens”.

Uma princesa que não precisa ser salva

Nascida na paradisíaca ilha de Temiscira, lar das Amazonas, uma raça de mulheres criadas pelos deuses para mostrar a humanidade a grandeza que poderia ser atingida pela mesma. E como os humanos sempre estragam tudo, eles acabam escravizando as Amazonas. Após uma gigantesca guerra, elas se refugiam em Temiscira, escondidas do mal desta raça maligna. Desde então, elas treinam para lutar e combater os homens, caso eles resolvam aparecer novamente.

Nesse ambiente, Diana é treinada para ser a melhor das guerreiras por Antiope (Robin Wright), sem negligenciar todas as outras artes e educação. Mas sua verdadeira origem é mantida em segredo por sua mãe Hipólita (Connie Nielsen). Em paralelo, a Primeira Guerra Mundial está acontecendo, e isso é revelado quando Steve Trevor (Chris Pine) surge em um avião desgovernado e é salvo por Diana.

Atrás dele, uma batalhão de soldados alemães trazem a guerra ao paraíso, em uma linda e triste sequência de ação, pois apesar de todo o treinamento das Amazonas, elas ainda são impotentes perante os tiros das armas de fogo, já que apenas Diana possui os braceletes para desviar as balas. Após Steve explicar o que acontece no mundo exterior, Diana resolve partir para o mundo dos homens e cumprir a missão final das Amazonas, acabar com a guerra, que ela enxerga como o deus Ares. Nesse ponto somos apresentados ao famoso laço da verdade, além da espada Matadora de Deuses e a clássica roupa da heroína.

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 A diretora Patty Jenkins encarou o desafio de atualizar um personagem icônico e admirado, tão relevante quanto qualquer outro. Batman e Superman foram apresentados nesse mundo sombrio e “maduro”, praticamente em preto e cinza (pois branco é claro e alegre demais), sem piadas, sem sorriso, sem alegria. Apenas temas sérios e ação desenfreada. É claro que com os filmes de sucesso da concorrente Marvel indo totalmente na direção oposta, os fãs acabaram ficando decepcionados com o resultado. E é aí que “Mulher Maravilha” se destaca, não com piadas forçadas e trilha sonora com músicas pop tocando aleatoriamente, mas com otimismo, leveza e o equilíbrio entre realidade e fantasia necessários para carregar uma história assim.

É muito divertido ver as reações de Diana ao se deparar com o horrível mundo dos homens, tal como uma criança que descobre um mundo novo no quintal de casa. Ela é inocente, mas não boba, tentando se encaixar nessa era de seres estranhos e inadequados, repletos de regras e costumes sem sentido. As cenas de ação coreografada estão incríveis, como pode ser visto nos trailers. A famosa câmera lenta / acelerada característica de Zack Snyder está presente, mas sem exageros e muito bem trabalhada. E aqui a luta é mais intimista, cada golpe é desferido contra outro humano, não um superser qualquer ou soldado alienígena.

 Sua prioridade é proteger uma pequena vila repleta de inocentes e feridos, e em seguida acabar com a Grande Guerra, matando quem Diana acredita ser a fonte de todo mal. É claro que ela é confrontada por dúvidas morais durante seu trajeto, mas está sempre pronta e confiante para qualquer desafio.

Uma deusa imperfeita

Mas nada disso significa que “Mulher Maravilha” é perfeito. Mesmo estando acima dos filmes vistos até agora, mostrando como deveriam e poderiam ser retratados os heróis DC. O final destoa um pouco do filme em geral, mantendo o padrão do grande chefão que precisa ser vencido em uma explosão. No entanto, infelizmente todo filme de super-heróis está fadado a essa fórmula, então não há muito do que reclamar nesse sentido.

O elenco de apoio é bastante inusitado, e muito mal aproveitado. Mas a dupla Gal Gadot e Chris Pine funciona bem, apesar do óbvio e desnecessário romance. Ele serve de guia para o mundo moderno, querendo protegê-la do mundo podre, mas é óbvio que ela não precisa de nada disso. As histórias acabam sendo construídas em paralelo, um salvando o dia, outro salvando o mundo. E felizmente isso se encaixa muito bem na história.

De todos os heróis que vão integrar a iminente “Liga da Justiça”, Mulher Maravilha é uma peça fundamental no meio de todos os moleques brigões emburrados. Nesse sentido, Diana simboliza perfeitamente todos os ideais que o Super Homem deveria representar, por exemplo. Ela traz esperança aos que já desistiram, protege os injustiçados, lutando lado a lado, não lutando pelos humanos. Aliás, seu senso de justiça é o que guia suas ações, seu maior receio é deixar de ajudar quando tem certeza que ela poderia fazer toda a diferença.

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Para aqueles que reclamam que a Gal Gadot é “muito magra, não combina”, preste bastante atenção. Ela está representando uma deusa guerreira, um dos ícones das histórias em quadrinhos, e isso não tem nada a ver com o ser saradona. Ela é irresistível sem precisar ser vulgar, não está ali pra ficarem olhando pra bunda dela. Com toda elegância de uma princesa, sua beleza é resultado de uma combinação de fatores tão maior do que simplesmente seu corpo, que nem cabe aqui dizer o quanto essa mulher é bela.

E só com um olhar, ela consegue representar qualquer sentimento de uma forma tão intensa que é capaz de deixar qualquer um paralisado. Sua empatia é inacreditável, mesmo que os humanos não mereçam sua presença, como citado por sua mãe Hipólita antes de sair da ilha de Temiscira, ela enxerga e demonstra a bondade em todos, sendo mais uma deusa de amor do que de guerra. E tudo isso é bem brega mesmo, não tem como negar. Mas é disso que são feitos os super-heróis, e finalmente a DC conseguiu fazer o tão temido filme com uma protagonista feminina que agrada até os mais chatos (eu incluso). A torcida agora é para que a DC use esse exemplo para os próximos filmes, e esperamos que o sucesso só torne tudo melhor, para alegria de todos.