Aldeia SP - Bienal de Cinema Indígena começa neste dia 07/10 em São Paulo

por
Nicole Lopes

07 de Outubro de 2016
Fonte da imagem: Aldeia SP
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

Em meio à selva de concreto de São Paulo, a Aldeia SP – Bienal   de Cinema Indígena surge para “despasteurizar” o cinema convencional brasileiro e ressaltar o feminismo em produções indígenas.

Entre os dias 7 e 12 de outubro, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), nas unidades dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) e nos Circuito Spcine, serão exibidos 53 produções dirigidas por indígenas brasileiros e três filmes convidados que contemplam o universo dos Povos Originários.

A fim de retratar a cultura indígena por quem vivencia e pertence a ela, a Bienal de Cinema Indígena leva para o público produções áudio visuais dos últimos seis anos, que percorrem histórias de retomadas de terras tradicionais até o sistema agrícola indígena em diferentes modalidades como, o cine-xamanismo, videoclipes, programas de televisão e animações. E, claro, a presença de alguns cineastas após as exibições.

Nesta edição, a temática do festival embarca dentro do cenário feminino das mulheres indígenas. “Neste ano, a bienal está centrada no fenômeno das realizadoras indígenas ou de filmes em que as cosmovisões e pautas femininas sejam o mote”, conta o curador o curador da Bienal e ganhador do prêmio Troféu Mucuripe de melhor direção no 26º Festival Cine Ceará, Rodrigo Siqueira Arejeju. 

A memória dos Kiriri de Mirandela sobre a retomada de suas terras, primeiro território indígena demarcado na Bahia, em 1990, mistura-se à vida cotidiana da aldeia no sertão.

Dentre os filmes selecionados, onze saíram das etnias indígenas do Rio Negro, como o longa-metragem autobiográfico “Wehsé Darasé – Trabalho da Roça” de Tukana Larissa Ye’padiho Mota Duarte, e o documentário “Nora Malcriada”, de Baniwa Elisangela.

O público também poderá prestigiar “As Manivas de Basebó – Histórias e Tradições”, de Tariana Maria Claudia Dias Campos, e “Não gosta de fazer, mas gosta de comer”, de Tukana Maria Cidilene Basílio em parceria com a Baré Alcilane Melgueiro Brazão.

Após as sessões de cinema, será aberto ao público um bate-papo com os cineastas. Nesta edição, estarão presente os realizadores indígenas Larissa Tukano, Cristiane Takuá, Michelle Guarani Kaiowa, Patrícia Ferreira, Jerá Guarani, Sileia Kiriri, Txana Isku Nawa Huni Kuin, Nilson Tuwe Huni Kuin, Alberto Álvares, Alexandre Pankararu, Carlos Papá e Morzaniel Iramari e Yanomami.

Com todo este repertório, o festival tem intuito de divulgar histórias e protagonizar os povos indígenas como o protagonista e difusor desta cultura.

Canção feita por jovens da etnia Tupinambá de Olivença, cantadas aqui por Yaru e Lucas Tupinambá. Gravada nas Oficinas da Oca Digital, em Tupinambá de Olivença.

“Ainda hoje muitas pessoas somente têm acesso a informação sobre eles [indígenas] através da FUNAI, de antropólogos ou obras de não-indígenas que trazem uma interpretação que dificilmente alcança a profundidade de suas culturas e os sentimentos que carregam por gerações. Os Povos Originários sempre rejeitaram a tutela, viveram por séculos de forma autônoma e no cinema também reivindicam ecoar suas vozes e visões de mundo”, relata Arejeju.

Confira os filmes que estarão em Cartaz

Durante seis dias, São Paulo será palco da Aldeia SP - Bienal de Cinema Indígena com uma programação recheada de histórias, bate papo e músicas que englobam o cenário ancestral da cultura indígena. 

O primeiro dia do festival será aberto com o filme que ganhou o Prêmio de Melhor Filme de Longa-Metragem do Júri Popular e Prêmio Especial do Júri Oficial do Festival de Cinema Brasília, “Martírio” de Vicente Carelli às 15h no Centro Cultural de Cultura de São Paulo (CCCSP), seguido pela apresentação do Coral Guarani às 17h e a cantora indígena Djuena Tikuna às 17h30.

Após, muita música o evento abre espaço para roda de conversa com ativista indígena e idealizador da bienal Ailton Krenak, o cineasta Marcos Altberg, diretor Carelli, cientista social da Universidade de Coimbra, Felipe Milanez e ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira.

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Também haverá a exibição dos filmes ficcional “O abraço da Serpente” de Ciro Guerra e o média-metragem experimental inspirado no xamanismo Yanomani, “Xapiri” de Bruce Albert, Gisela Motta, Laymert Garcia dos Santos, Leandro Lima e Stella Senra.

Ficou interessado? Confira a programação dos filmes que serão contemplados no festival e demais eventos na página do Facebook

Bienal de Cinema Indígena – Circuito SPCine

Data: 7 a 12 de outubro.

Entrada: gratuita

Local: CCSP (Rua Vergueiro, 1000, Paraíso) e CEUs (Aricanduva, Butantã, Casa Blanca, Heliópolis, Inácio Monteiro, Meninos, Paraisópolis, Parque Anhanguera, Parque Bristol, Pera Marmelo e Vila Atlântica)

Veja o trailer de O Abraço da Serpente

O Abraço da Serpente

Embarque nessa misteriosa aventura amazônica de Karamakate!

Diretor: Ciro Guerra
Duração: 125 min
Nicole Lopes

À procura do mundo invertido