Curta "Os Sapatos de Aristeu" levanta debate sobre travestilidade

por
Lu Belin

08 de Fevereiro de 2017
Fonte da imagem: Preta Portê
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 2 min

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O corpo de uma travesti morta é preparado por outras travestis para o velório. A família, após receber o corpo, decide enterrá-lo como homem, negando à falecida a identidade que buscou durante toda uma vida. Uma procissão de travestis então se encaminha para o velório para dizer adeus. Os sapatos são calçados. A morte é apenas uma janela.

Esse é o plot do curta-metragem "Os Sapatos de Aristeu", uma produção da Preta Portê Filmes com roteiro e direção de René Guerra. Com uma verdadeira coletânea de premiações, que incluem festivais em Portugal, Espanha, França e Chile, entre outros, o curta desperta o debate sobre a falta de respeito à identidade de gênero e pertencimento das travestis. 

De acordo com o diretor e roteirista, o objetivo do curta é justamente esse: lançar luz a assuntos que, por desconhecimento, se desdobram em medo e preconceito. "Não falar sobre esse universo é manter todos os clichês e todas as sombras sobre ele muito bem guardadas, como aquele ódio muito bem cultivado, ou aquele medo do desconhecido".

"Então eu fiz esse filme. Construí através delas uma poesia sobre amor, reparação e perdão"

Falar sobre as travestis, segundo René, foi uma forma de desconstruir-se e contribuir com a desconstrução do público. "Hoje as travestis não são mais o meu outro, que eu me aproximei, me quebrei, me reparti e me refiz, nem todo mundo consegue fazer isso comigo, me melhorar, me refazer. Elas fizeram isso comigo porque são as minhas heroínas, defendendo que todos somos uma construção."

O curta está disponível na íntegra lá no comecinho da notícia. E veja abaixo também a ficha técnica completa.

Ficha técnica:

Elenco: Berta Zemel, Denise Weinberg, Renato Turnes, Gretta Starr e Phedra D. Córdoba
Direção e Roteiro: René Guerra
Assistente de Direção: Juliana Vicente
Produção: Daniel Tonacci e Renata Cavalcanti
Direção de Fotografia: Juliana Vasconcelos
Direção de Arte: Maíra Mesquita
Montagem: Vinicius Calderoni
Edição de Som: Vitor Motter
Mixagem: Pedro Sérgio Noizyman

Lu Belin

Eu queria ser a Julianne Moore.