Projeto Cinema no Rio visita 10 cidades e homenageia Guimarães Rosa

por
Nicole Lopes

29 de Agosto de 2016
Fonte da imagem: Assessoria Cinema no Rio
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Tempo 🕐 5 min

Com o sucesso da novela Velho Chico, bombando no horário nobre, o rio da integração nacional ganha evidência e chama a atenção para a cultura, tradições e para o modo de vida do povo ribeirinho. 

É nesse contexto que o projeto Cinema no Rio São Francisco 2016 chega à sua 11ª edição, homenageando um dos escritores mais emblemáticos da literatura em língua portuguesa, Guimarães Rosa, pelos 60 anos da primeira edição do livro Grandes Sertões Veredas. Rosa, a novela e o projeto Cinema no Rio São Francisco têm muito em comum, e isto faz desta versão do projeto de difusão da cultura do Vale e de exibição de filmes, uma das mais especiais já realizadas. 

O Cinema no Rio 2016 já tem data marcada e vai percorrer 10 cidades do trecho mineiro do rio, entre os dias 25 de agosto e 4 de setembro. A exemplo do que ocorreu no ano passado, o trajeto será feito por terra, por conta das atuais limitações de navegabilidade do Velho Chico, no trecho entre as cidades de Manga e Pirapora. 

Ao contrário dos outros anos, a caravana vai subir, ao invés de descer o rio, partindo da fronteira de Minas com a Bahia em direção à sua nascente. Nesta etapa, o Cinema no Rio vai passar pelas localidades de Manga, Matias Cardoso, Itacarambi, Januária, Pedras de Maria da Cruz, São Francisco, São Romão, Ponto Chique, Ibiaí e Pirapora.

Serão exibidos nove filmes, sem contar os documentários produzidos em cada uma das cidades por onde passa o projeto. Na 11ª edição do Cinema no Rio, estão em cartaz:

A Luneta do Tempo” (Alceu Valença)

“O Bem Amado” (Guel Arraes)

“O Ultimo Cine Drive-In (Ibere Carvalho)

“5 X Chico” (Gustavo Spolidoro, Ana Rieper, Camilo Cavalcante e Eduardo Goldstein)

“A mulher que mentia para vender santos” (Produzido pelos alunos do projeto Semiárido em Tela, Luiz Hernandes Azevedo, Maria Clara Vasconcelos, Miriam Cristina, Nara Riana Dantas, Nock Allan Lima e Antônio Eliel Santos)

“Canto de Misericórdia” (Marcela Bertelli, Inácio Neves e Henrique Mourão)

“Disque quilombola” (David Reeks)

“Meninos e reis” (Gabriela Romeu)

“Calango Lengo” (Fernando Miller)

O projeto entrou definitivamente na rotina das populações ribeirinhas do Alto São Francisco e já é parte integrante e aguardada do calendário de cultura e entretenimento das comunidades por onde passa anualmente. 

Grandes sertões

O Cinema no Rio São Francisco e o livro de Guimarães Rosa têm muito mais afinidades do que se possa supor: ambos são ambientados na região do alto São Francisco, embora em outras edições o projeto de exibição e realização de cinema tenha percorrido também o médio e o baixo São Francisco, chegando até a sua foz. 

Outro ponto em comum entre o Cinema no Rio e Grande Sertão Veredas é a forte presença da cultura regional, valorizada por meio da linguagem e formas de expressão, ou através dos personagens locais, retratados tanto no livro quanto nos documentários que são produzidos em cada localidade por onde passa o Cinema no Rio.

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Mas o objetivo primordial do projeto sempre foi levar o encanto do cinema para a população ribeirinha do Velho Chico. “Pela segunda vez, somos obrigados a fazer todo o trajeto por terra, em uma adaptação forçada à grande seca do rio que, de tão baixo, não permitia a navegação. Agora, voltamos a percorrer o trajeto por terra, torcendo pela recuperação do Velho Chico e pela sua normalização”, adiantou o idealizador e coordenador geral do Cinema no Rio São Francisco, Inácio Ribeiro Neves. 

“A proposta do projeto é a democratização do acesso à cultura por meio da exibição de curtas e longas-metragens nacionais em comunidades que vivem a beira do rio da integração nacional”, define Inácio Neves. Desde 2004, mais de 300 mil pessoas assistiram às sessões de cinema ao ar livre, que reúnem crianças, jovens e adultos, incluindo muitos moradores que nunca haviam visto um filme na telona. 

“A proposta do projeto é a democratização do acesso à cultura por meio da exibição de curtas e longas-metragens nacionais em comunidades que vivem a beira do rio da integração nacional”

“Já realizamos 10 edições e vamos iniciar agora a décima primeira. Isto é um feito raro, só possível pela confiança dos parceiros e patrocinadores. Tenho orgulho de contar em todos esses anos, com o imprescindível patrocínio da Oi e Petrobras, que demonstram assim sua sensibilidade em relação à valorização da cultura ribeirinha e à sua inserção fora do Vale do São Francisco”, reconhece Inácio Neves.

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O projeto também busca denunciar a situação do Vale do São Francisco a partir dos documentários que produz e das atividades que realiza. O Cinema no Rio também busca valorizar as belezas locais e fazer com que mais pessoas se encantem pelo rio, chamando a atenção para a urgência da preservação do rio e de seus afluentes.

Além da exibição em praça pública de filmes em longa e curta metragem, com direito à tradicional pipoca, o projeto também produz e exibe um documentário em cada comunidade por onde passa, além de realizar oficinas de fotografia que buscam despertar um novo olhar sobre o ambiente e o cotidiano das crianças e adolescentes das escolas públicas, quem sabe, despertando futuras vocações. 

Confira as cidades participantes e a programação completa do Festival Cinema no Rio no site oficial do evento. 

Nicole Lopes

À procura do mundo invertido