Relatos do Cinéfilo | Antiguidades e Corujão em tempos de Quarentena

Não é preciso ter um calendário em mãos para se dar conta de que somos reféns de uma pandemia há um tempo que beira à eternidade. Ao menos, para quem está numa quarentena rigorosa desde o começo do surto do coronavírus — lá por meados de março — a percepção da duração das horas, dias e até mesmo dos meses se alterou completamente, de modo que os quase 115 dias parecem quase um ano.

É claro que isso varia de acordo com cada pessoa, mas essa é uma realidade para muitos amigos com quem falei (de forma virtual, é claro) recentemente. O trabalho tomou o espaço do lazer, que, às vezes, é até um tanto culposo, afinal é difícil separar um período exato para os afazeres e não sentir que poderíamos produzir mais. Queremos nos dar uma folga e sabemos que merecemos o tão almejado descanso.

Em meio a tais pensamentos, todas as manhãs, que por vezes, com o sono já desregulado, se misturam com as tardes, nos deparamos com inúmeras notícias calamitosas quanto à situação desenfreada do país, frente a um colapso que parece não ter saída. Mesmo em cidades como Curitiba, que parecia ter o controle da situação, a situação mudou de forma trágica. São os ventos da mudança contaminados por um vírus, desgovernado desde o princípio.

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A saúde mental se esgota, queremos uma pausa. A alternativa mais comum: tirar os olhos da tela do computador e pregar os olhos na tela da televisão. Para driblar o noticiário que parece estar numa repetição de fatos, em que só mudam os números da covid-19 e dos escândalos governamentais, navegamos por todo o catálogo da Netflix, da Amazon Prime Video, da Apple TV+, da HBO. Muitas vezes, não vemos nada, apenas gastamos horas vendo as opções.

Será que vamos ver todos os filmes dos streamings?

Após quase quatro meses de pandemia, os que podem ter esses privilégios já finalizaram dezenas de séries, assistiram o reprise de toda a saga Star Wars, fizeram a maratona de todos os filmes da Marvel e também já viram todos os títulos que viraram trending topics no Twitter. Os serviços de streaming esbanjam conteúdos de alta qualidade, de séries alternativas, passando por filmes conceituados até chegar aos documentários mais necessários.

Os mais antenados já deram conta até mesmo de zerar as opções mais cults. E, às vezes, não importa a quantidade, há casos em que queremos ver títulos específicos, os quais talvez nem existam ou simplesmente não estejam ao nosso alcance. Ao que me parece, a quebra de rotina, esse “novo normal” nos deixou perdidos. Um ponto interessante é que todo esse caos nos fez olhar para atividades alternativas e valorizar antigos hábitos.

Particularmente, o cinema me faz muita falta. Não só pelos lançamentos que eu estava empolgado e planejando ver (ainda me lembro que faltava apenas dois dias para estrear “Um Lugar Silencioso - Parte 2” quando começou a história do coronavírus e o evento foi cancelado), mas a experiência como um todo era uma constante no meu dia a dia — e digo isso, pois não era incomum ir três ou quatro vezes ao cinema na semana.

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É curioso que o fator “novidade” varia de acordo com a perspectiva do espectador e cinéfilos que viram tantos títulos no cinema no ano passado acabam buscando alternativas de consumo. Eu tenho mergulhado em séries (como “Além da Imaginação” e “Arquivo-X”) e filmes antigos (como “Vôo Noturno”, baseado na obra de Stephen King) que estavam na fila de espera, a qual virou prioridade. O problema é que muitas obras não estão nas plataformas, o que apenas faz a coleção de DVDs, Blu-rays e filmes no iTunes aumentar mensalmente.

Outra técnica de consumo que uso é a de temas variados, por exemplo: em junho, que era o mês do cinema nacional, eu resolvi pesquisar e dar vez a mais produções brasileiras. Assim, eu finalmente criei vergonha na cara para ver “Bacurau” e aproveitei para ver “O Animal Cordial”, que estava em promoção e tinha uma premissa do meu interesse. Nessa onda, eu fiquei curioso para ver “MOTORRAD - A Trilha da Morte”, mas acabei não comprando para a coleção.

Resgatando velhos hábitos em tempos de pandemia

Por obra do destino e também por fazer parte do Café com Filme, descobri que a Globo iria transmitir o título na Sessão Corujão do dia 29 de junho de 2020 (que, na verdade, já era dia 30 de junho, dado que o filme estava programado para às 2h35). Esse é um hábito que eu não tinha há anos: ver filmes durante a madrugada. Não que eu durma cedo, longe disso, na quarentena, 4 horas da manhã ainda é cedo, mas eu nem mesmo sintonizei a Globo no último ano.

Era uma noite fria em Curitiba. Após várias cuias de chimarrão, eu ainda preparei mais duas xícaras de chá de capim-cidreira para aquecer as mãos enquanto degustava minha Sessão Corujão. Curti o filme em volume bem baixo para não incomodar o sono dos vizinhos (e também por preguiça de sincronizar os fones de ouvido via Bluetooth). Eu já nem lembrava mais do plim plim da Globo e dos intervalos reduzidos na madrugada, que mal dão tempo de ir ao banheiro.

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Foi uma experiência excelente, não tanto pelo filme que ficou aquém do esperado, mas pela nostalgia. Ainda me lembro de situações em que eu e meu tio assistíamos vários filmes no Intercine e, numa delas, eu cheguei a ligar para votar no meu título favorito. A obra em que votei ganhou, talvez porque naquele dia alguém realmente ligou para eles e houve uma votação — nas demais, provavelmente alguém da Globo escolhia o filme da próxima noite.

Longe de ser uma época que vai deixar saudades, a quarentena ao menos tem servido para momentos de reflexão, como esse enorme texto, que eu finalizei às 3h15 do dia 1º de julho de 2020. Parabéns a você que leu todo o conteúdo, talvez você também esteja buscando conteúdos alternativos e esteja refletindo sobre alguns dos tópicos citados. Aliás, se você chegou até aqui, me conta o que você tem visto de filmes e séries.

Em tempo: este é um texto aleatório que surgiu na quarentena do coronavírus, o qual pode (ou não) fazer parte de uma série de relatos e divagações deste cinéfilo que está produzindo menos do que deveria para o Café com Filme, mas que promete tentar melhorar num futuro próximo. Obrigado a todos que acompanham o site!

De graça é top! Assista a 50 Filmes Grátis do Festival Varilux em Casa no Looke

A quarentena está um tédio e você não sabe mais o que assistir na TV? Então, saiba que você acaba de ganhar mais algumas opções (são 50 títulos no total) de filmes grátis - e não tem pegadinha! - para ver no conforto da sua casa! Trata-se de uma iniciativa solidária, patrocinada pela Embaixada da França no Brasil e pelo Grupo Essilor/Varilux, que surgiu para amenizar esse período complicado, de forma que o Festival Varilux ganhou uma versão em casa!

O Festival que anualmente tem uma seleção de filmes premiados disponíveis em cinemas de circuito específico se adaptou a esta época de isolamento, sendo que esta nova modalidade recebe o nome de "Festival Varilux em Casa". Contudo, este edição do evento não anula o Festival habitual (que apenas terá sua data alterada, informação que deve ser divulgada posteriormente).

Bom, no Festival Varilux em Casa, a gente tem uma seleção de filmes bem interessantes. Não estamos falando de filmes inéditos, mas 50 filmes que integraram várias das edições passadas do Festival Varilux de Cinema Francês. Um detalhe bem relevante: os filmes estarão disponíveis gratuitamente por um tempo prolongado: que começa hoje (28 de abril) e dura mais quatro meses!

Esse é o presente que a Embaixada da França, a Essilor/Varilux, patrocinadora master do festival, a produtora Bonfilm e a Looke, plataforma brasileira de streaming, oferecem para os amantes da filmografia francesa: Festival Varilux Em Casa.

Quais filmes estão disponíveis?

Com legendas em português, quase todos os filmes participaram das últimas edições do Festival Varilux de Cinema Francês, evento que ocorre anualmente, em junho, de forma simultânea em mais de 80 cidades brasileiras. Tendo completado dez anos em 2019, o Varilux já exibiu cerca de 200 longas-metragens, somou mais de um milhão de espectadores e realizou cerca de 35 mil sessões.

O público do Festival Varilux Em Casa poderá descobrir ou reencontrar sucessos de edições passadas com grandes astros franceses como Gérard Depardieu (Tour de France), Isabelle Huppert (Branca Como Neve), Catherine Deneuve (O Reencontro, A Última Loucura de Claire Darling), Jean Dujardin (O Retorno do Herói), Juliette Binoche (Quem Você Pensa que Sou, Tal Mãe, Tal Filha, Vidas Duplas), Omar Sy (Jornada da Vida, O Doutor da Felicidade), Vincent Lindon (A Aparição), Virginie Efira (Um Amor Impossível) e Marion Cotillard (Rock and Roll, por trás da fama, Um Instante de Amor).

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A seleção apresenta diversidade de gêneros: comédias (Na Cama com Victoria; Amor à Segunda Vista; Finalmente Livres), dramas (Graças a Deus, de Ozon, vencedor do Urso de Prata em Berlim; A Viagem de Fanny; Através do Fogo), filmes históricos (A Revolução em Paris; O Imperador de Paris, Cyrano mon Amour) e thrillers (A Noite Devorou o Mundo; O Último Suspiro; Carnívoras).

E ainda estão disponíveis seis longas de animação dublados para as crianças assistirem sozinhas ou com a família: Abril e o Mundo Extraordinário; A Raposa Má; O Menino da Floresta; Asterix e o Domínio de Deuses; Asterix e a Poção Mágica e Um Gato em Paris. Para ver a lista completa de filmes, role o texto até o fim.

"Neste momento, em que a indicação é o isolamento social por conta da pandemia e que muitas pessoas devem enfrentar problemas financeiros, queremos ser solidários e propor uma programação de qualidade para entreter e ajudar a passar os dias de quarentena", dizem Emmanuelle e Christian Boudier, organizadores do Festival.

Como eu faço para ter acesso aos filmes?

Para mergulhar nessa seleção especialmente pensada para todos os gostos e todas as idades, basta acessar o link: www.festivalvariluxemcasa.com.br ou clicar logo abaixo

Clique aqui para ver filmes grátis do Festival Varilux em Casa

Esse presente para o público só foi possível graças à participação dos distribuidores A2 Filmes, Bonfilm, California Filmes, Looke e Mares Filmes. Raphaël Ceriez, Adido Audiovisual da Embaixada da França, agradece a participação deles na iniciativa: "No atual cenário, que é inédito, no qual as restrições impostas pela crise mantêm os cinemas fechados, nos orgulhamos de nos juntar à Essilor Brasil e aos distribuidores para compartilhar com o nosso público confinado essa seleção dos melhores filmes vistos nas últimas edições do Festival Varilux de Cinema Francês".

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Guilherme Nogueira, Diretor de Marketing da Essilor/Varilux Brasil, patrocinadora master do evento nas salas de cinema e dessa edição Em Casa, comenta: “o Festival Varilux de Cinema Francês conta com um público fiel todos os anos, e poder oferecer essa opção de entretenimento gratuito para os que estão em casa é motivo de grande orgulho para a Essilor. Esperamos que, com a seleção dos melhores filmes exibidos até hoje, as pessoas experimentem bons momentos em casa e ajude a tornar os dias mais agradáveis.”

Realização Bonfilm. Patrocinadores do Festival Varilux Em Casa: Essilor/Varilux e Embaixada da França. Apoio de mídia: Adorocinema, Folha de São Paulo, Ingresso.com, Le Monde Diplomatique Brasil e Revista Piauí. Apoio cultural: Aliança Francesa Brasil e Unifrance.

Filmes do Festival Varilux em Casa