Indicados ao Globo de Ouro 2020 esquentam apostas para o Oscar

A Awards Season, temporada de premiações do cinema, televisão e música que culmina com a entrega dos Oscars está a pleno vapor e o anúncio dos indicados ao Globo de Ouro 2020 já começa a dar uma ideia geral do que pode acontecer na noite mais famosa do cinema mundial.

77ª edição do Globo de Ouro, uma das maiores premiações anuais do cinema e televisão, divulgou a lista dos indicados para a edição de 2020. Esquentando de vez a Award Season, foram divulgados os indicados para as 25 categorias (incluindo cinema e televisão). História de um Casamento é o filme com mais indicações (seis), seguido por Era uma Vez em... Hollywood e O Irlandês, com cinco, mostrando toda a força da Netflix cujas produções somam 17 indicações, mais do que o dobro do que a Sony Pictures, segundo estúdio com mais indicações.

Coringa também aparece na lista, com quatro indicações (incluindo melhor ator para Joaquin Phoenix e diretor para Todd Phillips). O Brasil não conta com nenhum produção na briga, mas o filme Dois Papas, do brasileiro Fernando Meirelles, recebeu quatro indicações. 

Os Prêmios Globo de Ouro de 2020 são escolhidos pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (AIEH), e a cerimônia de entrega dos prêmios acontece dia 5 de janeiro de 2020 no tradicional hotel Beverly Hilton com Ricky Gervais como anfitrião da noite, marcando sua quinta participação como apresentador da premiação.

Confira a lista completa de indicados nas categorias de cinema: 

Melhor Filme – Drama

  • O Irlandês (Netflix / Tribeca Productions / Sikelia Productions / Winkler Films; Netflix)
  • História de um Casamento (Netflix / Heyday Films; Netflix)
  • 1917 (DreamWorks Pictures / Reliance Entertainment / New Republic Pictures / Neal Street Productions / Mogambo; Universal Pictures)
  • Coringa (Warner Bros. Pictures / Village Roadshow Pictures / Joint Effort;Warner Bros. Pictures)
  • Dois Papas (Netflix / Rideback; Netflix)

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Melhor Filme - Musical ou Comédia

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Melhor Diretor

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Melhor Atriz – Drama

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Melhor Ator  – Drama

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Melhor Atriz - Musical ou Comédia

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Melhor Ator - Musical ou Comédia

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Melhor Atriz Coadjuvante

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Melhor Ator Coadjuvante

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Melhor Roteiro

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Melhor Filme em Língua Estrangeira

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Melhor Animação

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Melhor Canção

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Melhor Trilha Sonora Original

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Critica do filme Você Nunca Esteve Realmente Aqui | Como filosofar com o martelo

Lynne Ramsay já fazia barulho no mundo do cinema antes mesmo de assinar a direção de Precisamos Falar Sobre o Kevin, adaptação do best-seller homônimo de Lionel Shriver. Com um estilo narrativo singular, Ramsay apresenta roteiros enxutos e bem amarrados sem se apoiar nos diálogos. Com detalhes vívidos, suas imagens contam a história de maneira explícita.

Agora, depois de um hiato de quase cinco anos, Lynne Ramsay retorna com um soco no estômago dos espectadores. Você Nunca Esteve Realmente Aqui é o quarto longa-metragem da diretora escocesa que mostra toda sua maturidade cinematográfica em um filme que é ao mesmo tempo é intenso e reflexivo. 

Dona de um olhar apurado, Ramsay escreve com a câmera a história de um homem quebrado. Desconstruindo arquétipos e redefinido expectativas, a diretora aposta em um elenco mínimo, liderado pelo fenomenal Joaquin Phoenix, para abordar temas indigestos como pedofilia, abuso, trauma, luto e depressão.

Traga o martelo!

Baseado no romance de Jonathan Ames, o filme acompanha Joe, um veterano de guerra que utiliza sua brutalidade latente localizando e resgatando menores vítimas de exploração sexual infantil. Seu trabalho mais recente envolve a filha de um senador, mantida em um bordel de luxo em Nova York. 

Com uma violência bestial, Joe abre caminho dentro do estabelecimento até encontrar a jovem Nina em um dos quartos. Os dois escapam e enquanto esperam em um motel descobrem o pai da garota, Albert Votto se suicidou e para piorar tudo, a polícia está batendo na porta do quarto.

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A trama se move como um rio, mesmo que fluida há muitos obstáculos pelo caminho. O ritmo é completamente díspar do que se esperaria, mas é exatamente esse compasso que permite as impreteríveis refleções do personagem e seus atos. A ação está presente, mas de uma maneira muito mais “contemplativa” do que física. Joe pode ser um homem brutal, mas sua violência é melancólica. Já na abertura do filme temos um gosto do ímpeto dele Joe, mesmo que pouco seja visto no enquadramento, eis aqui o olhar refinado de Lynne Ramsay.

Eu ainda estou aqui

Joaquin Phoenix está impressionante. Na pele de Joe, o ator é a força motriz da película, as nuances de sua performance preenchem as lacunas do personagem, mostrando diretamente para o espectador aquilo que não é dito.

Enigmático e contemplativo, Phoenix trabalha a violência de Joe seja nos momentos implícitos ou nos mais explícitos. A mistura equilibrada de cenas fantasiosas estilizadas beiram o fetichismo, abrindo pequenas frestas na psique de Joe, mostrando apenas o necessário sem cair no erro da superexposição.

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A introspecção de Joe é importante na discussão da sua violência e como ela não se apresenta como uma ação catártica, mas sim como processo terapêutico continuado. A entrega de Phoenix é total, e mesmo com poucas falas sua atuação causa estrondo.

Melancolia cinematográfica 

Não foi surpresa quando Você Nunca Esteve Realmente Aqui foi indicado para a Palma de Ouro em Cannes. Por sinal, o filme acabou faturando outros dois prêmios na 70ª edição do famoso festival anual de cinema — melhor roteiro para Ramsay e melhor ator para Phoenix.

Entretanto, fica aqui um aviso, se você está esperando algo análogo a franquia Busca Implacável, você sairá terrivelmente decepcionado. Lynne Ramsay possui um estilo peculiar, no qual a ação e a violência, por mais explícitas que seja, causam um alvoroço internalizado. Em outras palavras, você não encontrará perseguições de carro ou parkour pelas ruas de Nova York, mas sim um mergulho na alma do personagem.

Lynne Ramsay propõem uma reflexão cadenciada sobre as repercussões da violência, e não apenas no ato em si

É fácil entender por que muito fazem a ponte entre Você Nunca Esteve Realmente Aqui e o clássico Taxi Driver - Motorista de Táxi (1976), mesmo que se enveredem por caminhos bem diferentes, ambos os filmes evocam a mesma voracidade, com personagens desajustados que buscam algum tipo de explicação para o mundo que os criou.

Aquarius não leva, mas Brasil vence Olho de Ouro em Cannes com "Cinema Novo"

Não foi dessa vez que uma produção brasileira saiu do Festival de Cannes com a Palma de Ouro. Aquarius, do diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho (O som ao redor), era forte candidato, mas a estatueta ficou com “I, Daniel Blake”, do diretor britânico Ken Loach. Sonia Braga, que concorria a melhor atriz, também não saiu vencedora. Quem trouxe premiação para casa do conceituado festival foi o documentário Cinema Novo, de Eryk Rocha. 

A produção, que resgata momentos do maior movimento cinematográfico brasileiro, foi a primeira colocada na L'Oeil D'Or (Olho de Ouro), uma premiação paralela focada em documentários. No longa, o diretor Erick Rocha reaviva a memória de nossa melhor fase no universo dos filmes e aborda mais de 130 filmes produzidos durante essa época, fazendo uma conexão entre a produção cinematográfica e os diferentes momentos políticos vividos pelo Brasil. 

E não foi só isso: A Moça que Dançou com o Diabo, de João Paulo Miranda Maria, recebeu a premiação de Special Distinction em curta-metragem. O filme conta a história de uma menina que entra em conflito com a família extremamente religiosa e sai em busca de respostas e de seu próprio paraíso. 

A Moça que Dançou com o Diabo

A Moça que Dançou com o Diabo tem apenas 14 minutos e disputava a Palma de Ouro na categoria de curtas. Não levou, mas recebeu a merecida menção honrosa. Não é todo dia que um filme financiado com rifas e que teve um custo de R$ 500,00 de produção chega a um festival internacional do cacife de Cannes, não é mesmo?

O curta-metragem de João Paulo Miranda Maria ainda não é exibido no Brasil, mas deve ser lançado em eventos e exibido em mostras especiais em breve. Fique de olho aqui na página oficial da produtora para saber as novidades! 

Confira a lista com todos os premiados aqui.

Um dia de Cão | Cobertura completa do Festival de Cannes 2014

A equipe do Café com Filme esteve pegando umas ondas no litoral francês nas duas útimas semanas, e já que tava de bobeira aproveitou para trazer para você, estimado leitor, a cobertura completa do 67º Festival de Cannes!

É sabido entre os manjadores, que o prêmio de cinema de maior prestígio no mundo é o Oscar. Porém, quem manja sabe que quando o assunto é arte, prestígio quase nunca vem em primeiro lugar. Exemplo disso é os pica-grossa que morreram sem nenhum reconhecimento e só mais tarde é que suas obras ganharam o devido valor, cito Van Gogh.

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O festival de Cannes é um exemplo perfeito desse paradoxal universo artístico. Cannes está bem atrás do Oscar em termos de rentabilidade e atração de olhares, porém é, sem dúvida nenhuma, o festival de grande porte que apresenta a melhor qualidade artística dentre os filmes concorrentes.

Após onze dias de filmes rolando sem parar, o último sábado (24) fechou o Festival de Cannes com uma linda cerimônia de encerramento. Para se ter uma ideia da importância desse prêmio, basta ver quem é o júri. Os nomes de maior destaque são Sofia Coppola, Willem Dafoe, Gael Garcia Bernal e Nicolas Winding Refn.

Melhor Filme

Em comemoração dos 20 anos de Pulp Fiction, o diretor Quentin Tarantino e a sua musa Uma Thurmam (Minha amiga no face!), anunciaram e entregaram o prêmio mais cobiçado. A Palma de Ouro de melhor filme ficou com o turco Winter Sleep, dirigido por Nuri Bielge Ceylan (Três Macacos).

O filme conta a história de Aydin, um ator frustrado, sua esposa Nihal, com a qual vive um relacionamento conturbado, e sua irmã Necla, que acabou de se separar. Os três vão a um hotel em Anatolia, na Ásia menor, e uma tempestade de neve bloqueia as saídas e torna obrigatória a convivência deles alimentando cada vez mais suas inimizades.

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Ceylan, que é extremamente politizado e engajado em causas políticas, dedicou seu prêmio a todas os jovens que perderam a vida durante as manifestações na Turquia, e agradeceu ao festival por apoiar um filme tão grande. (O filme era o mais longo entre os concorrentes, com 3 horas e 16 minutos).

Grande Prêmio

O Grande Prêmio (Segundo mais importante) ficou com As Maravilhas (Les Marveilles), que conta a história de três irmãs que se transformam de meninas em mulheres depois de passar um verão no norte da Itália, dirigido por Alice Rohrwacher.

Melhor Diretor

O melhor diretor ficou com Bennet Miller, pelo filme Foxcatcher. Baseado em uma tragédia da vida real, o filme é estrelado por Steve Carell, Channing Tatum e Mark Ruffalo.

Prêmio do Juri1484345-discours-de-xavier-dolan-prix-du-jury-950x0-1

O prêmio do júri foi entregue para dois filmes: Mommy de Xavier Dolan (foto) e Adieu au Langage de Jean-Luc Godard. Dolan é um moleque de apenas 25 anos que já teve dois filme apresentados em Cannes.  Godard é um monstro sagrado já consagrado no cinema mundial de 83. Duas gerações dividiram o mesmo prêmio.

Melhor Ator

Timothy Spall, a estrela do filme "Mr. Tuner", dirigido por Mike Leigh, ganhou o prêmio de melhor ator. O filme conta a biografia do pintor britânico J.M.W Turner. O ator chorou às alcântaras durante seu discurso e só parou porque seu celular tocou (quem nunca fez uma dessas na sala de aula não sabe o que é infância.... nesse caso meio tardia).

Melhor Roteiro

O melhor roteiro foi para Andrey Zvyagintsev e Oleg Negin pelo filme Leviathan

Camera d'Or

O prêmio Camera d’Or, que é dado ao melhor  filme debutante de um diretor, foi para Party Girl, escrito e dirigido pelo trio Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis.

Melhor Atriz

A belezurinha da Julianne Morre, que não foi a cerimônia =,( ganhou o prêmio de melhor atriz pelo filme de David Cronenberg, Maps to the Stars.

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Provavelmente poucos desses filmes chegaram aos grandes cinemas do país. Portanto ligue o seu torrent e coloca pra baixar, porque aqueles raminhos que vão na capa do filme indicam que ele merece atenção. Aproveita e conta pra gente o que achou.

A lista completa dos ganhadores você acompanha aqui:

Palme d’Or (Melhor Filme) : Nuri Bilge Ceylan, Winter Sleep

Grand Prix (Segundo Melhor Filme): Alice Rohrwacher, The Wonders

Prêmio do Juri: Xavier Dolan, Mommy, and Jean-Luc Godard, Goodbye to Language

Melhor diretor: Bennett Miller, Foxcatcher

Melhor roteiro: Andrey Zvyagintsev and Oleg Negin, Leviathan

Melhor atriz: Julianne Moore, Maps to the Stars

Melhor Ator: Timothy Spall, Mr. Turner

Camera d'Or (Melhor filme de estreia de um diretor) : Marie Amachoukeli, Claire Burger and Samuel Theis, Party Girl