Crítica do filme Circle
Clima de suspense não é o suficiente
Filmes que criam clima de suspense aparentemente de forma gratuita não são ruins a priori. Obras como "Jogos Mortais" e "Cubo" estão aí para provar que, dependendo da abordagem que se faz após criar o impacto inicial, as coisas podem até caminhar de um jeito agradável.
Contudo, este não é o caso de "Circle", filme lançado este ano e atualmente disponível no catálogo brasileira da Netflix. Dirigito e escrito pelos estreantes Aaron Hann e Mario Miscione, o filme coloca o espectador diante de um grupo de 50 pessoas que se encontram dentro de uma câmara mortífera. A cada dois minutos, um raio sai de um dispositivo localizado ao centro do grupo e mata alguém.
Aos poucos, os personagens descobrem a lógica do mecanismo e então precisam decidir em conjunto quem será o próximo a morrer. Se por um lado o filme pode ser encarado como uma grande metáfora da vida social, na qual agrupamentos humanos podem se juntar para decidir (conscientemente ou não) que outros humanos devem permanecer vivo, a falta de nexo para justificar os eventos do filme prejudicam a experiência.
O final é bem frustrante, pois nem explica nem deixa dúvidas sobre como tudo aconteceu — o que, convenhamos, pode ser mais frustrante do que alguns casos em que o diretor pega o espectador pela mão e apresenta a mais óbvia das conclusões de forma literal. Porém, apesar do clima de suspense que se desenha aqui, a coisa não decola.
A parte boa é a variação de protagonismo dos personagens, afinal a roda da morte gira e acaba por obrigar esse tipo de situação. Fica como positivo o aspecto metafórico da obra, exprimindo o pior do ser humano quando colocado no limite para salvar a própria vida. De restante, ver Circle pode ser um tanto quanto frustrante — ao menos o filme é curto.