Steve Carr - Café com Filme

Crítica do filme Me Chame Pelo Seu Nome | O amor é igual para todo mundo

Mais uma história de amor, só que levemente diferente. “Me Chame Pelo Seu Nome” é um filme de drama de 2017 dirigido por Luca Guadagnino e escrito por James Ivory, baseado na obra homônima de André Aciman. O cenário é algum lugar ao norte da Itália, no ano de 1983. Essa imprecisão é proposital, a justificativa lúdica para que qualquer pessoa que queira passar férias de verão em um lugar paradisíaco possa estar na pele dos protagonistas, nem que seja por um breve momento.

Nesse local e breve espaço de tempo conhecido como férias de verão em família, Elio Perlman (Timiothée Chalamet) é um adolescente de 17 anos que está entediado por passar mais um verão ali, contando as horas para que acabe. Seu pai (Michael Stuhlbarg) é um pesquisador  americano de história e cultura clássicas, especialmente obras do período helenístico.

Para ajudá-lo com as pesquisas ele recebe ajudantes durante o verão e o escolhido da vez é o americano Oliver (Armie Hammer), de 24 anos. Ao contrário dos ajudantes anteriores, Oliver desperta a curiosidade e afeição de Elio, o que após uma longa jornada de descobrimento culmina em um romance entre os dois.

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Elio é um músico talentoso, passando seu tempo entre transcrever Schoenberg, compor variações ao piano de obras de Bach e devorar todo tipo de literatura. Toda essa cultura fervilha na família Perlman, todos são proficientes em inglês, francês, italiano e até alemão, no caso da elegante mãe de Elio, Annella (Amira Casar).

Além disso, eles são judeus, mas “judeus discretos”, como Elio descreve ao visitante Oliver, que não por acaso carrega uma Estrela de Davi no pescoço. Todos esses detalhes são revelados aos poucos, conectando os personagens e revelando mais camadas de cada um, ainda que Oliver permaneça envolto em mistério.

“Me Chame pelo Seu Nome” promete agradar aos cinéfilos por diversas razões. Por se passar na década de 80, a legião de nostálgicos contemporâneos vão sair extremamente satisfeitos da sessão, com toda a moda e formas de se divertir que não envolvem uma tela sendo lindamente representadas. E não digo isso de forma pejorativa, é tudo realmente esteticamente lindo. Indo mais além, a nostalgia aqui é voltada a algo marcante que aconteceu e está sendo recontada de forma romantizada, como se as lembranças de Elio estivessem sendo projetadas para o espectador.

No livro tudo é narrado a partir do ponto de vista do nosso jovem protagonista, então talvez seja essa a forma sutil que o diretor Luca Guadagnino escolheu para contar o romance.

E por mais clichê que tudo isso possa parecer, o longa conta a história de um garoto crescendo, aprendendo o que quer, descobrindo sentimentos e sensações novas, em um momento que a homossexualidade não era tão natural quanto nos dias de hoje. Além disso, não é uma história padrão no sentido em que não há um grande vilão, ou um grande problema, como por exemplo uma família conservadora. Ao contrário, tudo flui muito naturalmente ainda que de forma intensa e rápida, como todo amor de verão.

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Dessa maneira, se é necessário encontrar um conflito dentro dessa história, o tempo é o único vilão possível. A inevitável separação, quando o verão acabar e Oliver retornar ao seu país. Essa indagação é narrada por Elio, ao questionar-se “por que não aproveitamos todo esse tempo?”. Essa relação entre o tempo e a memória ficam explícitos em apenas uma cena, que parece deslocado do restante do filme.

Elio está perdido em seus pensamentos, tentando entender se Oliver sente o mesmo que ele, tudo isso muito antes de acontecer qualquer situação amorosa entre eles. A projeção parece estar com problemas e a película se soltar do projetor, enquanto a música composta por Sufjan Stevens canta “Is it Video?” (isso é um vídeo?). É estranho, quase questionando a própria natureza da narrativa, se era só imaginação ou uma memória confusa desvanecendo.

Por sinal, a trilha sonora é marcada por um piano repetitivo, uma música toca diversas vezes ao longo do filme e depois de algum tempo pode incomodar os ouvidos destreinados, mas no geral é tudo muito bem pensando. O longa é marcado por um jogo de sedução constante. Quase todas as ações dos dois rapazes são para demonstrar sutilmente seus sentimentos, e a cena sempre é composta visando deixar um dos dois em um ponto de vista mais privilegiado que o outro. Além dos diversos planos sequência magistralmente executados, a câmera mantém movimentos constantes que convidam o público a participar da relação entre os dois, indo do foco nos personagens para um objeto qualquer em cena, como se fosse a direção natural do olhar de alguém presente naquele mesmo cenário.

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É claro que o filme toca em questões delicadas. Pra começar, nenhuma cena é muito explícita, ou pelo menos nada que seja chocante para os cidadãos de bem. É um típico filme europeu, onde a nudez é naturalizada e não apelativa. Os mais atentos vão notar que existe uma diferença de idade entre o casal, sendo que Elio tem apenas 17 anos.

Na Itália, a idade de consentimento é 14 anos e em nenhum momento a relação dos dois é marcada por nenhum tipo de abuso, é tudo consentido. E finalmente, o filme mostra Elio crescendo, se descobrindo e vivendo um grande amor, mas durante esse tempo ele vive um breve relacionamento com sua amiga Marzia (Esther Garrel), então muitos dirão que na verdade Elio é Bi, e não Homo. Apesar de discordar dessa problematização, cada um é livre para interpretar como quiser, e nada disso diminui todos os méritos dessa obra.

Por mais simples que possa parecer a premissa do filme, atuações medíocres estragariam totalmente a experiência, algo que felizmente não aconteceu. Armie Hammer está excelente no papel do misterioso Oliver, principalmente com a química praticamente palpável entre ele e Elio.

Mas o grande destaque é Timothée Chalamet, que entrega uma atuação excelente, sendo visível a mudança no olhar do garoto inocente se transformando em algo cada vez mais sedutor. A dedicação de Chalamet foi tanta que ele aprendeu a tocar violão e a falar italiano para esse papel, além de tocar piano de três estilos diferentes em um plano sequência excelente.

Só que duas cenas merecem destaque: a controversa cena do pêssego (que prefiro esquecer) e a cena final. Talvez o maior vilão seja mesmo o tempo, pois o último ato se estende tanto que a cada corte a sensação de que poderia ter acabado ali mesmo aumenta. Porém a recompensa vem com a cena final, em que novamente Chalamet doa o seu melhor, encerrando com o sentimento preciso daquele momento e transpondo tudo isso na tela.

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“Me Chame Pelo Seu Nome” tem um estilo diferente, mais calmo, como férias de verão onde a preguiça e os momentos de diversão são os mais valorizados e lembrados. E no meio disso tudo, a descoberta de um primeiro grande amor, em que duas pessoas que se gostam demonstram esse sentimento sem medo, se entregando ao seus desejos de forma honesta e pura, sabendo que o tempo vai estragar aquilo tudo, mas a memória vai guardar o que foi bom.

Super Tiras 2 | Trailer legendado e sinopse

Thorny (Jay Chandrasekhar), Rabbit (Erik Stolhanske), Mac (Steve Lemme) e Foster (Paul Soter) são patrulheiros do estado de Vermont. Instalados na região rural da fronteira com o Canadá, eles passam a maior parte do tempo se divertindo com corredores e fazendo pegas na estrada com carros apreendidos. Quando não estão na estrada tentam seguir os passos de mentor, Capitão O'Hagan (Brian Cox), e evitar o oficial Rod Farva (Kevin Hefferman). Eles acham seu trabalho agradavelmente sem desafios. No entanto, quando o estado resolve fazer um corte no orçamento de sua pequena base, eles resolvem se esforçar para impressionar seus superiores. As coisas vão mal quando inesperadamente os patrulheiros estaduais descobrem uma operação de tráfico de drogas acontecendo na fronteira do Canadá. Sentindo a salvação, os patrulheiros correm contra o relógio para salvar seus empregos.

Sindicato de Atores de Hollywood elege os melhores do ano

A temporada de premiações de Hollywood continua a toda. Agora foi a vez do Sindicato de Atores de Hollywood divulgar seus favoritos do ano. A festa comandada pela atriz Kristen Bell rolou dia 21 de janeiro e premiou os melhores do cinema e televisão e concedeu três estatuetas para o filmes Três Anúncios Para um Crime.

Vale lembrar que o SAG Awards é um dos principais termômetros para o Oscar e, principalmente nas categorias de melhor atuação, servem como uma boa aposta para o que deve rolar no dia 4 de março na nonagésima edição da principal premiação do cinema. 

A noite também contou com uma homenagem a Morgan Freeman, que recebeu uma estatueta em comemoração a sua carreira e contribuição ao cinema.

Confira os vencedores: 

Melhor Elenco de Filme

Melhor Ator

  • Timothée Chalamet - Me Chame Pelo Seu Nome
  • Daniel Kaluuya - Corra!
  • Gary Oldman - O Destino de Uma Nação
  • James Franco - O Artista do Desastre
  • Denzel Washington - Roman J. Israel, Esq.

Melhor Atriz

Melhor Ator Coadjuvante

Melhor Atriz Coadjuvante

  • Mary J. Blige - Mudbound
  • Hong Chau - Pequena Grande Vida
  • Holly Hunter - Doentes de Amor
  • Allison B. Janney - Eu, Tonya
  • Laurie Metcalf - Lady Bird - É Hora de Voar

Melhor Elenco de Dublês em Filme

O Grande Lebowski | Trailer legendado e sinopse

Uma espécie de hippie anacrônico, o pacífico Jeff Lebowski (Jeff Bridges) está desempregado e se diverte jogando boliche com os amigos Walter (John Goodman) e Donny (Steve Buscemi). Certo dia é surpreendido por dois brutamontes que entram em sua casa em Los Angeles para cobrar uma dívida e arruínam seu estimado tapete.

No entanto, os bandidos logo percebem que foram ao lugar errado. Eles estão atrás de outro Lebowski: o milionário paralítico casado com a jovem e sexy Bunny. Determinado a ser ressarcido do prejuízo, Jeff o procura para exigir um tapete novo. Mas o velho está desesperado e lhe oferece uma bela soma para que entregue 1 milhão de dólares aos seqüestradores de sua mulher. Graças às trapalhadas de seu belicoso amigo Walter, veterano do Vietnã, Jeff acaba numa grande fria. E logo descobre que está no meio de uma complicada trama em que todos enganam todos.

A Pé Ele Não Vai Longe | Novo trailer legendado e sinopse

Baseado na autobiografia do cartunista John Callahan (Joaquin Phoenix), um jovem conturbado que ficou tetraplégico aos 21 anos, após um grave grave acidente automobilístico. Trilhando o difícil caminho da sobriedade depois de ter sofrido um acidente que mudou sua vida, John Callahan (Joaquin Phoenix) descobre o poder curativo da arte. Desejando que suas maãos feridas deem vida a desenhos divertidos, sempre polêmicos e que lhe-tragam uma nova oportunidade na vida.

Tully | Novo trailer oficial e sinopse

Marlo (Charlize Theron) é uma ocupada mãe solteira de três filhos que se encontra saturada por tanto trabalho. Seu irmão rico, querendo lhe dar uma mãozinha, contrata os serviços de uma babá para ajudá-la. Chega assim a sua vida a jovem Tully (Mackenzie Davis).

Marshall: Igualdade e Justiça | Trailer legendado e sinopse

Antes de se tornar o primeiro juiz afro-descendente da Corte Suprema Americana, Thurgood Marshall (Chadwick Boseman) deve lutar num caso pode definir sua carreira: defender Josepho Spell (Sterling K. Brown), um homem negro que está sendo acusado de atacar uma socialite branca em seu quarto, mas que jura não ser o culpado do crime.

Amordaçado por uma corte segregacionista, Marshall forma uma parceria com o jovem advogado judeu Samuel Friedman (Josh Gad). Juntos eles montam uma estratégia de defesa no meio de um ambiente totalmente hostil de racismo e anti-semitismo. 

Crítica do filme Extraordinário | O desafio de não cair no lugar comum

Vou começar esse texto dizendo que eu vi o trailer de “Extraordinário” tantas vezes antes de finalmente assistir ao filme, que estava com a sensação de que já sabia exatamente tudo o que ia acontecer. Especialmente porque o trailer não é lá muito misterioso, não é mesmo?

O fato é que o longa-metragem de Stephen Chbosky, com roteiro de Steve Conrad, não promete ser exatamente uma grande surpresa.

Baseado no livro homônimo, “Extraordinário” conta a história de August Pullman (Jacob Tremblay), um garotinho que nasceu com uma desordem craniofacial congênita. Aos dez anos, ele vai começar a frequentar a escola pela primeira vez, e tudo o que ele quer é ser tratado como qualquer outra criança pelos novos colegas.

Com Owen Wilson e Julia Roberts nos papeis dos pais do menino, o longa mostra a história do desafio de Auggie sob a perspectiva da família inteira, que também é composta por Via (Izabela Vidovic), a irmã mais velha.

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A bela dinâmica familiar em que todo mundo se ama, se apoia e se ajuda, faz com que os Pullman se vejam ansiosos e nervosos com essa etapa nova do caçula e a mudança na rotina vai acabar afetando todo mundo.

“Você não pode ser igual aos outros se nasceu para se destacar”

O elenco bem gente grande do filme ajuda mundo a fazer que com tudo corra muito bem na construção da história. Gosto muito da Júlia Roberts e acho que ela incorporou de um jeito bem legal a mãe de Auggie. Inclusive aquela frase dela do trailer ficou grudada na cabeça por vários dias justamente pelo jeito como foi dita:

“Because I am your mom, it counts the most - because I know you the most” [Porque eu sou sua mãe, vale mais, porque eu te conheço melhor]

Owen Wilson também parece ter assumido de vez a carranca de paizão, já que vem fazendo cada vez mais filmes sérios nos quais tem várias crias. A dinâmica familiar fica completa com a atuação de Izabela, que vem mostrando que é um talento no qual devemos ficar de olho.

Mas a estrela de tudo é sem dúvida nenhuma o fofinho do Jacob Tremblay. Sempre uma gracinha, carismático até dizer chega e cheio de ginga, o menino mais uma vez dá um show de atuação. Jacob age com tanta naturalidade e tão à vontade em cena que é impossível não se encantar pelo Auggie.

Ponto também para o pessoal da maquiagem, que conseguiu transformar completamente a face já bem conhecida do menino.

Inventando moda

Não é muito fácil inovar quando se trata de dramas familiares e historinhas de superação e combate ao bullying, né? E trazer algo de novo para não se tornar apenas mais um filme do gênero é o principal desafio de “Extraordinário”.

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Para isso, o longa aposta em uma narrativa recortada entre as várias perspectivas dos protagonistas. Os mesmos fatos são contados no contexto e sob o ponto de vista de Auggie, Via e alguns dos outros personagens, o que surpreendeu um pouco e trouxe um pouco mais de dinamismo para o andamento das cenas.

Por um lado, a escolha é interessante. Ela ajuda a reforçar um dos pontos da ~moral da história toda, que é o fato de que cada um está travando sua própria batalha enquanto nós estamos travando a nossa, e às vezes nos esquecemos disso. Estamos falando de um tema que está em voga agora - o bullying - mas, mais do que isso, de um tema que devia estar em alta sempre: a aceitação do outro, do diferente, daquilo dentro do qual nos nãos reconhecemos.

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Por outro, essa ideia acaba alongando um pouco a história e trazendo alguns olhares que poderiam ter sido deixado de lado para fazer o filme ficar um pouco menos longo – são quase duas horas de cadeira. Considerando que o público é essencialmente familiar e que as próprias crianças devem ser alvo da produção, dava fácil para ter contado tudo em uma hora e meia, sem prejuízos.

Mas isso tudo é, claro, preciosismo. O filme não deixa quase nada a desejar e consegue emocionar e divertir o espectador, com diálogos interessantes e engraçados, mas também com uma certa tensão envolvendo os problemas e desafios dos personagens. Boa pedida pra uma sessão com a família e com a galerinha.

A Melhor Escolha | Trailer legendado e sinopse

Trinta anos após servirem juntos no Vietnã, Larry (Steve Carell) se reúne com seus velhos amigos, Sal (Bryan Cranston) e Richard (Laurence Fishburne). Entre recordações e relatos do que se passou com cada um após todos esses anos eles terão que decidir o melhor local para enterrar o filho de Larry.

The Post - A Guerra Secreta | Trailer legendado e sinopse

Ben Bradlee (Tom Hanks) e Kat Graham (Meryl Streep), editores do jornal The Washington Post, recebem documentos secretos do governo estadunidense relatando o verdadeiro papel do país na Guerra do Vietnã. Enfrentando o Pentagono e a concorrencia New York Times, a dupla corre para publicar a bombástica verdade por trás do conflito.