Tom Hardy - Café com Filme

Crítica do filme A Freira | Cê é loka, irmã! Sangue de Jesus tem poder!

E olha só se não é a temporada da profanação chegando aos cinemas. Depois de muita espera, os fãs do universo sobrenatural idealizado lá em 2013 pela Warner ganha um novo capítulo.

A Freira” é o quinto título que integra o folclore obscuro de “Invocação do Mal”, sendo mais um spin-off (junto com Annabelle) das aventuras paranormais do casal Warren.

No centro desta nova história, temos a criatura demoníaca trajada de freira — apresentada ainda em “Invocação do Mal 2”. Todavia, o enredo aqui não dá continuidade aos fatos deste capítulo lá de 2016, tampouco tenta criar uma conexão direta com os investigadores.

Aproveitando a pegada que já tivemos da boneca amaldiçoada, os idealizadores de “A Freira” (incluindo o já renomado James Wan) optaram por desenvolver uma história do zero — até porque estamos falando de uma criatura que apareceu no filme e não tinha um background definido na época.

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O hype foi grande desde a primeira imagem da produção e aumentou exponencialmente com a divulgação do trailer. E, também, é claro que os fãs do terror, tendo visto os episódios até aqui, já tinham a certeza de que o resultado seria excepcional. No entanto, um conselho de amigo já neste primeiro momento: não vá com muita sede ao poço amaldiçoado.

A verdade é que “A Freira” é assustador em sua essência — principalmente pela concepção da criatura e de todo o misticismo que a cerca —, mas que talvez fique levemente aquém do esperado no quesito convicção, por conta de uma história um tanto enevoada. É um filme imperdível para os aficionados pelo gênero, porém há algumas ressalvas nessa missa.

A profanação em novos hábitos

Não sei se vocês repararam nos filmes recentes de terror, mas muitos títulos têm usado táticas para conseguir driblar a tecnologia e facilitar o clima de tensão. Afinal, se você pode acender a luz, usar um celular  pra chamar a polícia — que já vai chegar e mandar chumbo grosso nos demônios — ou mesmo pegar um carro e sair no pinote, o medo já cai por água benta abaixo.

Aí, para facilitar nesse sentido e ainda pra desenrolar melhor uma história de origem, os responsáveis pelo roteiro de “A Freira” voltaram algumas décadas no tempo e optaram por terras longínquas na Romênia. Nesse cenário, a gente acompanha o suicídio de uma freira que vive enclausurada numa abadia, situação que será investigada pelos protagonistas do filme.

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No centro dessa história, a gente tem o padre Burke, que, seguindo as orientações do vaticano, leva a jovem e inocente Irmã Irene — que ainda está prestes a fazer seus votos finais — para investigar o caso. A dinâmica do filme é bem dividida entre os dois, mas é interessante como a garota tem um peso muito mais importante no decorrer dos eventos.

As atuações são convincentes, mas, novamente, o destaque fica para Taissa Farmiga (Irene), a qual se mostra muito mais expressiva e faz a ponte para o público sofrer um impacto muito maior. Demián Bichir não deixa a desejar, porém se mostra mais tímido, talvez também por conta do seu personagem. Agora, algo muito infeliz, é a presença de Jonas Bloquet, que está aqui sumariamente para fazer graça, destoando de tudo que a gente podia esperar no filme.

Integra o time, de forma muito importante, a própria Freira e suas irmãs. Falando especialmente da peça-chave do filme, temos aqui um misto de atuação em cena e fora de cena. Muitas das vezes, a Freira aparece sutilmente como uma sombra ou em meio a penumbra, sendo que suas aparições contribuem com o que mais gostamos neste tipo de filme: medo em sua pura forma.

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É bom a gente comentar aqui como é interessante ver essa mudança de uma personalidade habitualmente abençoada para uma criatura diabólica. O contraste entre bem e mal numa mesma figura é impressionante, pois o simples fato de vermos qualquer uma das freiras já nos dá calafrios. E nesse sentido, todas as integrantes do convento são fundamentais na trama.

Deus acaba aqui

A concepção do personagem principal certamente foi o que mais demandou tempo (e dinheiro) nessa produção. E ainda bem que gastaram bons trocados nisso, pois toda a construção do personagem — o que inclui aí a maquiagem e os efeitos especiais — é o que mais chama atenção durante os noventa e poucos minutos da película.

A criatura maligna se esconde em qualquer canto e não perde uma chance de levar o nosso coração ao limite. Inclusive, eis aqui outro acerto do filme: fotografia. É notável que “A Freira” é muito dependente desse jogo de luz e sombra. Tanto é que as circunstâncias do roteiro apelam muito para cenas com velas e ocasiões de pouca luz.

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Há também um apelo constante para a presença de névoa, algo que deixa um mistério no ar e nos faz questionar constantemente a sanidade dos personagens — e também a nossa. Tudo muito bem pensado e funcional para manter o suspense a todo instante.

Paralelamente, a gente tem um design de som coerente, que abusa dos cenários claustrofóbicos do castelo, mas que não perde a chance de usar um cemitério e algumas sinetas para ecoar o clima de tensão em nossa cabeça. A trilha sonora talvez seja um tanto simplista, mas não deixa de cumprir seu papel.

No fim do dia, apesar de um esforço colaborativo do elenco e da construção funcional do terror em muitas cenas, o maior tombo de “A Freira” está nos tropeços do roteiro, que fica dando voltas desnecessárias, focando em frivolidades e apelando demais para o famoso jump scare. O script parece meio perdido, sem saber para onde ir e optando por recursos bem relaxados.

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Particularmente, eu esperava algo muito mais elaborado no roteiro e, sinceramente, a eliminação total e completa do clima de humor — não existe qualquer razão de ter esse lado num filme desse tipo. Além disso, eu tenho a certeza plena que um terror mais psicológico, com uma pegada mais ousada, deixaria o resultado muito mais assustador.

De qualquer forma, a gente tem aqui um longa-metragem razoável para os fãs, mas quem sabe um novo capítulo possa ser mais tenebroso. Boa sorte para quem for assistir ao filme nos cinemas. Levem seus crucifixos, bíblias e água benta.

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E vai quebrando senhor toda maldição e em nome de Jesus vai caindo por terra toda potestade e intercede deus de mistério quebra toda feitiçaria e todo poder e glória aleluia jesus e olha deus fazendo a obra recebaaa!

A Entrega (2014) | Trailer legendado e sinopse

Um atendente de bar, Bob Saginowski (Tom Hardy), que busca deixar o universo do crime, acaba envolvido em uma complicada trama com um filhote de pit bull, um assalto e um assassinato. O bar onde Bob trabalha atende mafiosos e gângsters. Tudo fica ainda mais complicado para ele depois que se apaixona por Nadia (Noomi Rapace).

Crítica do filme Hereditário | É armadilha de Satanás!

Após assistir ao filme “Hereditário”, ao sair da sala de cinema, você possivelmente vai ter uma das seguintes reações: “Socorro, Senhor Jesus. Põe um anjo em meu lar!” ou “Manda mais que tá é pouco”. Sim, este é um longa-metragem que vai deixar você no famoso cagaço.

O filme de terror dirigido pelo estreante Ari Aster — que assina como diretor e roteirista — é um título planejado com cautela para contar uma história coerente, sem cair em frivolidades, ao mesmo tempo em que inova pela sua montagem ímpar.

O roteiro toma como base a morte da matriarca da família Graham para desencadear uma série de eventos sinistros sobre seus descendentes. Tudo começa com uma perturbação anormal sobre a jovem Charlie (Milly Shapiro), que parece ser a favorita da avó. No entanto, toda a casa parece estar destinada a receber esta herança indesejada.

É com base nesta simples linha de raciocínio que a trama consegue ir das premissas básicas ao desenrolar a ligação entre os familiares até construir uma teia de acontecimentos deveras inesperados que, felizmente, só são entrelaçados nos acréscimos do segundo tempo. É por essas e outras tantas artimanhas que o filme vem ganhando tanto prestígio dos fãs do gênero.

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Bom, mas antes de dissertar sobre esta obra de terror, vale um conselho muito importante: se você ainda não viu o trailer, não veja. Mesmo que a película consiga guardar seus segredos, as menores cenas do vídeo de divulgação já podem estregar algumas surpresas. Aliás, se você quiser, vale até ler este texto depois; ele não tem spoilers, mas é sempre bom ir às escuras. 

Quieto, porém inquietante

É curioso — e muito bem-vindo — que alguns filmes de terror têm apelado para uma fuga do habitual. Mais intrigante ainda é que todos parecem convergir para um mesmo ponto. A cautela toma a vez da pressa, o silêncio substitui o barulhento, o certo se sobrepõe ao inesperado e a tensão elimina o medo.

As agitadas câmeras de obras consagradas (como “A Bruxa de Blair”) dão vez a tomadas estáticas, em que podemos vislumbrar muito mais num mesmo cenário e aguçar ainda mais nossos sentidos. Aqui, nada de novo, uma vez que já vimos técnicas similares até em títulos recentes como “A Bruxa” e “Ao Cair da Noite”.

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Esta abordagem mais ampla possibilita englobar mais personagens num mesmo quadro e dá espaço para que o espectador veja o perigo chegando aos poucos. Assim, a fuga da tradicional técnica de “jump scare” (aqueles sustos com coisas pulando na tela e sons exagerados) se dá de forma bastante natural, uma vez que o medo se impõe pelo certo e não pela surpresa.

É bastante simples: há um perigo real e basta um take um pouco mais longo para que o espectador apenas veja o que vai acontecer em cena. Basicamente, este tipo de técnica elimina o sustão, mas deixa uma tensão constante no ar e sempre podemos ter a certeza de que o pior está acontecendo a todo instante e não há como fugir.

Outro ponto que se faz recorrente é a mudança do áudio estridente para um mais sereno, com diálogos pontuais e apenas a sonoplastia necessária. Não se trata do clima mudo de “Um Lugar Silencioso”, porém o silêncio ajuda na construção do suspense inerente que constantemente entra no terror mais aprofundado. A trilha de Colin Stetson também se encaixa como uma luva, pronta a asfixiar o espectador.

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E é na junção disso tudo que “Hereditário” se destaca entre os títulos do gênero. Apesar de não ser pioneiro, ele aproveita todas essas vantagens para criar um clima angustiante. É válido pontuar, contudo, que ele pode até incomodar a plateia pela demora em desenrolar alguns fatos, mas a espera sempre vale a pena. Cada revelação, cada cena deixa a gente muito tenso.

Perturbador em sua essência

Apesar das técnicas bem executadas e da sonoridade devidamente implementada, é nítido que o filme de Ari Aster se supera pela fotografia — até desconfortante em muitos momentos. A mescla de luz e sombra cria cenários perfeitos para a trama. A casa principal onde a família Graham habita é gigante e cheia de esconderijos para ficarmos de olho em cada canto da tela.

Interessante pontuar ainda que, felizmente, a história da vez para diálogos em inúmeros ambientes, o que evita o cansaço e permite um desenvolvimento da história de forma natural. O roteiro foi realmente pensado para nos guiar por uma trilha bem misteriosa, mas a paleta de cores se mantém intacta e perpetua o clima de mistério a todo instante.

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Agora, se toda a produção de cenário já é admirável, o filme ganha ainda mais força por seus personagens bem desenvolvidos. Com o roteiro bem divido entre todos da família, temos a oportunidade de acompanhar diferentes olhares e paranoias, cada qual com suas justificavas, o que sempre agrega para deixar tudo ainda mais amedrontador.

Há um trabalho muito admirável por parte de Gabriel Byrne e Milly Shapiro, que são muito marcantes na trama, porém o destaque fica para Toni Collette, que simplesmente se mostra avassaladora a cada cena. Ela é uma mãe completamente destruída pelas circunstâncias da vida. E se a loucura e a depressão já não são suficientes, a coisa fica ainda pior com as ilusões do sonambulismo. E nada como uma atriz empenhada pra deixar a gente maluco.

Quem brilha muito também — principalmente com uma quantidade exagerada de closes em seus olhos — é o ator Alex Wolff, que mais parece uma versão mais jovem de Dev Patel (o rapaz de “Lion”). Ele é talvez o pivô nas cenas mais tensas, já que protagoniza em longas tomadas. Um rapazinho que parece não ser grande coisa pelo personagem, mas que a gente acaba respeitando muito ao ver sua dramaticidade.

E aí, meu povo, é na soma de todos os medos que a gente tem essa belezinha de filme. Pouco convencional, um tanto experimental, cansativo para alguns, mas terrível para todos. Muita gente pode até se cansar pelo ritmo mesmo, porém ninguém vai esquecer esse filme tão facilmente, pois ele realmente se infiltra no subconsciente. “Hereditário” é uma obra totalmente excelente!

A Freira | Novo trailer legendado e sinopse

Quando uma jovem freira que vive enclausurada em um convento na Romênia comete suicídio, um padre com um passado assombrado e uma noviça prestes a fazer seus votos finais são enviados pelo Vaticano para investigar o caso. Juntos, eles desvendam o segredo profano da ordem. Arriscando não só suas vidas, mas também sua fé e suas almas, eles confrontam a força malévola que assume a forma da mesma freira que aterrorizou o público em “Invocação do Mal 2”, à medida que o convento se torna um horripilante campo de batalha entre os vivos e os mortos.

Bohemian Rhapsody | Novo trailer legendado e sinopse

Bohemian Rhapsody é uma celebração exuberante do Queen, sua música e seu extraordinário cantor principal Freddie Mercury, que desafiou estereótipos e quebrou convenções para se tornar um dos artistas mais amados do planeta. O filme mostra o sucesso meteórico da banda através de suas canções icônicas e som revolucionário, a quase implosão quando o estilo de vida de Mercury sai do controle e o reencontro triunfal na véspera do Live Aid, onde Mercury, agora enfrentando uma doença fatal, comanda a banda em uma das maiores apresentações da história do rock. Durante esse processo, foi consolidado o legado da banda que sempre foi mais como uma família, e que continua a inspirar desajustados, sonhadores e amantes de música até os dias de hoje.

Mary Shelley | Trailer oficial e sinopse

A história do romance entre o poeta Percy Shelley e Mary Wollstonecraft, uma jovem de 17 anos que viria a se tornar a aclamada escritora Mary Shelley, autora do livro "Frankenstein ou o Prometeu Moderno"

Guerreiro | Trailer oficial e sinopse

Dois irmãos que seguiram caminhos diferentes na vida se reencontrarão nesse filme sobre o mundo do MMA. Tommy Riordan (Tom Hardy) é um ex-fuzileiro naval que tenta apagar suas memórias do Iraque e vê no seu retorno à sua cidade e no reencontro com o seu pai (Nick Nolte) a chance de um recomeço. Brendan (Joel Edgerton) é um professor de escola pública que passa por problemas financeiros e precisa sustentar a sua família. Logo eles terão que enfrentar todos os seus medos e limites dentro e fora do octógono. 

Com 8 indicações ao Oscar, Dunkirk volta aos cinemas brasileiros

Dunkirk, filme de guerra dirigido por Christopher Nolan, recebeu oito indicações ao Oscar 2018. Para comemorar, a Warner Bros. Pictures expandiu o circuito de exibição do filme nos cinemas brasileiros. A película fica em cartaz de 1° a 7 de fevereiro, com salas no Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Campinas e Londrina, além de São Paulo, onde já estava em exibição desde a última semana.

Entre as indicações da última obra de Nolan estão as categorias de Melhor Filme e Melhor Direção. Dunkirk já ultrapassou os R$ 14,5 milhões de reais em arrecadação, com um público de mais de 792 mil pessoas em 2017. Além do talento de Nolan, o filme também conta com nomes de peso como Kenneth Branagh, Cillian Murphy e Tom Hardy, bem como do novato Harry Styles, ex-integrante do grupo One Direction. Outro destaque é a trilha sonora angustiante de Hans Zimmer, que dita o ritmo do filme.

Se você ainda não viu o filme, essa é uma ótima oportunidade para conferir a história real de soldados britânicos e aliados cercados por forças inimigas durante a Segunda Guerra Mundial. Encurralados na praia, com o mar em suas costas, eles enfrentam uma situação impossível à medida que o inimigo se aproxima. Vale lembrar que Christopher Nolan utilizou uma combinação de tecnologia IMAX e filme 65mm para conseguir capturar todo o drama dos mais de 300 mil soldados aliados que foram evacuados da praia.

Leia a crítica do filme Dunkirk