Austin Abrams - Café com Filme

Crítica Histórias Assustadoras para Contar no Escuro | Explorando o medo obscuro

Eu juro que não sei qual é a dificuldade de alguns idealizadores na hora de criar um filme de terror, afinal só é preciso uma dose de criatividade para bolar algo com uma dose de novidade e que seja no mínimo assustador. E não é preciso reinventar a roda, até porque nem todas as histórias precisam trazer conceitos nunca antes vistos.

É apostando nessa simplicidade que “Histórias Assustadoras para Contar no Escuro” ganha seu mérito, indo na contramão de vários títulos recentes. Trata-se de um filme com um roteiro relativamente fácil de decifrar, talvez até já bem óbvio para os fãs do gênero, mas que ganha pela ousadia nos rumos da história e também pelo clima de terror bem construído, que aqui se dá através de pequenas histórias.

Os relatos apresentados no filme são de 1968, com a pequena cidade Mill Valley, nos Estados Unidos, como paisagem para o horror atípico. Durante gerações, o legado sombrio da família Bellows cresceu enormemente na região e assombrou o povoado. Segundo reza a lenda, a jovem Sara Bellows aterrorizou a todos com seus segredos e histórias macabras.

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E tudo poderia ser apenas uma lenda, mas os jovens Stella, Auggie e Chuck acabam tendo a infortuna ideia de visitar a casa dos Bellows, agora um lugar abandonado, bem no dia do Halloween. Lá, eles encontrar o livro de Sara Bellows, o que acaba sendo o pesadelo para todos eles. O problema é que este livro torna os mais terríveis pensamentos em monstros reais.

Terror bolado, mas roteiro manjado

Antes do lançamento do filme, eu confesso que imaginei uma trama apresentada mais num formato episódico, com pequenas histórias de terror sem uma conexão. No entanto, há um fio condutor bem interessante no script, que é a leitura do livro e as respectivas maldições transferidas para os protagonistas que foram infelizes de libertar essa maldição.

Sobre as historietas, se você já viu os trailers, é possível que você já tenha uma noção das criaturas do filme. Todavia, se você ainda não viu uma prévia, minha recomendação é não ver absolutamente nada para ter toda a surpresa no cinema. Aliás, é bom ressaltar que essa ideia de fazer contos menores funciona legal, já que os monstros do filme provavelmente não serviriam para um roteiro mais longo mesmo.

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Bom, os contos apresentados no decorrer do filme têm sua dose de ineditismo, que é justamente o que garante uma moral com o público que já conhece todo tipo de lenda do gênero. No entanto, é bom comentar que “Histórias Assustadoras para Contar no Escuro” peca ao amarrar as pontas, com um desfecho pra lá de clichê.

Felizmente, o filme deixa pra mostrar elementos de repeteco somente no fim da história, sendo que boa parte do desenvolvimento é muito bem dividido entre aquele famoso tour pela cidade (algo bem típico em filmes de terror que precisam de um cenário bem atraente), a apresentação dos personagens, que são bem entusiasmados, e a maldição da casa.

Poderia ser mais assustador...

Com essa dinâmica no script, o andamento do filme é bem coerente, o que faz as quase duas horas de projeção passarem bem rápido. Uma coisa que eu gostei muito é que o filme chega com uma vibe bem à la Stranger Things. Não, não se trata de uma cópia ou nem nada do tipo, mas justamente pela ambientação, a época da história e até os personagens divertidos, é bem provável que você consiga se empolgar facilmente com esse longa-metragem.

Aliás, importante mencionar o cuidado na produção com a parte dos efeitos visuais e sonoros, que casam muito bem e são os responsáveis pelo clima de tensão funcionar tão bem. Fique tranquilo que o filme não apela para a famosa técnica de jump scare. Em vez disso, há uma boa dose de terror mais grotesco, o qual funciona muito bem ao colocar os protagonistas bem de cara com o perigo — e aí pelo excesso de monstros, o capricho visual ajuda muito!

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É justo também pontuar a ótima condução do diretor André Øvredal, que se você gosta de terror já deve conhecê-lo de “A Autópsia” — e só por aí já dá pra saber da qualidade do filme. Com cenas que abusam de loopings infinitos nos cenários, ambientes claustrofóbicos e outros truques no escuro, uma direção bem variada é o que garante o sucesso da película. E a direção de arte ajuda muito, ainda mais em cenas que exploram muito uma mesma tonalidade de cor. Top demais!

Talvez, o único “defeito” relevante de “Histórias Assustadoras para Contar no Escuro” é que o clima de terror não é tão intenso, uma vez que os protagonistas são bem jovens e o excesso de bichos grotescos impede algo mais amedrontador. No entanto, é possível que alguns espectadores ainda se sintam amedrontados. É isso, um ótimo filme de terror pra ver no escurinho do cinema!

Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro | Novo trailer legendado e sinopse

Nos Estados Unidos, em 1968 pode-se sentir a mudança no ar. No tranquilo povoado de Mill Valley, durante gerações, o legado sombrio da familia Bellows cresceu enormemente.  Sara Bellows, uma jovem que oculta horríveis segredos, transformou sua tortuosa vida em uma série de histórias macabras escritas em um livro, cuja particularidade é que as mesmas se tornan reais para um grupo de adolescentes que o encontram.

O Quebra-Cabeça | Trailer legendado e sinopse

Agnes (Kelly Macdonald) é uma mãe suburbana na casa dos 40 anos tem todo o seu tempo consumido e dedicado ao cuidado dos homens da sua família. Quando ela descobre o dom de montar quebra-cabeças, seu mundo muda completamente. Com novos horizontes, toda sua família é forçada a se ajustar e mudar junto com ela, que passa a participar de competições de montagem de quebra-cabeças.

O Estado das Coisas | Trailer legendado e sinopse

Riqueza, poder e festas ou o aconchego da vida familiar? Para Brad (Ben Stiller) a vida dos amigos parece muito melhor que a sua. Seja nas redes sociais, na tv ou nas revistas todos parecem estar muito melhor que ele. Ele errou nas escolhas?

Crítica do filme Cidades de Papel | Enredo envolvente, ótimo senso de humor

O público brasileiro se tornou relevante aos escritores best-sellers da Europa e dos Estados Unidos. A boa receptividade dos nossos leitores, principalmente adolescentes, é valorizada por meio de gestos cada vez mais frequentes. Por causa disso, começo chamando a atenção para a passagem de John Green pelo Brasil na semana passada e o fato da estreia de Cidades de Papel acontecer hoje em nosso país, enquanto que nos Estados Unidos ela está marcada apenas para daqui duas semanas.

Com um evento de grande porte que aconteceu quarta-feira passada no Rio de Janeiro, é claro que toda a mídia se movimentou e até o Fantástico dedicou longos minutos dominicais agraciando fãs com uma entrevista meia-boca. Mas se dependesse de toda essa desgastante repercussão, eu teria perdido facilmente a oportunidade de conhecer a experiência surpreendente de uma ótima adaptação.

Enquanto se costuma dizer que o filme jamais alcança a qualidade daquilo que está escrito, Cidades de Papel conta com algumas modificações para o cinema que tornam a obra mais envolvente. E isso não sou só em quem está dizendo: o próprio John Green se diz satisfeito em suas diversas entrevistas, com orgulho do resultado final e sem aquela arrogância que caracteriza gigantes como Alan Moore e Stephen King historicamente.

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O personagem principal da história é Quentin Jacobsen (Nat Wolff), que quando era criança viu Margo Roth Spiegelman (Cara Delevingne) se mudar para o bairro onde morava. Eles cresceram brincando juntos, alimentando grande sentimento no rapaz até que a adolescência chegou e a garota se tornou cada vez mais distante dele.

Quentin tem o perfil pouco descolado, o que explica esse afastamento de sua vizinha que optou por cultivar amizades com grande notoriedade perante os demais colegiais. Entretanto, ele é caracterizado com menos insegurança em comparação com a descrição que consta no livro. Além disso, o que deixa o enredo muito divertido é a relação que mantém com seus dois melhores amigos: Ben (Austin Abrams) e Radar (Justice Smith), ambos responsáveis por diálogos engraçados e piadas constantes.

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Ao descobrir que seu namorado está saindo com outra garota, Margo invade o quarto de Quentin durante a madrugada e o convida para participar de seu plano de vingança. Com o misto de amizade de amor platônico que ele sente, a cumplicidade se estabelece imediatamente mesmo após tantos anos sendo solenemente ignorado pela vizinha. A vingança dura até o amanhecer, tocando o terror por meio de criativas traquinagens na vida de quem a fez sofrer e causando bastante constrangimento no dia seguinte.

Margo opta por não acompanhar os resultados de seu plano perfeito e desaparece sem deixar vestígios. Exceto pelas pistas que parecem propositalmente direcionadas a Quentin, que obviamente vai atrás sem que seus amigos o deixem sozinho. Sua paixão é a motivação que o impulsiona até o local onde ela decidiu viver, mas sem que a trama se converta num daqueles episódios piegas de Malhação e sem que o desfecho seja um clichê final feliz.

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O que mais gostei nesse filme foi o ritmo: ele tem uma história leve e que se desenvolve de modo envolvente. Sem dúvidas o senso de humor é fundamental para falar de amor na adolescência, evitando que o clima fique desnecessariamente meloso.

Aliás, a questão do humor é uma ótima lição para todos nós: as piadas que envolvem questões raciais são muito engraçadas, mas nenhuma delas recorre ao racismo para conquistar o riso. É um jeito bem inteligente e contemporâneo de tratar de idiotices como a bandeira dos estados confederados, que recentemente reacendeu o polêmico debate entre os estadunidenses.

Cidades de Papel | Novo trailer legendado e sinopse

Baseado no best-seller de John Green, Cidades de Papel é uma história sobre amadurecimento, centrada em Quentin e em sua enigmática vizinha, Margo, que gostava tanto de mistérios, que acabou se tornando um. Depois de levá-lo a uma noite de aventuras pela cidade, Margo desaparece, deixando para trás pistas para Quentin decifrar. A busca coloca Quentin e seus amigos em uma jornada eletrizante. Para encontrá-la, Quentin deve entender o verdadeiro significado de amizade – e de amor.