Josh Brolin - Café com Filme

Crítica do filme Vingadores: Ultimato | Um espetacular e glorioso fim

Finalmente o aguardado “Vingadores: Ultimato” chegou às telonas, continuação direta de “Guerra Infinita” e o ápice do popular gênero “filmes baseados em quadrinhos”. As expectativas eram altíssimas, exatamente tudo que um fã dos filmes da Marvel poderia sonhar foi entregue.

São três horas de pura adrenalina bombando no coração sem deixar de lado a solução dos mistérios deixados em aberto, as consequências de tudo que já aconteceu, diversas referências às histórias em quadrinhos e a conclusão dos arcos dos heróis mais queridos da atualidade. O único spoiler necessário é: prepare-se para uma montanha russa de emoções.

Difícil falar que um filme é perfeito, principalmente porque é impossível agradar uma legião de bilhões de fãs, então com certeza "Ultimato" não é livre de defeitos. Porém, essas falhas estão sobre camadas de personagens carismáticos e efeitos visuais grandiosos que viabilizam transcender esses pequenos detalhes em um filme titanicamente épico e imensamente satisfatório.

Como lidar com a perda?

“Ultimato” prometia ser a complexa conclusão histórica da última década em que investimos emocionalmente em super-heróis e entrega exatamente o que prometeu. O filme começa relembrando as consequências do estalo que Thanos deu usando a Manopla do Infinito, em uma sequência que poderia ser apenas mais uma “cena pós-crédito”, mas que dá o tom exato para o longa: mostrar como cada personagem lidou com as perdas e como seguir em frente depois de algo tão avassalador. Metade do universo se foi e cabe aos Vingadores resolver o problema.

Diversas teorias foram formuladas pelos fãs, expectativas altas, trailers que mostram apenas os 20 minutos iniciais, e novamente os irmãos Russo conseguiram provar que nada é tão óbvio quanto parece. O cuidado com a narrativa é uma forma de agradecer aos fãs que passaram os últimos 11 anos acompanhando essa história, além de aproveitar para inserir momentos icônicos dos quadrinhos da forma mais inusitada possível. É extremamente emocionante e as lágrimas vão se mostrar diversas vezes, tanto de alegria quanto de tristeza.

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Assim como “Guerra Infinita” e “Guerra Civil”, “Ultimato” é dirigido por Joe e Anthony Russo, com roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely. A trama é bastante intrincada, tornando-se ainda mais complexa ao decorrer do filme. Raros são os momentos em que é óbvio como a situação será resolvida ou se ao menos será resolvida. A sensação de que tudo pode acabar dando errado é constante, suspendendo a crença de que o filme está ali para concluir com um final feliz, pois talvez nem seja tão feliz assim. Porém, é extremamente impressionante e satisfatório.

Embora o filme inclua muitos personagens “menos relevantes” da Marvel, como Rocket, Homem-Formiga, Máquina de Combate… “Ultimato” foca muito nos Vingadores originais. Além da batalha final contra Thanos, temos Homem de Ferro, Capitão América, Viúva Negra, Thor, Hulk e Gavião Arqueiro em arcos de história pessoais com ricas narrativas, adicionando ainda mais emoção e sentimentalismo para um filme que já seria robusto o suficiente sem isso.

No decorrer do filme, cada um desses personagens passa por uma jornada transformadora, nem todos para melhor. Alguns lidaram bem com os problemas, outros se voltaram para os lados mais sombrios do ser humano, mas após mais de uma década acompanhando esses heróis, é muito gratificante e emocionante ver tudo isso acontecer. Infelizmente não poderei tratar com mais profundidade desse assunto para evitar spoilers, mas basta dizer que vale muito a pena.

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Grande parte desse sucesso deve-se aos atores que encarnaram totalmente seus papéis, e em “Ultimato” eles entregaram a melhor performance de todas. Robert Downey Jr., Chris Evans, Scarlett Johansson, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth e Jeremy Renner brilham sem esforço. Vale mencionar também Karen Gillan como Nebulosa, Josh Brolin como Thanos e Paul Rudd como Homem-Formiga, que dão um show a parte. É de se esperar que nem todos os personagens tenham o tempo de tela merecido, mas basta lembrar que a Marvel tem planos para mais séries e filmes com os personagens que aparecem pouco, então nada aqui é feito sem propósito.

Custe o que custar

Se a ambiciosa narrativa de “Ultimato” é o que torna o filme tão impactante, é também responsável por alguns tropeços. Há momentos em que a trama se resolve de forma muito conveniente ou com poucas explicações em comparação com o resto da história, mas tudo é facilmente relevado. “Ultimato” é claramente focado nos fãs, todas as referências e lembranças dos filmes estão ali pelo simples propósito de recompensar quem adora esse tipo de filme. É fácil elencar os momentos mais emocionantes, as aparições de personagens tão queridos e momentos tão marcantes, mas será muito melhor ver do que apenas saber.

Nada disso seria possível sem a maestria técnica que o longa possui. Foi necessário um malabarismo para contar cinco ou seis histórias simultaneamente sem deixar todo mundo confuso, os irmãos Russo juntamente com os editores precisaram porcionar cada momento para sempre ficar aquele sentimento de tensão no final de cada sequência, para culminar num climax de tirar o fôlego e arrancar lágrimas até mesmo dos espectadores mais frios e calculistas.

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A música de Alan Silvestri é parte do espetáculo, não apenas ampliado o caleidoscópio emocional do público, mas prestando respeitável homenagem a todos os outros compositores dos filmes do Universo Marvel. Os efeitos visuais, de transformações físicas até recriações digitais, são incríveis e servem para enaltecer ainda mais a narrativa e a experiência de Ultimato como um todo.

Avante Vingadores!

Após 11 anos e 21 filmes, “Vingadores: Ultimato” é muito mais que apenas um filme. É uma experiência pessoal. Funciona como um filme individual, mas com certeza é o ápice de uma construção cinematográfica colossal, a peça final de um quebra cabeça gigantesco em que todos nós colocamos uma peça.

A tradicional cena pós-crédito não foi incluída, marcando assim um futuro misterioso (se desconsiderarmos o calendário de produções da Marvel), mas pela constante evolução das histórias, as dicas deixadas no filme e o inevitável sentimento de "quero mais", podemos esperar produções diversificadas e cada vez melhores.

Desnecessário dizer que assistir um filme desse porte no cinema é mais do que aconselhável, é praticamente obrigatório. Esse é o final da Fase 3 da Marvel  (ou talvez seja “Homem-Aranha Longe de Casa?”), que agora possui o direito dos personagens da Fox, então patamares ainda maiores nos esperam no futuro desse incrível universo, e estaremos lá!

Vingadores: Ultimato | Novo trailer legendado e sinopse

Quarto filme da franquia Os Vingadores, na 3ª Fase do Universo Cinematográfico da Marvel. Culminando a jornada de 21 filmes interconectados, Vingadores: Ultimato mostra o fim da luta dos heróis contra Thanos, o titã louco. Após utilizar a manopla do infinito, Thanos dizimou metade dos seres vivos do universo, agora, ainda sofrendo com a perda os Vingadores devem se recompor e criar um plano para derrotar e o vilão e desfazer todo o caos.

Era Uma Vez um Deadpool | Trailer legendado e sinopse

Era Uma Vez um Deadpool é uma releitura mais amena de Deadpool 2. Como em um belo conto fantasioso de Natal, o mercenário falastrão vai ler a sua história para os jovenzinhos que não puderam conferir toda a sanguinolência e linguagem chula da versão original.

"A Fox pediu uma versão leve de Deadpool, basicamente, desde o começo de 2006", disse Ryan Reynolds ao Deadline.com. "E eu disse 'NÃO' desde 2006. Agora, essa única vez, eu disse 'SIM' com duas condições. Primeiro, uma parte dos lucros tinha que ir para a caridade. Segundo, eu queria sequestrar Fred Savage. A segunda condição demandou algumas explicações..."

 Fred Savage se juntará a Reynolds em "Era Uma Vez Um Deadpool" em uma homenagem ao papel principal de Savage no clássico "A Princesa Prometida", de 1987. Fred explicou: "enquanto a minha participação neste filme foi tudo, menos voluntária, estou feliz em saber que alguma entidade séria será a beneficiária desse dinheiro sem vergonha".

Crítica do filme A Casa que Jack construiu | A arte nos alicerces da loucura

Quem já viu ao menos um filme de Lars von Trier sabe que o cara não faz filme para as massas – e não estou falando num sentido pejorativo, mas é fato que seus roteiros são pouco digeríveis e muita gente só consegue sentir repulsa a suas analogias.

Suas abordagens de temas chocantes são pra lá de polêmicas e, ao menos a meu ver, ele tem fases um tanto distintas. Eu já vi o lado dele mais voltado à natureza humana, bem como já pude ver sua percepção de insignificância do ser perante o universo.

Agora, em sua mais recente adaptação, von Trier parece querer explorar o lado mais obscuro da mente humana, numa viagem pela lógica – se é que esse termo se aplica em alguma coisa do cineasta – de um serial killer.

Afinal, o que motiva alguém a matar outrem? O que leva alguém a matar repetidas vezes, de forma até compulsiva, tantas pessoas pelo simples prazer de ver a vida se esvair? Há tantos impulsos, variáveis, emoções e pensamentos que se disfarçam de motivações, mas será que há uma justificava final?

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Esta é uma das raízes para tantos filmes sobre assassinos em série: explicar o inexplicável. É claro que cada roteirista tem uma determinada inclinação para uma abordagem, que dificilmente vai conseguir chegar a algum lugar, mas alguma conclusão sempre pode ser tirada – até mesmo da mais confusa das obras.

Lars von Trier, como de praxe, resolve seguir uma vertente mais ousada, mostrando toda a violência possível de alguém que mata por prazer, mas sem deixar de mostrar que, apesar de quase inexplicável, pode haver um tom de coerência e até de arte por trás de tamanha brutalidade.

Em “A Casa que Jack construiu”, acompanhamos a jornada de Jack (Matt Dillon), que nos conta suas peripécias ao longo de doze anos, período em que refinou suas habilidades em uma série de assassinatos. Felizmente, desta vez, o cineasta conseguiu resumir a história em pouco menos de três horas, mas há boas motivações.

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Só para adiantar, é um filme brutal em sua essência, que visa retratar apenas o lado do assassino, então não espere nada menos do que uma pegada desumana e visceral. Na sala em que eu estava, um idoso saiu logo após uma hora de filme e chamou todos os espectadores de “perturbados”. Engraçado porque é verdade.

Bom, mas vamos ao que interessa. Abaixo, vou comentar um pouco sobre minha perspectiva desta obra de Lars von Trier. Por se tratar de um filme um bocado complexo, é inevitável fazer um texto mais elaborado sem entrar em detalhes. Então, esteja avisado: esta crítica contém spoilers.

Filme, documentário ou debate?

Via de regra, filmes como “Zodíaco”, “Seven” ou “O Silêncio dos Inocentes” seguem uma linha bastante clara dentro de um cenário fictício. Vez ou outra, alguns roteiros usam de recursos com diálogos em segundo plano para facilitar a linha de raciocínio, mas esta não é uma regra para os títulos de suspense pautados em serial killers.

Nesse sentido, até determinada parte, von Trier segue a cartilha, com uma história até linear e uma conversa de fundo, que pode ser entre o protagonista e um psicólogo, por exemplo. Todavia, o papo secundário aqui parece ser um recurso conveniente para dar mais sustento a uma outra linha de raciocínio, já que somente a história principal seria violência gratuita sem motivo – não que a adição de uma conversa mude isso.

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É claro que os desavisados já podem estranhar um bocado o filme após o primeiro capítulo, já que tão logo possível, o diretor nos presenteia com cenas ilustrativas para embasar as falas do personagem. Isso vai desde cenas de tigres na selva até um pianista tocando com maestria. Qual o sentido? Às vezes, nenhum. Mas é a arte...

E eis aqui o ponto que quero chegar, essa discussão de arte insistente no filme é algo que talvez faça algum sentido na cabeça do protagonista – e por que não de outros tantos psicopatas que fizeram atrocidades ao longo da história da humanidade? A destruição, a morte e a violência dificilmente são associadas à arte, mas eis o trunfo do filme, que tenta sugerir o bizarro e inconcebível para muitos espectadores.

O mais interessante é que não é de todo tosca a linha de lógica do assassino, uma vez que ele consegue formular boas justificativas para suas ações, mesmo que isso seja completamente contra a moral e a civilidade. Logo, somos presos em sua mente e queremos saber qual será seu próximo passo e onde ele quer chegar – e mais, o que tudo isso pode ter a ver com a casa dele.

Um ponto válido a ser apontado é que o diretor dinamarquês quebra a máxima de sua estranheza inerente ao balancear esse debate entre a ficção e a arte. Além disso, a meu ver, ele parece querer se justificar com esta obra, já que as questões apresentadas por Jack também são pertinentes para outros artistas.

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Enquanto tantas pessoas questionam os limites da arte e criticam fortemente os títulos de von Trier, ele mesmo resolve se justificar e propor que, às vezes, é preciso um bocado de estranheza, violência desmedida, assuntos inconvenientes e uma linguagem ousada para criar algo único e memorável.

No fim, esta parece ser a mensagem, a arte deve perpetuar, custe o que custar. Se isto é certo? Provavelmente não. Se alguém concorda? Também não. Mas oras, não assistimos aos filmes porque compactuamos com um ponto de vista, mas porque queremos fazer parte deste debate e opinar sobre a arte alheia.

Violência do jeito que a gente gosta

Bom, apesar de todo esse debate de arte, uma coisa que eu devo enaltecer aqui foi a capacidade de Lars von Trier de sair de sua zona de conforto (e desconforto para os demais) para entrar em uma linha mais direta e inteligível. É bom sim que “A Casa que Jack construiu” seja em seu cerne um filme de serial killer, pois podemos ver outras capacidades do diretor.

Ainda que dividido em alguns capítulos para criar esse debate, o roteiro é centrado nas histórias de Jack, de modo que podemos acompanhar com clareza de detalhes toda sua psicopatia e nos deleitar com um banho de sangue, pautado em uma brutalidade, às vezes, até descomunal. Não, as mortes apresentadas não ficam só no básico, afinal esta é a melhor assinatura do diretor. E daí a polêmica, claro.

Felizmente, temos um ator incrivelmente persuasivo no papel principal. Matt Dillon se consagra aqui, dando uma aula de encenação e loucura como vimos poucas vezes. Enquanto alguns psicopatas tendem a se esconder nos filmes, Jack domina toda a película, já que a perspectiva do roteiro é completamente avessa ao comum. E aí é que entra a necessidade de alguém muito talentoso e dedicado.

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Particularmente, eu vejo Dillon aqui num misto entre a loucura e o charme. A forma como Matt Dillon expressa cada frase e a força com que ele domina as cenas, bem como suas vítimas, é algo para aplaudir em pé.

Não sei porquê, mas ele me pareceu um ator que consegue balancear as caretas insanas de Jim Carrey e a postura pomposa de Josh Brolin. Faz sentido? Talvez não, mas só achei válido comentar que algumas cenas ele me lembra um ou outro, talvez eles tenham feito a mesma escola de artes cênicas.

Obviamente, para a mágica acontecer do jeito que a gente gosta, há toda uma produção consistente, com situações propícias e coadjuvantes colaborativos – incluindo uma participação especial de Uma Thurman. A edição do filme também ajuda consideravelmente, uma vez que há cenas um bocado difíceis que precisam de realismo e o timing perfeito para nos convencer de que tudo é real.

E falando em apreciar um bom filme de violência, eis aqui um ponto interessante de “A Casa que Jack construiu”: uma obra talvez quase desnecessária (se julgarmos que não há um vilão e um bandido), mas que nos chama a atenção pelo teor exagerado de brutalidade. E por que gostamos de filmes assim? Eu não sei, talvez seja a sensação de impotência, pânico ou angústia, mas algo muito forte prende nossa atenção.

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Nesta obra em específico, o cineasta nos dá boas razões porque gostamos de ver tal tipo de arte, sendo que uma delas é a possibilidade de apreciar a incrível burrice humana. Outro motivo é a nossa admiração pelos mistérios da mente, que aqui se acentuam num nível extraordinário. Enfim, há várias lições e argumentações muito válidas neste longa-metragem, que merecem nossa atenção.

Muita gente não vai ver graça ou qualquer razão para ver este filme, porém eu acho que os aficionados por serial killers e os fãs do diretor vão encontrar aqui um prato cheio de sanguinolência para degustar com calma. Há muitas cenas e ideias geniais, que você certamente vai precisar curtir no cinema para aproveitar toda a maestria de Lars von Trier.

Minha Primeira Caçada | Trailer legendado e sinopse

O famoso caçador Buck Ferguson (Josh Brolin) tem planos para um episódio especial de seu programa: um fim de semana de aventuras ao lado do filho Jaden (Montana Jordan). Com seu cinegrafista e amigo Don (Danny McBride) a tiracolo, Buck embarca em uma jornada épica de reconexão entre pai e filho na natureza selvagem.

Crítica do filme Deadpool 2 | Um filme família

Se "Deadpool" é definitivamente um filme romântico perfeito para o dia dos namorados, "Deadpool 2" vai além. Agora é um filme para (e sobre) a família, repleto de violência pesada, diversos palavrões e nudez, mas como a classificação indicativa é 18 anos, não há com os pais não precisam se preocupar muito.

Mas acredite, os roteiristas, o diretor e todos os envolvidos na produção se esforçaram muito para entregar o que prometeram, ainda que da forma totalmente deturpada que esperamos de um filme do Deadpool. Ryan Reynolds retorna para o papel perfeito de sua vida, onde Wade Wilson é um mercenário com um incrível poder de regeneração que permite a recuperação de qualquer ferida física.

Então quando tenta viver feliz para sempre com seu amor Vanessa (Morena Baccarin) e tudo da terrivelmente errado, ele vai até a Escola para Jovens Superdotados do Professor Xavier, lar dos X-Men, tentar aprender a fazer parte de algo maior, ou uma família. Em sua primeira missão como estagiário X-Men, ele encontra o jovem Russel (Julian Dennison), um garoto perdido em raiva descontrolada com o poder mutante de gerar fogo pelas mãos.

Como se não tivesse problemas suficientes, Cable (Josh Brolin) vem do futuro para matar Russel, e Deadpool usa todo seu instinto familiar para proteger o garoto, contando com a ajuda do recém-formado grupo X-Force. Os membros dessa equipe são Zeitgeist (interpretado por Bill Skarsgård, o palhaço de IT), capaz de vomitar ácido; Bedlam (Terry Crews), capaz de gerar um poderoso campo bioelétrico; Shatterstar (Lewis Tan), uma espécie de alienígena capaz de fazer tudo que Deadpool consegue, só que melhor.

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Os trailers e imagens de divulgação mostravam um paraquedas vazio, e o misterioso personagem é Vanisher (ou Sumiço), interpretado por um ator reconhecidamente talentoso e bonito, responsável por um dos momentos mais engraçados do filme. Temos ainda a incrível Domino (Zazie Beetz), cujo poder é manipular as probabilidades gerando um campo de “muita sorte”. Ela rouba os holofotes em todas as cenas em que aparece, sendo uma escolha acertada tanto pelo talento da atriz quanto do uso criativo de seu poder nas telas. O mesmo vale para Cable, sem dúvida os dois servem como uma injeção de adrenalina que um filme de ação como esse precisa.

Além deles, Peter (Rob Delaney), um humano comum com um bigodão chamativo, aparece para integrar o time e acaba conquistando a afeição de Deadpool, mais uma adição bem inusitada e engraçada. Os personagens do filme anterior também retornam, Colossus (Stefan Kapicic), Míssil Adolescente Megassônico (Brianna Hildebrand), Al Cega (Leslie Uggams), Weasel (T.J. Miller) e o taxista Dopinder (Karan Soni).

O diretor Tim Miller foi substituído por David Leitch (de "Atômica" e "John Wick"), enquanto os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick continuam escrevendo, buscando ampliar o sucesso do primeiro filme. Isso posto, é fácil reconhecer que diversas situações e piadas foram “recicladas”, mas como o próprio filme nunca se propôs a ser sério, não podemos cobrar muito. A autodepreciação está bastante presente, com Deadpool gritando “que roteiro preguiçoso” diversas vezes.

A quebra da quarta parede como estrutura narrativa

Já ficou claro que o maior poder de Deadpool não é a regeneração acelerada, mas sim a metalinguagem presente na famigerada “quebra da quarta parede”. Não se sabe muito bem como esse termo surgiu, mas é originado nas peças teatrais medievais, referindo-se a uma parede imaginária que separa o público dos atores no palco.

Essa “parede” nunca existiu em Deadpool, pois o contato com o público é constante desde sua primeira aparição. A utilização da metalinguagem é a fonte principal das piadas, diversas zoações com outros heróis tanto da Marvel quanto da DC são recorrentes, focando totalmente nos fãs do gênero “super-herói”.

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Apesar dos diversos acertos, algumas piadas são extremamente datadas. Além disso, Deadpool anuncia a piada momentos antes de acontecer, o que acaba soando como uma piada repetida. Um bom exemplo é quando ele pergunta para Cable se dubstep ainda é moda no futuro, segundos antes da trilha tocar um dubstep durante a ação. A mesma situação é repetida mais adiante no filme, além de piadas literalmente repetidas do primeiro filme.Claro que é tudo engraçado, mas não é hilário como da primeira vez.

Em nenhum momento o filme tenta ser mais do que puro entretenimento. É despretensioso, pesando nas piadas e na metalinguagem com o único objetivo de divertir.

Os efeitos do primeiro filme foram suficientes, considerando o baixo orçamento da produção. Em “Deadpool 2”, os efeitos melhoraram mas ainda estão longe de serem perfeitos. Colossus ainda é completamente animado em computação gráfica, claramente um bonecão, mas a gente se acostuma e deixa passar. Ele participa de uma luta intensa com um vilão surpresa, que apesar de bastante fantasioso, faz bastante juz ao personagem.

A trilha sonora foi muito bem trabalhada, o compositor Tyler Bates fugiu da tradicional trilha padrão para heróis e adicionou músicas com letras adaptadas e referências a musicais. Sem contar a maravilhosa canção Ashes, interpretada pela diva canadense Celine Dion. Para quem espera algo bagunçado e tosco, as surpresas são bastante positivas.

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A mesma reclamação não pode ser feita a respeito das cenas de ação. David Leitch sabe conduzir lutas coreografadas muito bem, basta assistir seus outros filmes. Um dos pontos altos do filme é a sequência de perseguição no meio do filme, seguido de combates intensos, a maioria com a participação de Cable.

Deadpool 2” é uma versão melhorada de seu antecessor, tanto na ação, nas piadas e principalmente na violência gratuita e extrema. O filme até tenta ir além, com momentos mais “sérios”, mas acho que o estilo do personagem não suporta esse tipo de coisa por tempo suficiente para o público se importar.

O quanto você gosta de filmes de heróis, e principalmente os que não se levam tão a sério (DC, estamos falando de você) vai ditar o quanto “Deadpool 2” vai te agradar. Os fãs do primeiro filme não terão do que reclamar, mas para quem caiu de paraquedas no cinema e estava passando só esse filme, talvez a escolha não tenha sido a mais acertada.

A tradicional cena pós crédito já vale o ingresso, totalmente autorreferencial e autodepreciativa, exatamente a essência do que Deadpool sempre foi.