Vera Farmiga - Café com Filme

Crítica do filme Annabelle 3: De Volta Para Casa | Bem-vindo ao Túnel do Terror

Parece que foi ontem que vimos “A Freira” nos cinemas, mas já faz quase um ano que tivemos essa ingrata surpresa no universo de “Invocação do Mal” — e isso sem contar “A Maldição da Chorona”, que decepcionou de forma brutal neste ano. Felizmente, para os fãs da saga, e infelizmente, para os acompanhantes que odeiam esses filmes demoníacos, a Warner Bros. traz agora mais um capítulo da franquia para os cinemas brasileiros.

O terceiro capítulo do spin-off “Annabelle” vem para dar mais substância à boneca satânica e também a este universo de terror como um todo. Todavia, até o momento, os idealizadores das filmes — principalmente o Mago do terror, James Wan — não têm feito questão de ligar as pontas entre as obras, algo que parece ser uma tática para garantir que as pessoas vejam os títulos de forma independente.

O fio condutor da saga é o casal Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga), que, para quem não sabe, são investigadores paranormais (ou demonologistas) do mundo real. Esse pingo de veracidade é talvez o principal chamariz da franquia, sendo algo que deve deixar a galera mais curiosa para ver “Annabelle 3: De Volta Para Casa”, que tem potencial para explorar novas maldições.

A gente já sabia que os protagonistas da série haviam trancado Annabelle na sala de artefatos para evitar mais danos. O filme recapitula tal informação (e traz novidades) já nos primeiros minutos, mas logo a história vai por um caminho bem distinto. O enredo gira em torno da filha dos Warren, Judy (Mckenna Grace), que tem seu aniversário amaldiçoada quando a boneca é liberta, o que desperta outros espíritos aprisionados na sala.

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Com uma pegada mais teen e até pitadas de comédia, o filme arrisca pisar em novos solos. A ideia é sustentada principalmente pelas protagonistas joviais, que incluem tanto a pequena Judy, de apenas 10 anos, quanto suas babás, Mary Ellen (Madison Iseman) e Daniela (Katie Sarife). Já adianto que, apesar de não ser o mais assustador da série, o novo filme da Annabelle ficou deveras convincente e deve ser uma ótima pedida para os fãs do terror em geral.

Boneca com crise de identidade

A história de “Annabelle 3: De Volta Para Casa” tem um desenvolvimento mais raso, principalmente por não ir além do cenário já conhecido da Casa dos Warren, mas também por apostar em personagens que, além de não serem cativantes, tentam dar um tom cômico para uma série que deveria ser puro terror. Existe certa relevância nessa aposta, contudo o público cativo da saga pode estranhar — e com razão.

Além dessa mudança de tom, o filme também peca por não ter um foco. Em partes, é compreensível a tática de Gary Dauberman e James Wan para expandir o universo para as próximas etapas, mas isso deixa esse episódio mais superficial do que os anteriores. É uma artimanha que deixa o filme menos assustador? Não, porém um roteiro com mais substância tem o poder de fazer a história fluir melhor, uma vez que aqui temos um rodeio em poucos fatos.

Para não ser injusto, é válido ressaltar que a simplicidade do enredo vem a calhar para o desenvolvimento do ambiente e para matar a curiosidade da galera que queria conhecer as maldições na salinha secreta dos Warren. É uma representação real? Oras, assim como a própria Annabelle tem sua versão para o cinema, você pode ter certeza que várias relíquias do filme são enfeitadas para a telona.

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De qualquer forma, mesmo com um bocado de invenção, não dá para negar que os gênios por trás da história de “Annabelle 3: De Volta Para Casa” souberam explorar bem esses tantos objetos amaldiçoados. Por conta dessa abordagem, você deve estar ciente de dois aspectos: este não é um filme exclusivo da boneca, o que desvia um pouco do foco, mas ele é um filme que consegue surpreender de várias formas, então acaba sendo inovador.

Então, apesar dessa crise de identidade e certa enrolação no enredo, o filme ganha a gente pelos tantos personagens que aparecem na telona. Se a própria Annabelle não dá medo mais em algumas pessoas, é possível que os demais personagens desse “Túnel do Terror” possam surpreender de alguma forma. Também é importante ressaltar que tal passo era necessário para permitir a expansão do universo de sustos da Warner, então ponto pra produção!

Terror nos mínimos detalhes

Bom, tirando essa questão do enredo embananado, o novo capítulo de Annabelle se destaca em dois aspectos: atuações muito boas e um capricho incrível na produção. Sobre o elenco, é importante frisar que as atrizes que tomam as rédeas do script não devem ser culpadas pela história rasa, uma vez que elas desempenham seus papéis de forma surpreendente.

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Já é comum na franquia a presença de mulheres em papéis principais, mas tal escolha faz ainda mais sentido nesse título, principalmente por dar vez para uma personagem (a filha dos Warren), que pode dar sequência à série num futuro próximo. As jovens Madison Iseman e Katie Sarife cumprem bem seus papéis, mas eu acho que é Mckenna Grace que se destaca ao encarar o terror ainda mais de perto.

Todavia, mesmo com boas atrizes, as personagens superficiais não convencem. Assim, os fãs da série devem pirar muito mais ao rever o casal Warren no começo do filme. Por serem a alma deste universo, eles deixam a gente cheios de esperança (até por serem atores ainda mais experientes), mas é claro que não faria sentido manter eles como protagonistas numa história de apresentação das relíquias.

Os aspectos que mais impressionam em “Annabelle 3: De Volta Para Casa” são o visual e o tratamento sonoro. Primeiro, temos uma composição de cenas impecável, algo já perceptível na sequência na névoa. Depois, todo o ambiente assustador da casa mostra o esmero do time, que precisou trabalhar nos detalhes para manter o medo escondido no escuro, algo possível graças à precisão na parte da iluminação.

Merece destaque também os efeitos visuais e a maquiagem, algo fundamental para evitar que criaturas demoníacas pareçam pessoas pintadas para cosplay (deslizes que podem estragar um filme). Felizmente, a ação precisa nos efeitos visuais para criar tais  seres — que se deslocam nas sombras, interferem nos eletrônicos e tomam formas inimagináveis — foi muito bem-sucedida!

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Ainda que não sejam conjuntas na produção, imagem e som são casados na exibição, ainda mais num filme de terror, que depende quase que exclusivamente disso para manter o clima de tensão ou para surpreender. Novamente, a equipe da Atomic Monster se mostra ímpar, ao trabalhar nas faixas de áudio para manter o público sempre alerta. E, uma ótima coisa, é que o filme não abusa dos jump scares.

Enfim, uma história mais envolvente poderia deixar o enredo mais crível, mas a produção consegue convencer pelo visual e deve dar espaço para o futuro da franquia. Como fã deste universo, eu acho que “Annabelle 3” não é o mais assustador da série (nem mesmo dentro dos spin-off), mas ele tem seus méritos e deve sim ser uma ótima pedida pra galera que adora filmes de susto.

Skin - À Flor da Pele | Trailer oficial e sinopse

Bryon Widner (Jamie Bell) é um jovem homem que foi criado por skinheads notórios na comunidade de supremacia branca. Decidido em mudar sua vida, ele vira as costas para todo o ódio e a violência que foi ensinado, com a ajuda de um ativista de direitos negros.

Critica do filme Godzilla II: Rei dos Monstros | Daikaiju Battle Royale!

Pode ser difícil de acreditar, mas Godzilla II: Rei dos Monstros é sobre monstros gigantes lutando contra o icônico kaiju nipônico. Digo isso para não decepcionar os desavisados que buscam nesse filme um thriller político ou quem sabe um drama familiar; algo que, por mais insólito que pareça, já foi abordado em edições anteriores da franquia Godzilla.

Desta vez o foco é outro e é bem claro: pancadaria colossal. Seguindo os ganchos das produções anteriores do MonsterVerse (o universo expandido de monstros gigantes), mais precisamente Godzilla (2014) e Kong: Ilha da Caveira (2017), o filme não perde tempo com o fator humano da história e mira exclusivamente nos gigantes que quebram o pau e algumas cidades do início ao fim.

Michael Dougherty parece entender um pouco melhor a dinâmica de Godzilla, apesar de carecer do refinamento técnico para fazer tudo funcionar. Os protagonistas de Godzilla II: Rei dos Monstros são os Titãs (como são chamadas às criaturas gigantes) e justamente por isso o filme se sustenta mesmo sem uma história sólida. Apesar das várias limitações, o filme entrega exatamente o que os fãs querem, monstros gigantes caindo na porrada.

Rei morto, rei posto

A parada começa quente conforme retornamos para São Francisco de 2014 quando o lagartão radioativo emergiu dos abissais oceânicos para “salvar” a humanidade de dois Muto (Massive Unidentified Terrestrial Organism). No meio do caos deixado pelo embate entre Godzilla e as criaturas, está à família da paleobióloga Emma Russell e do antrozoólogo Mark Russell, e sua filha Madison, conforme descobrem que seu outro filho morreu no meio da destruição.

Anos se passam e descobrimos que Emma trabalha para a organização da cripto-zoólogica Monarch, a mesma dos filmes anteriores, que rastreia e estuda os Titãs. Ela e sua filha estão acompanhando o despertar de uma larva gigante apelidada de Mothra e graças a um dispositivo criado por Emma — capaz de emitir freqüências bioacusticas — ela consegue acalmar a criatura. Mas antes mesmo de a equipe de cientistas poder comemorar o sucesso do aparelho, uma organização de eco-terroristas — liderados por Alan Jonah — invade a instalação seqüestrando Emma e Madison, além de levar a “Orca”, nome dado ao aparelho que controla os Titãs.

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Em uma corrida para descobrir os planos de Jonah, os veteranos da Monarch, o Dr. Ishiro Serizawa e Vivienne Graham, vão atrás Mark para rastrear sua ex-mulher e filha, além de encontrar a Orca. Em tempo o grupo descobre que o eco-terrorista planeja libertar o maior Titã já encontrado, o Monstro Zero, também conhecido como Ghidorah.

A trama, que até guarda alguns elementos interessantes, é extremamente mal explorada e na verdade não tem propósito algum. O drama familiar é raso e o meta-enredo do MonsterVerse tem mais destaque em pequenos recortes ao longo dos créditos finais do que durante todo o filme, entretanto, tudo isso não faz diferença alguma.

Mesmo com um roteiro fraco o filme se apóia em quatro pilares muito sólidos, Godzilla, Ghidorah, Mothra e Rodan. As quatro criaturas dominam o filme e cada urro colossal vale mais do que mil linhas de diálogo expositivo que tentam explicar o funcionamento zoológico dos monstros.

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Digo isso sem qualquer demérito ao elenco, que traz alguns ótimos nomes como Vera Farmiga, Ken Watanabe e Millie Bobby Brown, além da participação de Charles Dance. Salvo por alguns raros momentos, com destaque especial para Farmiga e Watanabe, os atores não tem espaço (ou material) para trabalharem seus personagens.

O mesmo pode ser dito dos quesitos técnicos, apesar de contar com efeitos especiais exuberantes, e combates sensacionais, o estilo de Michael Dougherty nunca explora todo o potencial das criaturas. Com uma fotografia muito escura, e uma câmera muita agitada, os gigantes não tem toda a sua glória representada na tela.

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Godzilla II: Rei dos Monstros acerta ao apostar nos monstros em vez de dar muito espaço aos elementos humanos da história. Entretanto, falta muita substância para o filme e para a franquia como um todo. Kong: Ilha da Caveira parece ter acertado mais, no entanto com o universo de criaturas crescendo a cada filme será necessário encontrar um equilíbrio maior entre a pancadaria titânica e a história por trás de tudo isso.

Godzilla II é um divertido aquecimento para o tão aguardado embate entre o lagarto radioativo e o gorila colossal

Por melhor que seja ver Godzilla disparar rajadas de energia contra um dragão de três cabeças seria ainda mais interessante se o restante das duas horas de filme tivessem algum conteúdo. Como a próxima iteração do MonsterVerse já está agendada para 2020, com o aguardado duelo entro Godzilla e King Kong, resta saber se a série está guardando o melhor para o final.

Annabelle 3: De Volta Para Casa | Novo trailer legendado e sinopse

Determinados a evitar que Annabelle cause mais estragos, os demonologistas Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga) trazem a boneca possuída para a sala de artefatos em sua casa, colocando a boneca atrás do vidro sagrado e alistando a santa bênção do padre. Mas uma noite profana de horror aguarda Annabelle, quando o brinquedo maligno desperta os outros espíritos aprisionados na sala. Agora, todos tem um novo alvo, a filha de 10 anos de Warren, Judy (Mckenna Grace), e suas babás (Madison Iseman e Katie Sarife).

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