Crítica do filme 300: A Ascensão de um Império

Cabeças vão rolar

por
Gustavo Loeff Zardo

15 de Março de 2014
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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“Nos campos, os corpos queimando, enquanto a máquina de guerra continua girando”. Quem escreveu essa frase foi nada mais e nada menos que o terror dos morcegos, Ozzy Osbourne. War Pigs, é o nome da canção, que leva a frase a cima, embalada pelos afiados e cortantes riffs da guitarra de Tony Lommi, o que torna a música ainda mais sombria. A canção fala dos donos do poder que instigam guerras absurdas, banhando de sangue os campos de batalha. No fim, entretanto, os tais porcos da guerra (War Pigs) acabam recebendo o castigo merecido.

Além da obvia relação da história da letra com a guerra retratada no filme "300: A Ascensão de um Império", o que me fez escrever sobre essa música, é o fato de, no primeiro contato que tive com o filme, num trailer que vi num intervalo comercial da TV, essa canção começou imediatamente com a imagem de corpos sendo dilacerados e cabeças decapitadas, na característica câmera lenta do primeiro filme.

O trailer me arrepiou imediatamente! E no mesmo instante que meu pelo da nuca se levantou, eu saí correndo do sofá e fui direto pro cinema pra conferir de perto, e ter uma sensação prolongada daquilo que senti vendo os 3 minutos do vídeo promocional.

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A adaptação de uma história inacabada

Deus sabe o quanto sou apaixonado por quadrinhos, sangue, rock pesado e muito exagero! Se for contar esses elementos separados, todos são apresentados com muita perícia e de uma maneira extremamente elegante, o que é bom. Porém, um filme é constituído da união de vários elementos separados, e um filme sublime se faz com a junção perfeita de cada um desses componentes conjugados no segundo exato. E é nesse ponto que o filme peca.

O longa tomou por ponto de partida o quadrinho de Frank Miller, “Xerxes”. Só que Miller simplesmente não terminou a história do Deus-rei de três metros de altura e deixou o estúdio na mão. O resultado ganha forma nesse roteiro, obviamente modificado, escrito pelo diretor do primeiro “300”, Zack Snyder.

Ou seja, o filme deveria contar a história de Xerxes (Rodrigo Santoro), porém a tal biografia do Deus-rei vira praticamente uma “nota de rodapé” no filme, e as atenções se concentram em uma guerra que se resume ao duelo de Temístocles (Sullivan Stapleton) e Artemísia (Eva Green).

Onde isso nos leva?

Nessa segunda história, as terras de Termópilas, cenário onde se passa o primeiro filme, dão lugar às águas do estreito que separa Salamina da África, onde as frotas navais dos gregos, liderados pelo belo Temístocles, enfrentam as naus dos persas, sob o comando da encantadora, mas mortal, Artemísia.

Apesar de o elemento que desenrola a história ser muito semelhante ao do título que deu origem à série (um herói que luta com estratégias geniais e perspicácia contra o império bélico do mal, numa sucessão de atos grandiosos que vão alimentando a sequência da trama), o roteiro aqui é, no mínimo, mais cuidadoso que o seu antecessor.

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Assim como Leônidas é a personificação de Esparta, Temístocles é a de Atenas. Este representa um General que luta pela liberdade de todas as cidades do estado, um uma busca implacável pela unificação da Grécia e, bem como o rei espartano, diante de sua arrogância e cegueira pelo poder acaba desenvolvendo um ódio mortal por Artemísia conforme as batalhas se desenrolam.

Eva Green faz uma personagem clichê de vilãs de filmes de ação: ela é bonita, inteligente e violenta e seu ódio se explica pelo que sofreu na infância (mas com uma interpretação impecável). A batalha entre a liberdade (Grécia) e a vingança (Persa) está travada.

O desenrolar da história acontece paralelamente com a do filme original, e para esclarecer e conectar os pontos entre as duas, cenas de “explicação” acontecem periodicamente, sempre com um eixo que está presente nos dois filmes, que é a esposa de Leônidas, a Rainha Gorgo (Lena Headey) falando monólogos para dar continuidade e sentido à história.

Verde e amarelo num cenário preto e branco

Sinceramente, o que deu um pouco de cor ao filme foi Rodrigo Santoro. O ator brasileiro que interpretou Xerxes, o Deus-rei persa, foi um dos únicos com diferentes expressões no rosto e com um inglês com mais variações de intenção do que os atores que tem essa como a língua materna. Infelizmente Santoro é pouco aproveitado no filme. E aparece pouco. Pouquíssimo.

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Ascensão de que mesmo?

"300: A Ascensão de um Império" não trata de Xerxes, não trata do império persa e nem nada que faça referência a qualquer ascensão. A história é sobre o embate entre dois generais em lados opostos de uma guerra, cenas de combate digital empolgantes, sangue, membros e cabeças cortadas fora e Eva Green, que realmente compõe uma personagem capaz de encantar com sua beleza e suas espadas bem afiadas.

Se o filme vale a pena? Claro que vale... São coisas de Hollywood. Coisas bem-feitas recheadas de efeitos especiais, imagens bonitas, trilha sonora impactante, tudo o que não exige que você pense muito. Mas recomendo que vá em um dia que o ingresso do cinema esteja em promoção.

Fonte das imagens: Divulgação/
Gustavo Loeff Zardo

Meu sonho é ter barba.